Evasão de pilotos militares da FAB já soma 59 baixas em 2025

Jota

4 de outubro de 2025

Evasão de Pilotos da FAB ja chegam a 59 até setembro 2025-Imagem FAB

A evasão de pilotos militares da FAB transformou-se em um dos temas mais sensíveis dentro da Aeronáutica em 2025. Oficiais com anos de experiência estão deixando o serviço ativo em ritmo cada vez mais acelerado, o que levanta alertas sobre a sustentabilidade da aviação militar brasileira. O Alto Comando da Aeronáutica acompanha o avanço do problema com preocupação. A perda crescente de profissionais experientes ameaça comprometer tanto a formação de novas turmas quanto a capacidade operacional da Força Aérea.

Evasão de Pilotos da FAB ja chegam a 59 até setembro 2025-Imagem FAB
Evasão de Pilotos da FAB ja chegam a 59 até setembro 2025-Imagem FAB

Entre janeiro e setembro deste ano, 59 pilotos decidiram deixar a Força Aérea Brasileira, número que acendeu um sinal de alerta no Alto Comando da Aeronáutica. O volume de baixas, que praticamente dobrou em relação a 2024, revela uma crise silenciosa que ameaça a estrutura operacional e a formação de novas gerações de aviadores.

O dado chama atenção porque nunca tantos pilotos haviam deixado a FAB em um período tão curto. A evasão, antes vista como pontual, passou a ser encarada como um fenômeno estrutural, refletindo problemas de motivação, orçamento e valorização dentro da carreira militar.

Os dados consolidados até setembro confirmam que a evasão atingiu um patamar histórico. No total, 59 aviadores militares pediram desligamento da Força Aérea Brasileira. Entre eles estão 5 Major, 26 capitães e 28 tenentes, todos em plena capacidade operacional.

Entre 2019 e 2022, a média anual de baixas era de apenas oito aviadores. Em 2023, o total subiu para quinze, e em 2024 chegou a trinta. Agora, com 59 baixas apenas até o mês de setembro de 2025, ou seja, a evasão de pilotos militares da FAB praticamente dobrou em relação ao ano anterior.

Apenas no primeiro trimestre, 45 oficiais, sendo 22 pilotos, já haviam deixado o serviço ativo, – subiu para 59 -. Portanto, o ritmo acelerado evidencia uma perda de capital humano difícil de ser reposta. Dessa forma, a curva ascendente de 2025 não é um caso isolado, mas o reflexo de uma crise estrutural de retenção que se intensifica a cada ano.

A formação de um aviador militar envolve um investimento público gigantesco. O processo começa na Escola Preparatória de Cadetes do Ar, passa pela Academia da Força Aérea e se estende por cursos de especialização, simuladores e missões operacionais. Cada etapa demanda instrutores, aeronaves, combustível e manutenção, tudo financiado com recursos da União.

O custo médio estimado para formar e manter um aviador até seus primeiros anos de carreira ultrapassa R$ 27 milhões. Assim, com 59 desligamentos em 2025, o prejuízo em capital humano alcança aproximadamente R$ 1,6 bilhão — valor equivalente a 16 aeronaves A-29 Super Tucano, modelo usado em missões de ataque leve e treinamento avançado. Portanto, a evasão de pilotos militares da FAB representa um desperdício estratégico sem precedentes e exige respostas urgentes do governo e do comando militar.

Entre as causas apontadas pelos próprios oficiais estão a diferença salarial em relação à aviação civil, a redução drástica das horas de voo e a falta de previsibilidade orçamentária. Em 2014, a FAB acumulava cerca de 155 mil horas de voo anuais. Em 2025, o total caiu para pouco mais de 80 mil, o que compromete diretamente o treinamento e a motivação, e deve reduzir ainda mais.

Além disso, o congelamento de verbas do Ministério da Defesa e as limitações de infraestrutura tornam a carreira menos atrativa. Consequentemente, muitos pilotos migraram para companhias aéreas e para a aviação executiva, onde encontram melhores condições de trabalho e de voo e estabilidade financeira. Assim, o setor privado se beneficia de profissionais altamente capacitados formados com recursos públicos, enquanto a Força Aérea enfrenta dificuldades crescentes para manter seu efetivo qualificado.

A evasão de pilotos militares da FAB é um rombo invisível nas contas nacionais. Ela não aparece no orçamento, mas corrói silenciosamente a capacidade defensiva do país. Cada piloto que abandona a farda leva consigo experiência, conhecimento técnico e liderança operacional que levam anos para serem substituídos.

Por esse motivo, o Alto Comando da Aeronáutica avalia novas medidas de retenção, como revisão de gratificações, ampliação das horas de voo e valorização profissional. Entretanto, sem políticas permanentes e previsibilidade orçamentária, o ciclo de evasão tende a se repetir, ampliando o prejuízo humano e financeiro.

Mais do que uma questão administrativa, essa evasão reflete um problema estratégico de Estado, pois ameaça a capacidade de prontidão da aviação militar e evidência o custo invisível de uma crise que o país ainda subestima.

Evasão de Pilotos da FAB ja chegam a 59 até setembro 2025-Imagem Cel Av RR Gerson Gomes X
Evasão de Pilotos da FAB ja chegam a 59 até setembro 2025-Imagem Cel Av RR Gerson Gomes X

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