Crise das companhias aéreas low cost evidencia fragilidade do modelo de baixo custo
A crise das companhias aéreas low cost se espalha pelo mundo e chega ao Brasil
As companhias aéreas low cost — ou de baixo custo — transformaram o transporte aéreo global ao prometer voos mais acessíveis e eficientes. No entanto, a atual crise das companhias aéreas low cost mostra que esse formato perdeu força e enfrenta dificuldades para se sustentar.
Nos últimos anos, empresas como Spirit Airlines, Ryanair e Wizz Air popularizaram o conceito de “viajar barato”, cortando tudo o que não fosse essencial para o voo. Essa estratégia atraiu milhões de passageiros e reduziu tarifas em diversos mercados. Entretanto, também criou uma ilusão: a de que voar seria sempre mais barato, independentemente dos custos operacionais envolvidos.
A crise das companhias começa com o mito do preço baixo
O modelo se baseia em cortar custos ao extremo e cobrar por cada item adicional. Por isso, o passageiro paga para despachar bagagem, marcar assento, fazer check-in presencial e até por água ou snacks durante o voo.
Além disso, as companhias low cost costumam operar aeronaves com o número máximo de assentos permitido pelo fabricante, reduzindo o espaço entre as poltronas e o conforto a bordo. As equipes de comissários são o mínimo exigido por lei, e as poltronas quase não reclinam, o que aumenta a capacidade por voo e reduz o custo por passageiro.
Na prática, o preço final muitas vezes se aproxima — ou até ultrapassa — o valor cobrado por companhias tradicionais. Assim, a crise das companhias aéreas low cost também revela a insatisfação de passageiros que pagam mais por menos conforto e conveniência.
Empresas internacionais sofrem os efeitos mais duros da crise
A norte-americana Spirit Airlines, símbolo da aviação de baixo custo, entrou em processo de reestruturação judicial em 2025 após anos de prejuízos e custos crescentes com combustível, manutenção e leasing de aeronaves. Mesmo com aviões cheios, não conseguiu manter a rentabilidade.
Na Europa, Ryanair e Wizz Air enfrentam greves, pressão regulatória e aumento de custos operacionais. Além disso, o enfraquecimento econômico do continente reduziu a demanda em rotas curtas. O modelo, que parecia imbatível, começa a mostrar seus limites diante da inflação global e da concorrência das grandes companhias.
A falência da PLAY reforça a crise das companhias aéreas low cost
Outro exemplo emblemático da crise das companhias aéreas low cost é o caso da PLAY, companhia islandesa criada em 2019 para substituir a falida WOW Air, que também prometia conectar a Europa e os Estados Unidos com tarifas muito baixas.
Seguindo a mesma lógica ultra low cost, a PLAY operava com aeronaves Airbus A320neo configuradas com alta densidade de assentos, tripulação reduzida e serviços pagos à parte, incluindo bagagem e alimentação. Dessa forma, reduzia custos, mas comprometia o conforto.
Apesar da eficiência teórica, a PLAY não resistiu ao aumento dos custos e à queda na demanda transatlântica. A empresa declarou falência em setembro de 2025, cancelando todos os voos e deixando milhares de passageiros sem reembolso. O caso evidenciou que eficiência operacional, sozinha, não garante sustentabilidade financeira, especialmente quando os preços deixam de cobrir o custo real da operação.
A crise das companhias aéreas low cost também chegou ao Brasil
No Brasil, a Voepass, que operava em rotas regionais inspiradas “parcialmente” nesse formato, encerrou as atividades após acumular dívidas superiores a R$ 200 milhões. Já Gol, uma Low Cost brasileira, passou por reestruturação financeira em 2025, pressionadas pela alta do dólar e pelos custos de combustível.
Mesmo as companhias que não são low cost, que adotaram práticas de cobrança por serviços extras, perceberam que o público brasileiro rejeita o modelo fragmentado de tarifas. No país, o custo operacional da aviação é alto demais para sustentar passagens realmente baratas. Além disso, a estrutura tributária, o preço do querosene e as taxas aeroportuárias tornam inviável replicar o modelo europeu de baixo custo.
O Brasil tem, de fato, companhias aéreas low cost?
A questão que fica é: o Brasil realmente possui empresas low cost na essência? As tarifas continuam elevadas, enquanto os serviços tradicionais — como marcação de assento, despacho de bagagem e alimentação — foram cortados e agora são cobrados à parte.
Na prática, o passageiro paga mais por um serviço menor. Ao mesmo tempo, o conceito de “baixo custo” se perde em meio à alta carga tributária, combustível caro e infraestrutura limitada. O resultado é um sistema em que o consumidor não sente o benefício do modelo, mas arca com seus efeitos negativos.
A realidade exposta pela crise das companhias aéreas low cost
A promessa de democratização dos voos foi ofuscada pelos custos ocultos. Hoje, o passageiro paga por praticamente tudo: check-in, bagagem, assento e até pela água. O que se vendia como “baixo custo” acabou se tornando uma experiência mais cara e menos conveniente.
A crise das companhias aéreas low cost mostra que o equilíbrio entre preço, segurança e conforto é indispensável. O mercado indica que sustentabilidade financeira e satisfação do passageiro precisam coexistir — afinal, no céu, o barato também pode sair caro.
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