A história do DC-3 da VARIG destruído em 2020 e o contraste com o exemplar preservado em Canarana–MT
DC-3 da Varig destruído em 2020 após diagnóstico irreversível
Em 31 de janeiro de 2020, o DC-3 da VARIG destruído em 2020 teve sua trajetória encerrada após décadas de serviço e abandono. A aeronave, de matrícula PP-VBF, foi entregue à Força Aérea dos Estados Unidos em 1942, como C-47A Dakota, número de série 10156. Após cumprir missões durante a Segunda Guerra Mundial, ela passou ao uso civil. Em 1946, Howard Hughes, ícone da aviação norte-americana, adquiriu o avião. Dois anos mais tarde, ele chegou ao Brasil e iniciou operações na VARIG, onde permaneceu até 1971.

Longo período de exposição agravou o estado da aeronave
Depois da aposentadoria, o DC-3 virou atração fixa no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, a partir de 1974. Apesar de sua importância histórica, a exposição constante à maresia e ao vandalismo acelerou sua degradação. O tempo agiu com severidade. Além disso, o interior do avião passou a ser utilizado como abrigo por moradores de rua. Diante desse cenário, a Fundação Rubem Berta transferiu o PP-VBF para a área do Aeroporto do Galeão. Havia planos de restauração. No entanto, a falência da VARIG impediu sua concretização.
Laudo técnico inviabilizou qualquer tentativa de recuperação
Em 2019, a concessionária RIOgaleão solicitou a liberação da área onde a aeronave permanecia estacionada. Para avaliar sua condição, o Museu Aeroespacial (MUSAL) realizou uma inspeção completa. O relatório apontou corrosão generalizada em toda a fuselagem e danos severos na junção das asas com a estrutura principal. Além disso, o transporte exigiria desmontagem completa, o que tornaria o processo ainda mais complexo. Nesse cenário, qualquer esforço de recuperação custaria mais de R$ 300 mil. Portanto, o parecer técnico descartou a preservação integral da aeronave.
Museu salvou peças históricas antes da destruição final
Com o laudo técnico em mãos, a massa falida da VARIG alegou que buscou apoio de diversas instituições. Contudo, nenhuma delas se dispôs a assumir o projeto. Por isso, a administração judicial autorizou a retirada das peças ainda aproveitáveis. O MUSAL liderou a operação de resgate. Entre os itens salvos estavam manche, manetes, instrumentos, pneus, rodas, painéis, assentos e até o banheiro completo. Todos esses componentes foram transferidos à reserva técnica do museu. Dessa forma, poderão reforçar a preservação de outros DC-3 existentes no país.
A decisão de destruir o DC-3 causou revolta entre entusiastas
A demolição do DC-3 da VARIG em 2020 mobilizou a comunidade aeronáutica. Muitos consideraram a decisão precipitada e lamentável. A FENTAC, entidade ligada à CUT, emitiu nota afirmando que a preservação da aeronave não passava de “mero saudosismo”. Segundo a entidade, os custos impediam sua manutenção. No entanto, outros exemplos mostram caminhos diferentes. O caso do P-47 restaurado no MUSAL, por exemplo, contou com apoio popular e patrocínios. Por isso, muitos acreditam que o PP-VBF também poderia ter sido salvo. Faltaram articulação e vontade institucional.
Exemplar de Canarana mostra como a preservação é viável
O destino do PP-VBF contrasta com o de outro DC-3: o PP-YPU, instalado em Canarana–MT. Fabricado pela Douglas em 1944, o avião serviu na USAAF e na RAF. Após a guerra, ele foi comprado por empresas canadenses e chegou ao Brasil em 1946. Aqui, operou pela Linhas Aéreas Natal, depois pela Real Transportes Aéreos e, por fim, pela própria VARIG. Em 1972, a aeronave foi adquirida pela Caraíba Metais. Já em 1981, o então prefeito Luiz Cancian levou o avião para a Praça Siegfried Roewer e o transformou em monumento.
Monumento se tornou símbolo de história e pertencimento
Conhecido como “VACA” — sigla de Viação Aérea Canarana — o DC-3 permanece em excelente estado. A comunidade cuida da aeronave com zelo e orgulho. O avião virou ponto turístico, espaço educativo e referência cultural para a cidade. Além disso, ele representa a história da colonização local. Sem vandalismo e com manutenção periódica, o PP-YPU demonstra que preservar é possível. Tudo depende da iniciativa local, do envolvimento comunitário e da valorização da memória. Canarana mostra exatamente o que faltou no Rio de Janeiro: compromisso com o passado.
Duas histórias, dois destinos: o DC-3 da VARIG destruído em 2020 e o de Canarana preservado
O DC-3 da VARIG destruído em 2020 serve como alerta sobre o risco de ignorar o patrimônio histórico. Em contrapartida, o exemplar de Canarana mostra o impacto positivo da preservação bem conduzida. Ambos os aviões cumpriram papéis fundamentais no passado. Entretanto, apenas um deles segue de pé — com dignidade, significado e propósito. Para conhecer os detalhes completos da história do DC-3 de Canarana, acesse o material já publicado aqui no AeroJota.
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