Crise-das-Companhias-Aereas-no-Brasil
O Brasil, com uma população estimada em 218,56 milhões de habitantes e uma área de 8.515.767 km², precisa das companhias aéreas para integrar cidades e estados em um país continental. No entanto, a crise das companhias aéreas no Brasil escancara um modelo insustentável: impostos altos, infraestrutura precária e custos em dólar tornam o setor quase inviável.
O Brasil conta com 99 aeroportos (18 internacionais e 81 regionais), além de 2.499 aeródromos. Ainda assim, muitos municípios ficam sem conexão aérea regular, pois a infraestrutura aeroportuária enfrenta tarifas elevadas, burocracia excessiva e investimentos insuficientes. Esses fatores dificultam a operação eficiente das companhias aéreas.
Mais da metade das despesas das companhias aéreas no Brasil é dolarizada (em torno de 60%), enquanto toda a receita é em reais. Essa discrepância as deixa vulneráveis às oscilações cambiais, o que ajuda a explicar por que as passagens são caras em comparação com outros países.
Além disso, a carga tributária brasileira sobre o setor aéreo é uma das mais pesadas do mundo, sem falar que ele é confuso e oneroso. Incide sobre combustível, peças, manutenção, tarifas aeroportuárias e até sobre financiamentos. Em meio a essas pressões, o combustível de aviação no Brasil figura entre os mais caros do mundo, agravando ainda mais o quadro.
Outro peso adicional: o Brasil lidera o ranking mundial de processos judiciais contra companhias aéreas, concentrando 98,5% das ações do tipo no planeta. Essas ações — muitas vezes estimuladas por advogados especializados em buscar brechas — geram custos adicionais, que acabam repassados aos passageiros.
As companhias aéreas ainda enfrentam problemas que não controlam, como as colisões com aves, os chamados “bird strikes”. São mais de 2 mil registros anuais no Brasil. Os aeroportos muitas vezes ficam próximos a lixões e áreas de atração de aves, mas quem arca com o prejuízo é sempre a companhia aérea: conserto de aeronaves, hospedagem de passageiros, indenizações e reacomodação de voos.
O Brasil já perdeu importantes companhias aéreas como Varig, Vasp, Transbrasil, Avianca Brasil, Webjet e BRA. Hoje, apenas três companhias aéreas operam regularmente: Azul, Gol e Latam. A quarta, a Voepass, também entrou em recuperação judicial.
Nos Estados Unidos, em contraste, existem mais de 80 companhias aéreas — entre nacionais, internacionais e regionais. Apesar de um mercado muito maior, o ambiente lá é mais estável: o setor não é visto como um luxo, mas como um serviço essencial, o que gera políticas e regulações mais favoráveis.
A crise das companhias aéreas no Brasil não surgiu apenas com a pandemia ou com a recente valorização do dólar. Ela vem de um ambiente de negócios hostil, que não favorece o transporte aéreo: juros elevados, carga tributária absurda, infraestrutura deficitária e uma visão governamental que considera avião coisa de rico.
As companhias aéreas não podem depender só de rotas lotadas como São Paulo-Rio, São Paulo-Brasília ou São Paulo-Belo Horizonte. É preciso criar condições para que todos os brasileiros possam viajar sem serem taxados como ricos — e sem que o governo trate o transporte aéreo como uma galinha dos ovos de ouro a ser explorada até a morte.
A crise das companhias aéreas no Brasil é, acima de tudo, um retrato de um país que precisa rever suas prioridades. Se o governo seguir tratando o setor como uma máquina de impostos infinita, o ciclo de falências e recuperações judiciais vai continuar. E quem perde, no fim, é o Brasil, que fica cada vez mais isolado e desconectado.
Incidente ocorreu após estouro de pneu durante a decolagem
Azul reorganiza frota para cortar custos e reduzir emissões
Venda de motores de aviões para a COMAC gera nova tensão entre EUA e China
Pouso de emergência em Jundiaí ocorreu após alerta no trem de pouso; a piloto demonstrou…
Declaração reforça compromisso com clientes, equipe e credores mesmo após acionamento do Chapter 11
Susto a bordo em São Paulo: pouso seguro do avião King Air E-90 PT-LHZ em…