Reunião entre Aeroclube de Marília, Rede VOA e prefeitura ainda gera dúvidas sobre o acordo

Jota

30 de outubro de 2025

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Encontro buscou entendimento, mas gerou interpretações diferentes

Segundo nossa apuração, o acordo divulgado entre o Aeroclube de Marília, a Concessionária Rede VOA e a prefeitura da cidade, não ocorreu como inicialmente apresentado pela administração municipal. Ao que tudo indica, houve um ruído, um desencontro de informações entre as partes envolvidas durante o processo.

A reunião realmente aconteceu na sede da prefeitura, com representantes do Aeroclube de Marília, da Rede VOA e da administração municipal. O encontro teve como objetivo buscar um entendimento sobre o futuro da entidade, o que representa um ponto importante nas negociações.

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Aeroclube e Rede VOA ainda não se pronunciaram oficialmente

Mesmo após semanas da reunião, tanto o Aeroclube de Marília quanto a Rede VOA não divulgaram informações oficiais. A única manifestação pública surgiu em uma entrevista concedida à Rádio Jovem Pan Marília, em 10 de outubro de 2025.

Durante a entrevista, um dos diretores do Aeroclube de Marília, foi questionado sobre o suposto fim do impasse e afirmou:

“Eu não diria que chegou ao final, mas tem se encaminhado de uma maneira saudável. O Vinícius (prefeito de Marília) tem sido de grande apoio, de grande ajuda nesse desenrolar desse processo.”

“Essa tem sido a solução proposta. A meu ver, é uma solução boa porque mantém o aeroclube de forma relevante e atuante na cidade, ao mesmo tempo que permite que a VOA possa fazer os desenvolvimentos que diz serem necessários para ocupar o espaço atual do aeroclube. Então, me parece uma boa solução para ambos os lados.”

Em resumo, o diretor expressou, ao nosso ver, apenas sua opinião pessoal, destacando que o diálogo avança de forma positiva e que existe uma proposta em discussão. Assim, ele reforçou a disposição do Aeroclube em cooperar com o processo.

Apesar da tentativa de entendimento, é de conhecimento público que decisões em aeroclubes precisam passar por assembleias, com convocação prévia em jornais e quórum mínimo para votação. Além disso, há dúvidas sobre como um terreno urbano poderia atender às necessidades operacionais do Aeroclube de Marília, considerando o tamanho e a estrutura necessária para suas atividades.

A operação do aeroclube exige, no mínimo, três hangares, salas de aula, áreas administrativas e espaços de briefing e debriefing. A frota atual é composta por cerca de 20 aeronaves, o que torna qualquer mudança estrutural complexa. Portanto, o desafio logístico e financeiro continua significativo.

Outro ponto relevante é o aspecto financeiro. O Aeroclube de Marília não dispõe de recursos para erguer novas instalações. Por isso, muitos questionam como ocorrerá a indenização pelas construções já existentes, que têm alto valor histórico e patrimonial. São, ao menos, três hangares erguidos ao longo de mais de 80 anos de atividade e história.

Além disso, o prefeito anunciou a intenção de alterar a lei de tombamento municipal. Entretanto, qualquer modificação dessa natureza deve contar com parecer de um conselho de cultura e preservação histórica, já que o poder público tem a obrigação de proteger o patrimônio coletivo.

Litígios e contratos de concessão não justificam o cancelamento de um tombamento, que deve seguir critérios de relevância histórica e social. Nesse contexto, os hangares originais possuem valor simbólico, pois abrigaram a fundação da TAM, hoje Latam.

Enquanto o hangar de origem da chilena LAN, em Santiago, permanece preservado, em Marília o cenário desperta preocupação quanto à preservação da memória aeronáutica. Essa comparação reforça a importância de políticas que garantam o respeito à história local.

Até o momento, o acordo do Aeroclube de Marília não teve detalhamento oficial. A Rede VOA não fez novos anúncios, e o aeroclube não promoveu celebrações nem comunicados públicos. Assim, a incerteza permanece.

Os processos judiciais continuam em andamento e devem seguir até as instâncias superiores. Dessa forma, o impasse se prolonga. O caso reforça um padrão de disputas já observado na atuação da concessionária, que anteriormente promoveu o despejo de aeroclubes tradicionais como os de Sorocaba, Guaratinguetá e Araraquara.

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