ACHISMO
O DECEA vai revisar e publicar uma nova versão da IAC 100-3, que vai tratar da Operação Aerodesportiva de Aeronaves.
Posso abrir um parêntesis?
Sempre considerei a aviação aerodesportiva a essência do “voar pelo prazer de voar”.
Com todo o respeito aos aviadores que não abrem mão de um ambiente tecnológico onde se sintam confortáveis e seguros, acho que a aviação desportiva também fala sobre a alma do aviador.
Tbm gosto de um ambiente tecnológico bem desenvolvido, mas tenho minhas restrições qdo falamos na aviação raiz.
Confesso que são baseadas em nada. Nada mais que o acúmulo de alguns milhares de horas voando no meio de estruturas e chapas de duralumínio, materiais compostos e motores confiáveis e ter, como conjunto da obra, uma manutenção sempre em dia.
Ainda assim, já voei nylon e tubos de duraluminio com motor Rotax 2T e me diverti muito!
Se vou embarcar numa próxima aventura sem motor e sem metal pra juntar isso tudo numa máquina de voar?
Sei não. Ainda não cheguei ao nível do precursor Otto Lilienthal e seus atuais seguidores. Mas vai saber?
Vamos voltar à IAC 100-3?
Chama minha atenção o item 4.3.1.
Apesar de estarem sujeitas a algumas restrições operacionais, esses dispositivos (aviação experimental, grifo meu) ainda estão em constante contato com o sistema de aviação civil, apresentando um potencial lesivo à segurança do sistema bastante considerável.
Percebe a última frase?
… apresentando um potencial lesivo à segurança do sistema bastante considerável.
Quem me chamou a atenção para esse item foi um Brigadeiro da reserva da FAB que foi Chefe do CENIPA.
– Flemming, percebe essa frase? De onde tiraram isso? Têm estatísticas que amparem o que estão registrando? Algum estudo sério e confiável?
Comentei com o Brigadeiro que havia estado recentemente com o pessoal da ANAC e que havia citado a palavra “achismo”. Claro que me desculpei com o pessoal da ANAC, pq a palavra que deveria usar era “intuição”, pq considero “achismo” quase uma ofensa.
O Brigadeiro me disse que, se o DECEA pudesse provar que a aviação experimental teria um considerável potencial de lesar a segurança do sistema, nunca mais abriria a boca pra falar nada sobre aviação experimental.
Pois é. Até dá pra usar intuição, mas parece que a melhor palavra é achismo.
Talvez seja um conceito pré-estabelecido, mas se vc preferir, preconceito.
Naquela reunião com o pessoal da ANAC falei que a boa regra deve ter um adequado equilíbrio entre segurança dos voos e incentivo à atividade aérea.
Falei que, seja lá qual for o motivo, se não tivermos a capacidade de criar, seria mais que justo copiar.
Que a cópia seja na íntegra, senão, o infinito achismo entra na equação.
Sempre que alguém copia uma regra estudada e testada, os achismos ou intuições, podem gerar regras provisórias.
Nós, que atuamos em qlqr segmento da aviação, queremos regras de longo termo.
Perenes até quando for possível.
ANAC e DECEA, por favor leiam nossos comentários sobre o que entendemos ser a melhor solução.
Regras baseadas em “achismo”e “intuição”, sempre serão regras ou instruções provisórias.
Nunca vão dar certo.
Precisamos daquelas que sejam definitivas e que atinjam, também, o aviador que voa pelo simples prazer de estar lá em cima.
Sem achismo. Sem conceito pré-estabelecido.
Obrigado
Flemming
Coletivo prá cima. Cíclico á frente!
Piloto de Helicóptero Ruy Flemming, Coronel Aviador da Reserva da Força Aérea Brasileira.
Formou-se na Academia da Força Aérea Brasileira – AFA
Piloto do 1º Esquadrão de Instrução Aérea da AFA – 1º EIA, das Aeronaves T-25 e T-27 Tucano, formando centenas de Pilotos Militares na Academia
Piloto de Helicóptero Bell UH-1H do 2º/10º Gav – Busca e Salvamento – SAR –
Piloto da Esquadrilha da Fumaça entre os anos de 1992 e 1995 como #3 Ala Esquerda e #7 Isolado
Piloto de Helicótpero Agusta 109
Ex-Diretor da ABRAPHE – Associação de Brasileira de Pilotos de Helicópteros –
Autorizou transcrever seus artigos, causos, dicas e curiosidades aeronáutica de asa fixa ou rotativa. Para acompanhar o Aviador Ruy Flemming nas redes sociais, acesse o link a seguir RUY FLEMMING NO AR
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