Relatório do Cenipa expõe causas do acidente com helicóptero na Serra da Cantareira em 2022
Planejamento inadequado e uso de drogas marcaram acidente com helicóptero na Serra da Cantareira
O relatório final do Cenipa sobre o acidente com helicóptero na Serra da Cantareira concluiu que a tragédia resultou de falhas de planejamento, más escolhas do piloto e uso de substâncias proibidas. Além disso, os investigadores destacaram que fatores pessoais e emocionais agravaram os riscos. Dessa forma, o acidente não decorreu de falha mecânica, mas sim de decisões humanas equivocadas.
Detalhes técnicos da aeronave envolvida no acidente
O helicóptero Agusta 109-E, prefixo PP-JMA – Papa Papa – Juliet Maike Alfa -, foi fabricado em 2010 e possuía capacidade para sete passageiros. Além disso, estava em boas condições operacionais, com certificado de aeronavegabilidade válido. Seus dois motores funcionaram corretamente até o momento da colisão. Portanto, o relatório do Cenipa descartou falha técnica e atribuiu a tragédia a fatores humanos e decisões inadequadas de pilotagem.
Contexto do voo antes do acidente com helicóptero na Serra da Cantareira
A decolagem ocorreu às 20h58, no Heliponto Helicidade, em São Paulo, com destino a cidade de Extrema, Minas Gerais. O objetivo era buscar o empresário Guilherme Benchimol, presidente da XP. Durante o percurso, a aeronave desviou das rotas regulamentadas. No entanto, o piloto manteve voo visual noturno em condições meteorológicas críticas, contrariando regras de segurança estabelecidas.
Condições meteorológicas agravaram o acidente
Cinco minutos antes da colisão, o teto de nuvens em São Paulo estava em apenas 300 pés, cerca de 90 metros. Assim, a navegação visual tornou-se praticamente impossível. Além disso, a baixa luminosidade da noite reduziu a percepção do relevo. Portanto, a combinação entre nuvens densas e escuridão aumentou significativamente os riscos de colisão com o terreno.
Voo controlado contra o terreno
O Cenipa classificou a ocorrência como “voo controlado contra o terreno”. Essa categoria de acidente acontece quando a aeronave, em perfeitas condições de operação, atinge obstáculos por falhas humanas. No caso específico, os motores funcionavam normalmente, o transponder – equipamento eletrônico instalado nas aeronaves que transmite automaticamente sinais de identificação e altitude para os radares de controle de tráfego aéreo -, transmitia até o impacto e não havia pane a bordo. Portanto, o choque resultou unicamente de más escolhas do piloto.
Planejamento inadequado e prática do “visumento”
A investigação apontou que o planejamento da rota e da altitude não levou em conta as restrições meteorológicas. Dessa forma, a chance de colisão aumentou consideravelmente. Além disso, o piloto recorreu ao chamado “visumento”, prática condenada na aviação. Ela ocorre quando se mistura voo visual com dependência parcial de instrumentos, sem seguir regras completas de voo por instrumentos.
Essa atitude revelou excesso de confiança, impulsividade e complacência. Ao ignorar normas básicas, o piloto comprometeu a segurança da operação e expôs todos a um risco elevado.
Uso de drogas e medicamentos no acidente com helicóptero na Serra da Cantareira
O exame toxicológico identificou cocaína e medicamentos psicoativos como clonazepam, venlafaxina e zolpidem. Essas substâncias são proibidas para pilotos em atividade pela legislação aeronáutica brasileira. O clonazepam, usado como ansiolítico, causa relaxamento muscular e lentidão de reflexos. A venlafaxina, antidepressivo, altera humor e atenção. Já o zolpidem, indutor do sono, provoca sonolência residual prolongada.
Somada à cocaína, que gera impulsividade e distorce a percepção, essa combinação pode ter comprometido gravemente a capacidade de tomada de decisão do piloto durante o voo.
Impacto de fatores emocionais e pessoais
O Cenipa também destacou que o piloto enfrentava problemas familiares e apresentava sinais de depressão. Esses aspectos emocionais, portanto, possivelmente afetaram sua concentração e julgamento. Assim, a conjunção de dificuldades pessoais e uso de drogas criou um ambiente psicológico frágil. Esse cenário aumentou a probabilidade de erros graves em voo e decisões inadequadas.
Cronologia detalhada do acidente
A aeronave decolou abastecida e em boas condições técnicas, porém sem plano de voo registrado junto ao controle aéreo. Além disso, o copiloto não era funcionário formal do operador. Durante o percurso, a aeronave desviou das rotas regulamentadas e encontrou nuvens baixas. A visibilidade limitada prejudicou a identificação de referências visuais no terreno.
Por volta das 21h10, o helicóptero colidiu contra um morro da Serra da Cantareira a aproximadamente 305 km/h. O impacto destruiu a aeronave e matou instantaneamente os dois tripulantes.
Fatores contribuintes destacados pelo Cenipa
O relatório final apontou como fatores contribuintes o planejamento inadequado, julgamento de pilotagem falho, processo decisório comprometido e condições meteorológicas adversas. Além disso, destacou a falta de aderência às normas de segurança. O piloto insistiu em voo visual noturno em condições críticas, contrariando regulamentos da autoridade aeronáutica.
Recomendações emitidas pelo Cenipa
O Cenipa recomendou que a ANAC amplie campanhas educativas sobre riscos do voo visual em condições adversas. Além disso, reforçou a importância de planejar adequadamente rotas e altitudes em voos noturnos. As recomendações incluíram também a divulgação de ensinamentos em eventos de segurança operacional. Dessa forma, buscou-se difundir boas práticas e reduzir a repetição de ocorrências semelhantes.
Inquérito policial e desdobramentos judiciais
Após o acidente, a Polícia Civil abriu inquérito por homicídio culposo. Em 2024, o Ministério Público decidiu arquivar o caso por ausência de provas contra os responsáveis pela aeronave. Contudo, a família do copiloto se manifestou contra a decisão, alegando omissões na perícia e ausência de laudos completos. No entanto, a Procuradoria-Geral de Justiça manteve o arquivamento.
Acidente com helicóptero na Serra da Cantareira reforça importância da prevenção
O acidente com helicóptero na Serra da Cantareira evidenciou como planejamento inadequado, más decisões e uso de drogas podem resultar em tragédias evitáveis na aviação executiva. Portanto, a prevenção deve permanecer como prioridade. O caso serve de alerta para pilotos, empresas e autoridades sobre a necessidade de disciplina operacional e respeito às normas vigentes.
Quer levar um pedacinho da história da aviação para casa? Confira o Classificados Aeronáutico AEROJOTA com souvenirs, colecionáveis e decorativos exclusivos. Acesse agora: www.aerojota.com.br e descubra raridades que fazem qualquer apaixonado por aviação decolar de emoção!