Pressão silenciosa dos EUA por acesso estratégico a Fernando de Noronha e Natal preocupa setores militares no Brasil
Conversas informais citam investimentos históricos e interesses geopolíticos no Atlântico Sul
Enquanto o mundo acompanha guerras e tensões globais, um movimento diplomático discreto preocupa autoridades brasileiras. Representantes do Partido Republicano dos Estados Unidos, ligados ao círculo político de Donald Trump, iniciaram conversas informais com interlocutores nacionais. O objetivo dessas articulações é garantir o acesso estratégico dos EUA a Fernando de Noronha e a Base Aérea de Natal, duas posições-chave para operações militares no Atlântico Sul.
Argumento utilizado remonta à Segunda Guerra Mundial
Segundo o site DefesaNet, representantes dos Estados Unidos usam um argumento controverso para justificar o interesse estratégico em bases brasileiras. Eles defendem um suposto “direito histórico de retorno operacional”, com base em investimentos feitos durante a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria. Além disso, setores ligados ao trumpismo repetem esse raciocínio ao falar sobre o Canal do Panamá. Segundo eles, os EUA deveriam reassumir o controle técnico da estrutura interoceânica.
Fernando de Noronha: sensor avançado no Atlântico Sul
O interesse dos EUA por Fernando de Noronha não acontece por acaso. A posição estratégica do arquipélago, no Atlântico Sul equatorial, atrai atenção por seu potencial militar. Analistas de defesa destacam que a ilha permite a instalação de sensores, radares de superfície e sistemas de inteligência eletrônica. Além disso, essa estrutura facilita o monitoramento de rotas navais e aéreas entre a América do Sul, o Atlântico médio e a costa da África Ocidental.
Base Aérea de Natal: elo logístico transcontinental
Já a Base Aérea de Natal possui uma importância histórica consolidada. Conhecida como o “Trampolim da Vitória” durante a Segunda Guerra, a BANT foi fundamental para o deslocamento de tropas e equipamentos rumo à África e Europa. Hoje, a base segue operando com infraestrutura robusta, apta a receber aeronaves estratégicas como o KC-135 Stratotanker e o KC-46 Pegasus.
Sua localização privilegiada no extremo nordeste do Brasil facilita o acesso a rotas transatlânticas e ao porto de Natal, qualificando a instalação como um centro logístico valioso. A base também pode ser utilizada em operações de reabastecimento aéreo, evacuação médica e mobilização rápida de tropas em situações emergenciais no Caribe, na África ou na América do Sul.
Além disso, o aeroporto de Fernando de Noronha oferece suporte técnico e operacional para aeronaves de vigilância e drones de longa duração, como os MQ-9 Reaper. Por esse motivo, os EUA enxergam na ilha uma base ideal para coberturas persistentes em áreas sensíveis. Adicionalmente, a integração com satélites de comunicação e sistemas de monitoramento oceânico — incluindo sinais AIS e imagens SAR — fortalece o valor estratégico da posição. Portanto, Fernando de Noronha pode contribuir diretamente para o domínio situacional regional.
Considerações estratégicas e preocupações brasileiras
Segundo especialistas consultados pelo DefesaNet, as bases de Noronha e Natal oferecem aos EUA uma vantagem significativa no que se refere à arquitetura de comando, controle, computadores, comunicações e inteligência (C4ISR). Com o Atlântico Sul ganhando importância estratégica diante do avanço de potências como China e Rússia, a movimentação norte-americana levanta dúvidas sobre possíveis impactos na soberania nacional.
Embora as conversas estejam, por ora, em um nível informal, analistas brasileiros consideram essencial acompanhar de perto essas articulações. Afinal, qualquer concessão de uso ou presença militar estrangeira em território nacional exige aprovação formal do Congresso Nacional e debate amplo com a sociedade.
