Atraso nas entregas dos caças Gripen para a FAB
FAB paga mais caro por menos aviões: atrasos no Gripen se acumulam até 2032
O contrato bilionário para a compra dos caças Gripen F-39E/F pela Força Aérea Brasileira (FAB) voltou ao centro do debate em Brasília. O programa, firmado em 2015 após anos de negociações, previa 36 aeronaves entregues até 2025. Entretanto, já acumula 12 aditivos contratuais e foi empurrado para 2032, quase uma década além do plano inicial.
Durante audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado, o tenente-brigadeiro Walcyr Josué de Castilho Araújo, chefe do Estado-Maior da Aeronáutica, confirmou o atraso e detalhou o novo cronograma. A FAB reconhece que a falta de previsibilidade orçamentária comprometeu a execução. “Só o valor adicional já representaria seis aeronaves a mais das 36 contratadas”, afirmou o oficial.
Brasil já pagou por seis caças que nunca receberá
Além do atraso, há um problema financeiro grave. A FAB já gasta 13% a mais no contrato, o que equivale ao preço de seis caças adicionais que não serão entregues. Na prática, o Brasil pagará como se fossem 42 aeronaves, mas receberá apenas 36.
Essa distorção gera duplo prejuízo. De um lado, a FAB desembolsa mais sem aumentar sua frota. De outro, precisa manter os veteranos F-5EM/FM em operação por mais tempo. Embora tenham recebido modernizações, esses caças já ultrapassaram 50 anos de serviço e enfrentam limites técnicos cada vez mais evidentes.
Novo cronograma de entregas até 2032
A nova programação confirma a lentidão das entregas. Apenas um caça chegará em 2026, contrastando com o plano original que previa 10 caças em 2024. O calendário atualizado segue o seguinte ritmo:
Ano | Quantidade de caças Gripen | Observações |
---|---|---|
2026 | 1 unidade | Primeira entrega do novo ciclo |
2027 | 4 unidades | Entregas parciais |
2028 | 5 unidades | Ritmo crescente |
2029 | 2 unidades | Baixo volume |
2030 | 3 unidades | Continuidade limitada |
2031 | 5 unidades | Ritmo retomado |
2032 | 5 unidades | Último lote previsto |
Total (2026–2032) | 25 unidades | Somadas às entregas anteriores completam 36 caças |
Esse novo cronograma representa um atraso de sete anos em relação ao contrato original e obriga a FAB a administrar um período prolongado de vulnerabilidade operacional.
Alternativas emergenciais diante da crise no cronograma dos caças Gripen
Enquanto as entregas se arrastam, a FAB avalia alternativas no mercado internacional. Entre elas, está a compra de caças Gripen C/D usados da Suécia, além da possibilidade de aquisição de F-16 de segunda mão dos Estados Unidos. Essas medidas paliativas visam evitar um apagão de defesa aérea até a chegada de todos os F-39E/F.
Os engenheiros ainda prolongam a vida útil dos F-5, mas a frota já dá sinais de exaustão. Assim, a dependência de soluções emergenciais se torna inevitável.
Crise no cronograma dos caças Gripen e impacto estratégico
Os atrasos no programa Gripen não afetam apenas o orçamento, mas também a credibilidade internacional do Brasil em contratos de defesa. Países parceiros observam a dificuldade nacional em manter previsibilidade financeira, o que pode comprometer futuras negociações de tecnologia sensível.
Além disso, o prolongamento da entrega dos caças abre uma janela de vulnerabilidade no espaço aéreo brasileiro. O país precisará administrar um período de pelo menos sete anos em que sua frota principal de combate continuará dependendo de aeronaves antigas, sem a cobertura integral prevista pelo programa FX-2.
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