Quando comparo Piloto e Passageiros.
Quando comparo pilotos a passageiros, costumo dizer que, por mais que voe, o passageiro sempre vai ser eventual. O piloto sempre será constante.
Como o passageiro eventual embarca no voo de Sampa a Natal?
A pessoa credenciada pela empresa faz o check in. Significa que vai identificar aquele cidadão que nunca viu na vida pra saber que aquela pessoa é ela mesma.
O passageiro eventual recebe uma tira de papel com um QR Code que vai apresentar para uma pessoa que vai fazer a leitura e permitir sua passagem para a área restrita do aeroporto e embarcar no voo.
Temos que ter cuidado extremo com pessoas que nunca vimos na vida, né?
Mas ainda pode ser muito mais simples! O passageiro eventual não quer passar pelo balcão? Beleza. Faça o check in em casa e bom voo!
E qto ao piloto constante?
– Vai pra onde, comandante? Opa! Vc não é passageiro! Aqui não tem moleza! Quero ver sua carteira de motorista, e seu QR. Putz! Deu pau aqui! Me mostra aquela folha de sulfite amarrotada com seus dados, senão não entra!
A ANAC, baseada nas recomendações da ICAO, acompanha sua vida na aviação desde o início. Certifica as escolas onde vc aprende o que deve aprender, submete vc a bancas, faz cheques e recheques anuais, acompanha seus níveis de glicemia e resultados na esteira, dentre diversas outras formas de saber que vc não é um tripulante eventual. É constante.
Embora acompanhe vc desde criancinha, de uma hora pra outra te trata como se nunca tivesse visto vc na vida e ainda joga a responsabilidade de te identificar pro DETRAN.
Vamos fazer o seguinte?
Avisa ao passageiro eventual que além do check in, virtual ou não, ele vai ter que imprimir uma folha de papel A4 com os dados do seu voo para o caso de o leitor de QR do fiscal não ler seus dados.
O que acha que vai acontecer?
Pois é.
O absurdo que acontece hoje é que a ANAC permite que um passageiro eventual, que nunca viu na vida, possa adentrar uma área operacional e embarcar no mesmo avião em que está uma tripulação constante que a ANAC acompanha desde sempre, mas prefere facilitar a vida de uns e dificultar de outros.
Como o piloto constante faz pra chegar ao Boeing ou Cessninha que está no pátio?
Precisa apresentar a carteira de motorista expedida por algum DETRAN.
Tem que ter no celular o QR Code.
E se o fiscal não puder ler esse código por qlqr motivo, o piloto constante, que a ANAC sabe quem é desde sempre, é obrigado a ter uma folha de sulfite amarrotada no bolso pra provar que ele é quem diz ser.
Eita Brazilzão que é muito maior que Sampa, Rio e BH juntos! Pense nos lugares ermos!
Ainda vai chegar o dia em o passageiro vai sentar no avião e esperar a tripulação passar pela vistoria pra embarcar e seguir o voo pq o tripulante constante não está com a folha de sulfite amarrotada
O QR Code, folha amarrotada e celular não servem pra nada além de permitir que vc entre na área operacional.
Só isso!
Plano de voo? ANAC e DECEA sabem se vc pode ou não decolar. Fiscalização de rampa? Mostra sua CNH e dá o CANAC ao fiscal. Ah! Quer meu histórico? Mimimi, mas tenho meu histórico junto aos documentos da ANV.
Solução:
A ANAC, que conhece vc, eu e todos que trabalham na aviação imprime um PVC só com foto, assinatura e licença.
Não tem a presunção de ser uma identidade, mas serve pra praquele cara do aeroporto que compara cara-crachá, que vc é aquele cara constante e que a ANAC conhece vc desde sempre.
– Pode entrar.
Simples. Sem QR. Sem sulfite. Simplesmente simples.
Infelizmente a vida dos passageiros eventuais é bem mais simples. Tem como colocar a moça do check in no portão C? Enquanto a ANAC preferir se calar, quem decide quem voa ou não é o DETRAN.
Bons voos pra gente.
Abraço
Flemming Coletivo prá cima. Cíclico á frente!
Piloto de Helicóptero Ruy Flemming, Coronel Aviador da Reserva da Força Aérea Brasileira.
Formou-se na Academia da Força Aérea Brasileira – AFA
Piloto do 1º Esquadrão de Instrução Aérea da AFA – 1º EIA, das Aeronaves T-25 e T-27 Tucano, formando centenas de Pilotos Militares na Academia
Piloto de Helicóptero Bell UH-1H do 2º/10º Gav – Busca e Salvamento – SAR –
Piloto da Esquadrilha da Fumaça entre os anos de 1992 e 1995 como #3 Ala Esquerda e #7 Isolado
Piloto de Helicótpero Agusta 109
Ex-Diretor da ABRAPHE – Associação de Brasileira de Pilotos de Helicópteros –
Autorizou transcrever seus artigos, causos, dicas e curiosidades aeronáutica de asa fixa ou rotativa. Para acompanhar o Aviador Ruy Flemming nas redes sociais, acesse o link a seguir RUY FLEMMING NO AR