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Voo Congonhas-SBSP x Santos Dumont-SBRJ a bordo do CESSNA 310R / Aviador José Passarelli

Viaje comigo e seja meu co-piloto nessa aventura.

Um projeto antigo em minha mente se tornou realidade, voar do Aeroporto de Congonhas em São Paulo (SBSP) para o aeroporto Santos Dumont (SBRJ) no comando da aeronave Cessna 310R-USA, bimotor, dois motores Continental TSIO 520 B-Turbocharged de 285 HP cada, peso de decolagem de 2.495 kg e capacidade para 541 litros de combustível, consumindo 120 litros por hora, velocidade de cruzeiro de 194 nós (360 km por hora). Chego no aeroporto de Congonhas à 5h15min, tomo um café forte e traço um pão de queijo caríssimo…Caminho para meu imaginário avião caça ainda escuro, retiro os calços de rodas, me posiciono à esquerda no lugar do piloto, me acomodo e insiro o cinto de segurança, bateria on, luzes de navegação on, luz beacon on, geradores on, motores em movimento, rádios on, altímetro aferido em altitude, ar condicionado on, temperatura de 12°C em São Paulo, trim calibrado em -1.0, coordenação de solo contatada para iniciar a movimentação e então rodo com 8 nós para a ‘taxiway’ em rumo à cabeceira indicada pela torre 35 R, o tráfego São Paulo (Congonhas) (SBSP) me libera o nível 135 (13.500 pés) com a decolagem na pista 35L na SID Gale Transição Lopes, que prevê curva pela direita após a decolagem para interceptar a radial 096 do VOR Congonhas (116,90 mHZ-CGO).

Efetuo o checklist de cabeceira já com as luzes estroboscópicas ligadas, verifico se todos instrumentos estão na faixa ‘green’, porta travada, cintos atados e perscruto a reta final livre. Decolagem autorizada!! Insiro um dente de flape, solto o ‘parke brake’ e inicio a aceleração segurando o avião na linha central amarela, utilizando o pé direito com parcimônia para o alinhamento devido ao imenso torque dos motores, vou dando motor, trotle ‘full’, hélices ‘full’, combustível ‘full’ e a máquina começa a roncar como um tigre feroz, me sinto meu bisavô Henrique Giseler que era piloto de caça alemão da Luftwaffe de Messerchimit 109 na Segunda Guerra Mundial.

Com 90 nós de velocidade puxo um pouco o manche e a aeronave abandona o solo, estou voando como uma águia, deixo o avião embalar. Recolho o trem de pouso, e com 500 pés flape em ‘up’. Não há muita fila na subida, mas acabo solicitando ao controlador para manter o nível 080 (8.000 pés) com desvio de 15 graus pela esquerda para não entrar em formação de nuvens pesadas de chuva – em aviação só existe à perfeição.

Mais à frente, o controle São Paulo me autoriza navegar e subir ao nível 155 (15.500 pés). Passo para a escuta do controlador de voo do Rio de Janeiro na área chamada Tubulão, que me informa a chegada ao Santos Dumont via STAR Afonsos 1 e o procedimento Juliet 11 na cabeceira 20L Na altitude de cruzeiro trimo o avião no compensador de profundidade para diminuir o esforço no manche e estabilizar a aeronave, feito isso, escravizo o voo no PA-Piloto Automático- e mantenho a proa do VOR 113 Cax do Rio de Janeiro o rumo112°.

Após 50 minutos começo a preparar o avião para a descida e respectiva aproximação, inicio a leitura do checklist de descida em inglês em voz alta para mim mesmo-Called- sem saltar nenhum item. Anoto as informações ATIS do Galeão (são as mesmas do Santos Dumont), Santos Dumont operando na pista 20L com ventos de 200 graus e 09 nós, visibilidade maior que 10 quilômetros, temperatura de 32° C solo e pressão atmosférica se equilibrando em 1.045 hectopascais. Atrás de mim vem um grande jato de uma empresa nacional e, uma das maiores operadoras dos Boeing 737-800-USA, o copiloto Mantovani me chama no rádio e comunica que está no meu rabo para pousar logo atrás na 20L também do Santos Dumont.

Inicio a descida para o nível FL70 (7.000 pés). Com visibilidade total é possível avistar as belezas da Restinga da Marambaia e ao fundo a silhueta da Pedra da Gávea e do Pão de Açúcar da cidade que estudei quando garoto e que nunca deixei de amá-la.

A aproximação a partir de Afonsos é rápida e logo inicio a redução de velocidade para 150 nós com o primeiro ponto de flape arriado em 25 graus. No través do Maracanã e com o aeroporto um pouco embaçado devido à nuvens baixas à vista, completo o restante da descida em condições visuais e cancelo o plano por instrumentos IFR com o APP Rio de Janeiro. Ao atingir 1.500 pés, baixo o trem de pouso e escuto o ruído do travamento e a luz ‘green’r no painel acender e o flape é arriado para 50 graus. Com velocidade reduzida, cruzo a vertical do Santos Dumont para ingressar na perna do vento com curva pela esquerda. Comando a descida para 1.300 pés, continuo a curva para interceptar a base e para a adentrar a final da pista 20L, calço o avião no motor e venho descendo a rampa de aproximação com 300 pés negativos no climb e montado no trim do profundor, estou sobrevoando a Ponte Rio-Niterói, observo centenas de carros atravessando-a, acendo as luzes de pouso, vou deixando a memorável Ilha Fiscal à direita. A pista do Santos Dumont está bem próxima. Efetuo o checklist de pouso com perfeição, penso rapidamente em uma arremetida no caso de pane, pois tenho o mar pela frente após a pista, venho centrando a pista oscilando um pouco devido ao vento lateral, mas mantendo o eixo da pista entre minhas pernas, penso o que devo fazer se precisar realizar uma arremetida de última hora, pode acontecer, estou num bimotor, piloto bom é piloto vivo. Estou sempre 7 minutos a frente do avião que voo.

Efetuo o arredondamento e toco levemente a pista logo no começo, pois só tem 1.323 metros e qualquer descuido é fatal, ou seja, pouso na água ou mesmo a morte. Vou segurando meu imaginário avião caça, de leve nos freios e passando para a escuta do solo Rio de Janeiro, que me libera o táxi via Charlie para o Box Delta 7, deixo a avião liso retirando todo flape, sinto o cheiro de combustível e óleo do motor do Cessna 310R-USA que se aqueceu após o pouso, esse cheiro me fascina, melhor do que o avião, Deus só fez a mulher e olhe lá. Estaciono minha garça e freio, realizo o checklist de abandono, estou suado, a tensão na aproximação foi muita.

Estou na cidade maravilhosa, agora vou para o restaurante do Aeroporto Santos Dumont traçar um filé mingnon com batatas fritas, arroz, ovos e um Chopp da Brahma que ninguém é de ferro, aqui no Rio de Janeiro é só Chopp da Brahma. Mais tarde irei para o Bar Bracarense no Leblon, deve ter alguns amigos da época que estudei no Rio de Janeiro me esperando para jogar conversa fora.

Abraços a todos os amigos do facebook que voaram comigo na ponte Aérea SP-RJ na bela aeronave Cessna 310R-USA, sucesso a todos, até a volta…!

Roger…!

Avião não admite erro.

Nunca deixe que um avião leve você para um local onde sua mente não tenha chegado sete minutos antes.

Aviador José Passarelli

Engenheiro Cívil
Professor Universitário
Instrutor de Navegação Aérea
Teoria de VooAerodinâmica em Voo em Escolas de Aviação Civil

Escreve voluntariamente para o site AeroJota.

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