Boeing 727 das enchentes do RS será levado para museu em Panambi–RS

Jota

17 de setembro de 2025

Boeing 727 das enchentes do RS ilhado no aeroporto Salgado Filho em 2024 1_crédito Anselmo Cunha AFP

O Boeing 727 das enchentes do RS, prefixo PR-TTP, tornou-se um símbolo inesperado em 2024. Durante a maior tragédia climática do estado, a aeronave ficou ilhada no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre.

O cargueiro, fabricado em 1978, iniciou sua vida operacional em companhias estrangeiras. Posteriormente, em 2007, integrou a frota da Total Linhas Aéreas, como avião Cargueiro. Conhecido como “Cadillac dos céus”, destacou-se pelo som inconfundível dos três motores localizados na cauda.

Boeing 727 das enchentes do RS ilhado no aeroporto Salgado Filho em 2024 1_crédito Anselmo Cunha AFP
Boeing 727 das enchentes do RS ilhado no aeroporto Salgado Filho em 2024 1_crédito Anselmo Cunha AFP

As enchentes históricas começaram no fim de abril de 2024 e ganharam força nos primeiros dias de maio. Em 3 de maio de 2024, a água avançou sobre o Aeroporto Internacional Salgado Filho e inundou pátio, pista e hangares. Como resultado, alcançou o trem de pouso do cargueiro e chegou até as asas do Boeing 727, criando a imagem que correu o mundo. Enquanto aeronaves modernas foram deslocadas a tempo, o 727 permaneceu preso no alagamento por semanas. Assim, transformou-se em um dos retratos mais fortes da tragédia climática que paralisou o principal aeroporto gaúcho.

O Salgado Filho só retomou suas operações em 21 de outubro de 2024, após 171 dias fechado. Durante todo esse período, o cargueiro da Total Linhas Aéreas permaneceu no aeroporto como lembrança silenciosa da enchente que atingiu milhões de pessoas no estado. Meses depois, a Total Linhas Aéreas retirou o avião da área alagada e o reposicionou em um canto do aeroporto. Agora, decidiu doar o Boeing 727 das enchentes do RS ao Museu Militar Brasileiro, localizado em Panambi. Desse modo, transformou um episódio dramático em oportunidade de preservação.

Além disso, a decisão foi influenciada pela renovação da frota. Os modelos 737-400F, mais modernos e eficientes, substituíram definitivamente os 727. Portanto, a doação também marcou uma transição tecnológica para a companhia aérea.

O transporte do Boeing 727 exige planejamento detalhado. Inicialmente, técnicos desmontaram motores, sistemas elétricos e instrumentos de voo. Em seguida, iniciaram a preparação para movimentar a fuselagem de 41 metros em carreta especial.

As asas e demais componentes viajarão em caminhões separados. Dessa forma, o conjunto total, que chega a aproximadamente 45 toneladas, poderá percorrer as rodovias do estado com segurança. O trajeto passará por cidades como Eldorado do Sul, Cachoeira do Sul e Santa Maria. No entanto, cada trecho depende de autorizações específicas, já que a dimensão da carga ultrapassa padrões normais de circulação. Além disso, a operação terá acompanhamento de escoltas.

Atualmente, a desmontagem ocorre no Aeroporto Salgado Filho. Assim que concluída a retirada das asas, o avião estará pronto para iniciar a viagem até o interior gaúcho.

O Museu Militar Brasileiro, inaugurado em 2009 e aberto ao público em 2011, já reúne dois Boeing 737 preservados, além de veículos blindados e artefatos bélicos. Em um dos Boeing 737 funciona sala de cinema e biblioteca. No outro, visitantes encontram exposições históricas.

O conhecido Boeing 727 das enchentes do RS, chegará, portanto, para ampliar esse acervo. A instituição avalia transformá-lo em restaurante temático, embora a decisão final ainda esteja em estudo. De todo modo, a aeronave garantirá destaque entre as principais atrações do museu.

Além disso, a chegada do cargueiro fortalece Panambi como referência nacional em preservação aeronáutica e militar. Assim, visitantes terão contato direto com um modelo que marcou gerações de pilotos, mecânicos e entusiastas.

O Boeing 727 não representa apenas uma aeronave afetada por enchentes. Ele simboliza a memória coletiva de um desastre e também a capacidade de ressignificação histórica.

Em Panambi, o cargueiro deixará de ser apenas lembrança de uma tragédia. A partir de agora, será parte de um museu que inspira gerações a preservar o passado, enquanto projeta novas formas de valorizar a história da aviação brasileira.

Boeing-727-das-enchentes-do-RS-ilhado-no-aeroporto-Salgado-Filho-em-2024_credito-Anselmo-Cunha-AFP
Boeing-727-das-enchentes-do-RS-ilhado-no-aeroporto-Salgado-Filho-em-2024_credito-Anselmo-Cunha-AFP

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