Comissários da Azul rejeitam proposta de escala amigo em votação com mais de 90% dos votos contrários
Escala amigo da Azul é rejeitada por comissários após votação que desaprova divisão de quartos durante pernoites
Os comissários da Azul Linhas Aéreas rejeitaram de forma expressiva a proposta de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) conhecida como Escala Amigo. A votação ocorreu on-line entre os dias 16 e 17 de outubro de 2025, sob organização do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA).
O resultado foi divulgado na sexta-feira (17) e mostrou uma posição firme da categoria. Segundo o SNA, 94,4% dos votantes foram contrários à proposta, 5% votaram a favor e 0,6% se abstiveram. O placar reforçou o descontentamento dos profissionais e evidenciou a necessidade de diálogo entre a companhia e o sindicato.
Proposta previa escala casada e quartos duplos durante pernoites
A proposta da Azul previa um formato de escala combinada, também chamada de escala casada, em que dois comissários poderiam escolher trabalhar juntos durante todo o mês. Nesse arranjo, eles fariam os mesmos trechos e dividiriam um quarto duplo durante os pernoites fora da base contratual.
Atualmente, cada comissário utiliza quarto individual em suas hospedagens. A mudança representaria uma alteração importante na rotina da tripulação, que preza por descanso e privacidade. A Azul calculava que o novo modelo poderia reduzir até 33% dos custos com hospedagem, considerando a tripulação padrão de um Airbus A320, com quatro comissários e dois pilotos.
Essa medida teria validade até outubro de 2026 e integrava uma estratégia de contenção de despesas em meio ao aumento de custos da aviação. Ainda assim, a proposta encontrou forte resistência desde o início das discussões.
Sindicato ressaltou riscos à privacidade e ao descanso das tripulações
O Sindicato Nacional dos Aeronautas afirmou que a rejeição da proposta se deve a preocupações legítimas relacionadas ao descanso adequado, à privacidade e ao bem-estar físico e mental das tripulações. Embora o modelo fosse opcional, muitos comissários avaliaram que a mudança poderia gerar desconforto e comprometer o descanso necessário para operar com segurança.
Além disso, o SNA alertou para o risco de criação de precedentes trabalhistas que flexibilizariam direitos já consolidados, como o uso de quartos individuais. Para o sindicato, medidas desse tipo afetam diretamente a segurança operacional dos voos, já que a fadiga é um dos principais fatores de risco no transporte aéreo.
O descanso de qualidade, portanto, foi apontado como ponto central da decisão dos aeronautas. O sindicato defendeu que qualquer proposta de economia deve respeitar as normas de segurança e os limites da Convenção Coletiva vigente.
Azul buscava reduzir custos e otimizar a gestão de escalas
Fontes próximas à companhia informaram que a Azul pretendia reduzir custos operacionais e otimizar o planejamento das escalas de comissários. A empresa alegava que a Escala Amigo permitiria melhor previsibilidade das jornadas e simplificaria a logística de hospedagens em cidades com alta frequência de pernoites.
Apesar disso, a proposta causou desconforto entre os profissionais. Muitos afirmaram que dividir o mesmo quarto por vários dias seguidos poderia gerar desgaste emocional e perda de qualidade de descanso. Além disso, a convivência constante com o mesmo colega poderia criar tensões e afetar o desempenho.
O assunto repercutiu amplamente entre aeronautas de outras companhias, que observaram o caso como um possível precedente para futuras negociações no setor aéreo.
Resultado expressivo e próximos passos nas negociações
Com a rejeição de 94,4% dos votos, o SNA confirmou que comunicará oficialmente a decisão à Azul. O sindicato também reforçou o compromisso de continuar defendendo condições dignas de trabalho e descanso seguro para todos os comissários.
Até o momento, a Azul não divulgou posicionamento público sobre o resultado. Internamente, representantes da empresa avaliam que podem retomar as discussões em uma nova rodada de negociação, embora ainda sem previsão. O SNA, por sua vez, declarou estar aberto ao diálogo, desde que eventuais propostas respeitem a saúde e a segurança das tripulações.
Rejeição fortalece mobilização sindical dos comissários da Azul
O resultado consolidou a força dos comissários da Azul e reforçou o papel do sindicato na defesa das condições de trabalho da categoria. A votação também mostrou que medidas de economia não devem comprometer o conforto, a privacidade e a segurança dos profissionais de bordo.
O caso da Escala Amigo passa a ser um exemplo importante para todo o setor aéreo, demonstrando que a busca por eficiência precisa caminhar junto com a valorização dos tripulantes. Assim, a decisão dos comissários reafirma que o bem-estar humano é essencial para manter a aviação civil segura e sustentável.
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