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Celeiro de Talentos (Cmte.José Passarelli)

O rol de adolescentes da Vila Militar.

A Turma da Vila Militar”

‘Celeiro de Talentos’

Quando chegamos do Rio de Janeiro em 196…, onde meu pai fez a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais do Exército-ESAO para ser promovido a major, ficamos no Hotel de Trânsito na rua Rui Barbosa aguardando residência na Vila Militar, não me adaptei lá, não tinha lugar para brincar e correr, pedi aos meus pais para ir para casa de meus avós maternos, autorizaram e fui para lá. 

Uma semana após vagou uma casa na Vila Militar no Bairro Amambaí-Campo Grande-MT. Nos mudamos para lá, substituindo a família do amigo de lecionar na universidade arquiteto e professor Alex Maymone, era a quarta casa da última quadra da Vila Militar na avenida Duque de Caxias. 

Pois bem, ali na Vila moraram alguns que ficaram famosos.

O primeiro que conheci lá foi o general Emílio Garrastazu Médici, foi comandante da 4ªDC-Divisão de Cavalaria, era amigo de meu pai, mas estava sempre sério, cara fechada, viria a ser presidente da República do Brasil, logo depois conheci o Leno que cantava com a Lilian a música ‘Pobre Menina’, morava no Rio de Janeiro, mas vinha para cá passar as férias, às vezes trazia a Lilian também, ficamos bem amigos. Era magro, devia pesar uns 35 quilogramas no máximo, fumava como uma chaminé, como não jogava bola acabou virando roupeiro de nosso time de futebol de campo lá no Bairro Taveirópolis.

Depois apareceu por lá o Aloísio Mercadante, o pai era major, foi um dos únicos que não estudava no Colégio Salesiano Dom Bosco e sim no Colégio Nossa Senhora do Pérpetuo Socorro, creio que o colega engenheiro Marco de Moraes Lechuga o conheceu, certa vez me disse isso. Participava de nosso time.

Nesse rol de adolescentes próximo aos anos 70 chegou para morar na Vila Militar o cantor Oswaldo Montenegro, falava puxando o RRR… era carioca da gema e era gago, quando ficava nervoso no futebol não conseguia expressar uma palavra sequer kkkkk, e o apelidamos de Quarentinha, porque andava com o uniforme completo do Botafogo do Rio de Janeiro, nunca o vi sem aquela camisa, tanto que o pai lhe deu de aniversário um jogo de camisas e calções do Botafogo-RJ, como era o dono das camisetas e dizia para chamá-lo de Quarentinha devido ao craque botafoguense Quarentinha kkkkk começamos a jogar com as camisas do Botafogo-RJ, ele era o 10 eu o 11, sou canhoto, só gritava, e quando nosso time perdia ele só gaguejava kkkk. Meio maluco, mas grande amigo, era grilado comigo por eu andar vestido com a camisa do Vasco da Gama-RJ.

Na sequência que me lembro foi do pai da Eloísa Perissè, coronel Perlingeiro Perissè, chegou para assumir o comanda da Base Aérea, morava na Vila Militar da Base, eu era mais amigo do irmão dela, pois ela era loirinha e mais nova que a média de nossa turma, éramos em 30 mais ou menos.

Por último, chegou do Rio de Janeiro o coronel-aviador José Hélio Macedo de Carvalho para comandar a Base Aérea, era de Crato no Ceará e primo do ex-ministro da Aeronáutica Major-Brigadeiro Araripe Macedo, era conhecido no meio militar como Macedinho, era grande amigo de meu pai que também vinha de origem nordestina, nasceu em Gilboes no Piauí. Coronel Macedo estava sempre aos fins de semana em casa tomando whisky com meu pai. 

Como ele sabia que eu gostava muito de avião e iria prestar concurso para a Academia da Força Aérea Brasileira-AFA-FAB, me levava sempre com ele no Regente-Neiva branquinho, Buffalo C-115 FAB e no Douglas C-47 do comando da Base Aérea, para Forte Coimbra-MS, Corumbá–MS, Cáceres-MT, Ponta Porã-MS, etc. Infelizmente perdeu a vida no comando de um Buffalo C-115 num grave acidente em Ponta Porã, num dia em que não se enxergava nada, visibilidade zero devido a forte neblina, e ele forçou o pouso…lastimável, faleceram 19 militares do Exército e da FAB.

E o pior, meu pai coronel médico Germano Barros de Souza, era o diretor do Hospital Geral Militar de Campo Grande e foi incumbido pelo general da 9ª Região Militar para buscar os corpos. Seguiu para lá com sua equipe em outro Buffalo C-115, chegando em Ponta Porá o tempo piorou e os corpos voltaram para Campo Grande na Litorina da NOB-RFFSA.E ainda perdi meu amigo de futebol de salão e domingueiras do Círculo Militar 2º tenente-aviador Wagner, era o copiloto do Buffalo C-115 FAB acidentado.

Coluna de JPassarelli     

Cmte. José Passarelli   

Engenheiro Cívil
Professor Universitário
Instrutor de Navegação Aérea
Teoria de Voo
Aerodinâmica em Voo em Escolas  de Aviação Civil
Escreve voluntariamente para o site AeroJota  

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