Comandante da FAB usa voos comerciais por falta de aviões militares

Jota

28 de agosto de 2025

Cmte da FAB utiliza avião comercial em seus deslocamentos_Imagem FAB

Comandante da FAB usa voos comerciais por falta de aviões militares desde julho de 2025. O tenente-brigadeiro-do-Ar Marcelo Kanitz Damasceno deixou de utilizar aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) para deslocamentos oficiais devido à crise orçamentária. Segundo a Folha de S.Paulo, a escassez de recursos paralisou cerca de 40 aeronaves e afastou 137 pilotos da escala de voos, obrigando o comandante a embarcar em voos de companhias comerciais, algo inédito para um chefe da Aeronáutica em atividade.

Além disso, os cortes de R$ 2,6 bilhões no orçamento da Defesa comprometeram a manutenção e a disponibilidade de combustível. Dessa forma, a FAB precisou reduzir missões, cortar expediente e substituir deslocamentos externos por videoconferências. Portanto, a nova rotina do comandante reflete diretamente a gravidade da crise enfrentada pela instituição.

Cmte da FAB utiliza avião comercial em seus deslocamentos_Imagem FAB
Cmte da FAB utiliza avião comercial em seus deslocamentos_Imagem FAB

Conforme o Jornal de Brasília, o primeiro revés ocorreu em 10 de julho, quando Damasceno viajou para Recife a fim de visitar a Base Aérea da capital pernambucana. As passagens, compradas com uma semana de antecedência, custaram R$ 5.197.00.

O comandante também embarcou em voos comerciais para Salvador e Belo Horizonte, nas semanas seguintes. Além disso, cumpriu duas agendas internacionais: uma em Buenos Aires, na Argentina, e outra em Bogotá, na Colômbia. Em todas essas ocasiões, representou oficialmente a Força Aérea, mas sem contar com os aviões militares que tradicionalmente estariam disponíveis.

Para muitos militares, ver o próprio comandante utilizando as mesmas estruturas de viagem que cidadãos comuns transmite uma mensagem de proximidade e realismo. Dessa maneira, a escassez acabou produzindo também um efeito simbólico dentro da tropa.

Segundo a Folha de S.Paulo, Damasceno foi visto em duas ocasiões no Aeroporto de Brasília, viajando sem farda. O gesto foi interpretado como sinal de sobriedade e contenção de gastos. Para oficiais próximos, a atitude reforçou a ideia de que o comandante buscava transmitir um exemplo de austeridade aos seus subordinados.

No entanto, esse comportamento contrasta com a postura de autoridades civis. Enquanto o comandante da Aeronáutica se adapta a voos comerciais, políticos ampliam a utilização da pequena frota ainda restante da FAB. A crítica recorrente dentro do Ministério da Defesa é clara: o transporte de autoridades consome recursos excessivos e compromete a missão principal da Força Aérea.

Um decreto presidencial de 2020 define a prioridade de uso das aeronaves da FAB. O vice-presidente da República ocupa a primeira posição na lista, seguido pelos presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal. Em seguida vêm os ministros de Estado, com precedência para os ministérios mais antigos. Apenas após atendidas todas essas demandas é que os comandantes das Forças Armadas podem requisitar voos oficiais.

Segundo a Folha de S.Paulo, só em 2025 a FAB realizou mais de 700 voos transportando autoridades. Em março, foram 116 deslocamentos, e em abril, 136. Já em julho, com as restrições em vigor, o número caiu para 67. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), lidera o ranking com 73 viagens, seguido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (70), e pelo presidente do STF, Luís Roberto Barroso (69). Ainda figuram na lista o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski (54), e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira (40).

Esse contraste é emblemático: enquanto o comandante da FAB usa voos comerciais por falta de aviões militares, políticos seguem ampliando privilégios e pressionando ainda mais a frota oficial.

A escassez levou a Aeronáutica a adotar medidas drásticas. Desde julho, o expediente presencial nas unidades militares foi reduzido para apenas quatro horas diárias. Missões externas passaram a ser realizadas por videoconferência. Além disso, 40 aeronaves permanecerão paradas até o fim do ano, sem recursos para manutenção e combustível.

Segundo oficiais ouvidos pela Folha, o impacto será duradouro. A formação de novos pilotos já foi comprometida, e a quantidade de instrutores diminuiu de forma significativa. Dessa forma, as restrições atuais podem resultar em queda da capacidade operacional da FAB nos próximos anos.

Enquanto isso, o Comandante continua embarcando em voos comerciais, dividindo espaços com passageiros comuns. Para uns, é uma lição de humildade e sobriedade. Para outros, é a prova mais clara de que a Força Aérea enfrenta uma das crises mais graves de sua história recente.

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