Companhias aéreas estrangeiras no Brasil reacendem debate sobre abertura do mercado doméstico

Jota

22 de setembro de 2025

Governo quer liberar Cia Aéreas voando dentro do Brasil_Imagem ilustrativa

Companhias aéreas estrangeiras no Brasil voltaram ao centro das atenções após o Projeto de Lei 539/2024, que discute a abertura do mercado doméstico. A medida reacende um debate histórico sobre concorrência, tarifas e conectividade, ao mesmo tempo em que desperta preocupações de empresas nacionais, sindicatos e especialistas em aviação. A proposta pretende ampliar a oferta de voos, mas levanta dúvidas sobre os impactos para empregos, segurança operacional e equilíbrio regulatório.

Governo quer liberar Cia Aéreas voando dentro do Brasil_Imagem ilustrativa
Governo quer liberar Cia Aéreas voando dentro do Brasil_Imagem ilustrativa

O Projeto de Lei 539/2024 propõe autorizar companhias aéreas estrangeiras a operarem voos domésticos no Brasil, começando pela região da Amazônia Legal — área administrativa que reúne nove estados: Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. A justificativa do governo é aumentar a conectividade em uma área estratégica, marcada por grandes distâncias, dificuldades de transporte terrestre e oferta limitada de voos. Dessa forma, a proposta busca reduzir desigualdades regionais e estimular a integração nacional.

Ainda assim, a medida gera controvérsia. Críticos apontam riscos de enfraquecimento da aviação brasileira e impacto direto nos empregos de pilotos, comissários e trabalhadores de apoio. Já defensores acreditam que a iniciativa poderá incentivar maior concorrência e trazer tarifas mais acessíveis para o público, sobretudo em cidades menores.

Paralelamente ao projeto de lei, o Ministério de Portos e Aeroportos abriu uma consulta pública para identificar barreiras que dificultam a entrada de novos operadores no mercado. A iniciativa procura colher contribuições de diferentes setores e mapear entraves regulatórios, trabalhistas e financeiros que dificultam a operação de companhias aéreas no Brasil. O resultado poderá servir como base para decisões futuras, incluindo a possível ampliação da participação estrangeira no setor.

A discussão gerou fortes reações no setor. Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil, afirmou que não haveria igualdade regulatória entre companhias nacionais e estrangeiras. Segundo ele, empresas brasileiras enfrentam elevados custos trabalhistas, complexidade tributária e alta judicialização, condições que não impactariam da mesma forma as estrangeiras.
O Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) também se posicionou contra a proposta, alegando que a entrada de estrangeiras pode comprometer a segurança operacional e reduzir empregos para pilotos e comissários. Para o sindicato, a prioridade deveria ser o fortalecimento da aviação nacional, e não medidas que fragilizem a competitividade do setor.

O debate sobre companhias aéreas estrangeiras no Brasil não é inédito. Em 2018, o governo autorizou a participação total de capital estrangeiro em companhias nacionais, atraindo interesse de empresas como Air Europa, Norwegian e JetSmart. Apesar da movimentação, os planos não avançaram devido a fatores estruturais que seguem presentes até hoje: o preço elevado do combustível, os altos custos trabalhistas e a complexidade regulatória. Esses elementos continuam sendo barreiras decisivas tanto para empresas brasileiras quanto para estrangeiras que desejem operar no mercado interno.

Mesmo defensores da abertura reconhecem que, sem reformas estruturais, a entrada de companhias aéreas estrangeiras dificilmente trará mudanças relevantes. A concorrência pode até aumentar em alguns trechos, mas o ambiente de negócios permanece hostil. Para muitos analistas, enfrentar esses gargalos é condição essencial para ampliar a conectividade nacional, garantir tarifas competitivas e tornar a aviação brasileira mais sustentável no longo prazo.

A discussão sobre companhias aéreas estrangeiras no Brasil revela a dificuldade de equilibrar concorrência, geração de empregos e segurança operacional. Defensores acreditam que a presença de novas operadoras pode reduzir preços e ampliar a malha aérea, especialmente em regiões menos atendidas. Por outro lado, críticos sustentam que as condições atuais tornam o mercado pouco atrativo e que os riscos para os trabalhadores e para a indústria nacional superam os benefícios.
O desfecho dependerá do andamento do Projeto de Lei 539/2024, das conclusões da consulta pública e das decisões políticas do governo federal. Até lá, a aviação nacional acompanha atenta um debate que pode redefinir o futuro do setor no Brasil.

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