Um Plano de voo que pode decidir entre a Vida e a Morte.
Um ano depois do desaparecimento do avião Airbus 330-200 do voo 447 da Air France no oceano cumprindo o trajeto Rio-Paris, outro Airbus, dessa vez, da Qantas Airawys, taxiou da pista de Cingapura, solicitou permissão para dar início ao voo de oito horas até Sydney e decolou rumo ao céu claro daquela manhã com proa setada nos modernos instrumentos de navegação.
O avião da Qantas que voava naquele dia tinha o mesmo sistema de voo automático da aeronave da Air France que havia precipitado no mar. Mas os laudos confirmam que os pilotos eram muito diferentes. Antes mesmo de embarcar no voo 32 da Qantas, o veterano comandante Richard Champion de Crespigny já estava instruindo a tripulação quanto aos modelos mentais que esperava que todos usassem.’Quero que imaginemos a primeira atitude que tomaremos se tivermos algum problema’, disse ele aos copilotos quando estavam na Van que saiu do hotel Fairmont rumo ao aeroporto Changi de Cingapura.
‘Imaginem que há uma pane em uma das turbinas. Qual o primeiro lugar que olhamos?’ Os pilotos se alternaram para descrever o ponto para onde se dirigiriam os olhos. De Crespigny conduzia a mesma conversa antes de todos os voos. Seus copilotos sabiam que deveriam esperá-la. Ele perguntava que telas cada um deveria olhar durante uma emergência pela proa, para onde as mãos iriam caso soasse um alarme, se eles virariam a cabeça para à esquerda ou continuariam olhando avante.
‘A realidade dos aviões modernos é que são 250 mil sensores e computadores que às vezes não sabem a diferença entre porcaria e bom senso’. ‘É por isso que temos pilotos humanos, eles têm o trabalho de pensar continuamente no que pode acontecer, não no que acontece.
‘Depois da sessão de visualização da equipe, De Crespigny apresentava algumas regras. ‘Todos têm a responsabilidade de me falar se discordam de minhas decisões ou se acham que estou deixando passar algo.”Mark’, disse ele, indicando um copiloto, ‘se você vir que todo mundo baixou os olhos, quero que você olhe para cima. Se todo mundo estiver olhando para cima, você olha para baixo. Provavelmente vamos cometer pelo menos um erro durante o voo. Cada um de vocês é responsável por descobrir essas falhas.’Quatrocentos e quarenta passageiros estavam se preparando para embarcar no avião quando os pilotos entraram na cabine de comando, a tripulação tinha tudo na cabeça seu comportamento durante todo o voo. Emergências acontecem, pois o avião é uma máquina, mas se você estiver preparado para tal e souber o que fazer, pode salvar sua vida e de seus preciosos passageiros.
Estudos indicam que mentes brilhantes não pensam necessariamente de maneira semelhante, mas acabam juntando-se umas às outras, atraídas por alguma força poderosa e desconhecida. Os instintos vitais lutando contra os instintos mortais.
Coluna de JPassarelli
Cmdte. José Passarelli
Engenheiro Cívil
Professor Universitário
Instrutor de Navegação Aérea
Teoria de Voo
Aerodinâmica em Voo em Escolas de Aviação Civil
Escreve voluntariamente para o site AeroJota