Crise orçamentária obriga comandante da FAB a recorrer a voos comerciais
Viagens do comandante da FAB em aviões comerciais revelam impacto da falta de recursos
Comandante da FAB usa voos comerciais por falta de aviões militares desde julho de 2025. O tenente-brigadeiro-do-Ar Marcelo Kanitz Damasceno deixou de utilizar aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) para deslocamentos oficiais devido à crise orçamentária. Segundo a Folha de S.Paulo, a escassez de recursos paralisou cerca de 40 aeronaves e afastou 137 pilotos da escala de voos, obrigando o comandante a embarcar em voos de companhias comerciais, algo inédito para um chefe da Aeronáutica em atividade.
Além disso, os cortes de R$ 2,6 bilhões no orçamento da Defesa comprometeram a manutenção e a disponibilidade de combustível. Dessa forma, a FAB precisou reduzir missões, cortar expediente e substituir deslocamentos externos por videoconferências. Portanto, a nova rotina do comandante reflete diretamente a gravidade da crise enfrentada pela instituição.
Viagens e custos das passagens aéreas comerciais
Conforme o Jornal de Brasília, o primeiro revés ocorreu em 10 de julho, quando Damasceno viajou para Recife a fim de visitar a Base Aérea da capital pernambucana. As passagens, compradas com uma semana de antecedência, custaram R$ 5.197.00.
O comandante também embarcou em voos comerciais para Salvador e Belo Horizonte, nas semanas seguintes. Além disso, cumpriu duas agendas internacionais: uma em Buenos Aires, na Argentina, e outra em Bogotá, na Colômbia. Em todas essas ocasiões, representou oficialmente a Força Aérea, mas sem contar com os aviões militares que tradicionalmente estariam disponíveis.
Para muitos militares, ver o próprio comandante utilizando as mesmas estruturas de viagem que cidadãos comuns transmite uma mensagem de proximidade e realismo. Dessa maneira, a escassez acabou produzindo também um efeito simbólico dentro da tropa.
Exemplo de austeridade em tempos de crise
Segundo a Folha de S.Paulo, Damasceno foi visto em duas ocasiões no Aeroporto de Brasília, viajando sem farda. O gesto foi interpretado como sinal de sobriedade e contenção de gastos. Para oficiais próximos, a atitude reforçou a ideia de que o comandante buscava transmitir um exemplo de austeridade aos seus subordinados.
No entanto, esse comportamento contrasta com a postura de autoridades civis. Enquanto o comandante da Aeronáutica se adapta a voos comerciais, políticos ampliam a utilização da pequena frota ainda restante da FAB. A crítica recorrente dentro do Ministério da Defesa é clara: o transporte de autoridades consome recursos excessivos e compromete a missão principal da Força Aérea.
Comandante da FAB usa voos comerciais por falta de aviões militares enquanto políticos ampliam privilégios
Um decreto presidencial de 2020 define a prioridade de uso das aeronaves da FAB. O vice-presidente da República ocupa a primeira posição na lista, seguido pelos presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal. Em seguida vêm os ministros de Estado, com precedência para os ministérios mais antigos. Apenas após atendidas todas essas demandas é que os comandantes das Forças Armadas podem requisitar voos oficiais.
Segundo a Folha de S.Paulo, só em 2025 a FAB realizou mais de 700 voos transportando autoridades. Em março, foram 116 deslocamentos, e em abril, 136. Já em julho, com as restrições em vigor, o número caiu para 67. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), lidera o ranking com 73 viagens, seguido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (70), e pelo presidente do STF, Luís Roberto Barroso (69). Ainda figuram na lista o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski (54), e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira (40).
Esse contraste é emblemático: enquanto o comandante da FAB usa voos comerciais por falta de aviões militares, políticos seguem ampliando privilégios e pressionando ainda mais a frota oficial.
Restrição orçamentária e impactos futuros na Aeronáutica
A escassez levou a Aeronáutica a adotar medidas drásticas. Desde julho, o expediente presencial nas unidades militares foi reduzido para apenas quatro horas diárias. Missões externas passaram a ser realizadas por videoconferência. Além disso, 40 aeronaves permanecerão paradas até o fim do ano, sem recursos para manutenção e combustível.
Segundo oficiais ouvidos pela Folha, o impacto será duradouro. A formação de novos pilotos já foi comprometida, e a quantidade de instrutores diminuiu de forma significativa. Dessa forma, as restrições atuais podem resultar em queda da capacidade operacional da FAB nos próximos anos.
Enquanto isso, o Comandante continua embarcando em voos comerciais, dividindo espaços com passageiros comuns. Para uns, é uma lição de humildade e sobriedade. Para outros, é a prova mais clara de que a Força Aérea enfrenta uma das crises mais graves de sua história recente.
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