Aeroclube de Marília recorre à Justiça para ter acesso a valores pagos à Rede Voa

Jota

22 de setembro de 2025

Aeroclube de Marília briga na Justiça contra a Rede Voa_Imagem Internet.

Aeroclube de Marília recorre à Justiça ao protocolar recurso pedindo revisão da decisão que barrou o acesso a informações financeiras relacionadas à Rede Voa. O caso gira em torno de valores pagos por outros aeroclubes à concessionária responsável pela administração de aeroportos no interior de São Paulo. Além disso, a entidade afirma que a transparência é essencial para garantir tratamento isonômico entre diferentes usuários da infraestrutura aeroportuária.

Aeroclube de Marília briga na Justiça contra a Rede Voa_Imagem Internet.
Aeroclube de Marília briga na Justiça contra a Rede Voa_Imagem Internet.

O recurso foi apresentado após a Justiça negar, em primeira instância, o pedido de acesso. A decisão considerou que os dados solicitados são de natureza sigilosa. No entanto, o Aeroclube de Marília argumenta que não se trata de informações confidenciais, mas de valores que deveriam estar disponíveis para consulta pública, já que envolvem concessões. Dessa forma, a entidade busca comparar práticas adotadas em outros aeroportos e verificar eventuais diferenças no tratamento concedido pela Rede Voa.

A Rede Voa administra diversos aeroportos no interior paulista, incluindo o de Marília, e tem sido alvo de questionamentos de aeroclubes e operadores aéreos. Além disso, segundo o Aeroclube de Marília, a falta de clareza sobre valores praticados em contratos pode comprometer a sustentabilidade das atividades de formação de pilotos e a realização de eventos aeronáuticos. Por isso, o pedido de revisão busca reforçar a importância da transparência em contratos firmados no setor aéreo, especialmente quando envolvem atividades de interesse público.

Para o Aeroclube, o acesso às informações é fundamental não apenas para avaliar se há equilíbrio contratual, mas também para garantir condições justas de funcionamento em comparação a outras entidades. Por outro lado, a disputa ocorre em um momento de pressão crescente sobre aeroclubes em todo o país. Essas entidades enfrentam aumentos de custos, restrições regulatórias e disputas com concessionárias de aeroportos. A expectativa é de que a decisão sobre o recurso traga impactos diretos não apenas para Marília, mas também para outras instituições ligadas à aviação civil.

O caso do Aeroclube de Marília reforça o debate nacional sobre a sobrevivência de aeroclubes históricos diante das novas regras de concessão aeroportuária. Além disso, entidades do setor defendem que a transparência é indispensável para assegurar que a aviação de formação continue viável e acessível. A decisão da Justiça em relação ao recurso poderá servir como precedente em outros processos semelhantes. Dessa maneira, ficará definido até que ponto concessionárias devem abrir seus contratos a escrutínio público.

O drama enfrentado pelo Aeroclube de Marília em sua disputa com a Rede Voa não é um caso isolado. Pelo contrário, diversos aeroclubes tradicionais do Brasil convivem com notificações de despejo, pressões administrativas e litígios contra concessionárias ou órgãos públicos.

Entre os exemplos estão os aeroclubes de Canela, São Paulo, Sorocaba, Mossoró e Pirassununga, que ainda lutam judicialmente para assegurar sua permanência em aeroportos onde atuam há décadas. Além disso, o Aeroclube de Guaratinguetá já sofreu medida mais drástica: foi lacrado e expulso do aeroporto pela concessionária, restando à entidade recorrer à Justiça para tentar reverter a decisão.

Portanto, cada disputa revela o mesmo dilema. É preciso conciliar interesses comerciais, urbanísticos e de infraestrutura com a preservação da memória da aviação e a continuidade das escolas que mantêm vivo o acesso à formação civil de pilotos.

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