F-39E Gripen o caça continua moderno, mas o tempo é implacável

Jota

10 de outubro de 2025

F-39E Gripen o caça continua moderno, mas até quando_Imagem Ilustrativa

O F-39E Gripen o caça continua moderno, mas sua trajetória no Brasil mostra como um projeto promissor pode se perder no tempo. O contrato, firmado em 2014, previa 36 aeronaves até 2024. Passados dez anos, a Força Aérea Brasileira recebeu apenas 09 caças, enquanto o novo prazo estende as entregas até 2032.

O acordo, avaliado em SEK 39,3 bilhões (cerca de US$ 5,4 bilhões à época), incluía transferência de tecnologia e financiamento sueco. Porém, as constantes renegociações aumentaram o custo em 13%, o que equivale a seis aeronaves adicionais sem ampliar a frota.

F-39E Gripen o caça continua moderno, mas até quando_Imagem Ilustrativa
F-39E Gripen o caça continua moderno, mas até quando_Imagem Ilustrativa

O prolongamento do cronograma transformou o F-39E Gripen em símbolo da instabilidade orçamentária nacional. O Tenente-Brigadeiro do Ar Walcyr Josué afirmou no Senado que a ausência de fluxo financeiro regular provoca aditivos sucessivos e encarece o projeto.

Hoje, a FAB projeta concluir as entregas em 2032, quase oito anos além do previsto inicialmente. Essa demora reduz a capacidade de planejamento e dificulta a modernização da defesa aérea, que depende do Gripen como espinha dorsal de sua frota.

Outro problema grave envolve a munição do canhão BK-27, usada pelo F-39E Gripen. A munição 27×145 mm, fabricada pela alemã Rheinmetall, chega ao Brasil por importação e depende de disponibilidade financeira.

A Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) propôs fabricar o calibre no país. No entanto, o processo de homologação pode levar de três até cinco anos e exige investimentos milionários. Sem previsibilidade de pedidos e pagamento, a produção nacional permanece apenas no papel, deixando a FAB vulnerável em treinamentos e estoques.

Enquanto o Brasil tenta ajustar o cronograma, Colômbia e Peru avançam nas tratativas para adquirir o Gripen E/F. A Colômbia já assinou uma carta de intenções com a Saab, e o Peru mantém negociações que envolvem até 24 aeronaves.

Esses países, por contarem com pagamentos previsíveis e contratos diretos, podem receber os caças antes do Brasil. Essa diferença reforça a importância da estabilidade fiscal e revela como a incerteza interna compromete a posição brasileira no cenário regional.

O caso do KC-390 Millennium reforça o padrão de atrasos. O projeto começou com 28 aeronaves encomendadas pela Força Aérea Brasileira, número anunciado durante o lançamento oficial do programa em 2014.

Em 2021, a FAB e a Embraer renegociaram o contrato, reduzindo o total para 22 unidades. No ano seguinte, em 2022, um novo aditivo diminuiu novamente o pedido para 19 aeronaves, com cronograma estendido até 2034.

Atualmente, a FAB recebe uma aeronave por ano, e oito unidades já foram entregues. Esse ritmo lento compromete a capacidade operacional e reflete o mesmo problema enfrentado pelo F-39E Gripen: a falta de previsibilidade orçamentária e a dependência de decisões políticas.

Esse cenário confirma que o problema ultrapassa o programa do Gripen. A ausência de previsibilidade orçamentária compromete toda a aviação militar brasileira e transforma conquistas tecnológicas em vitórias demoradas.

Economistas e analistas de defesa alertam que o Brasil pode enfrentar colapso fiscal entre 2026 e 2027, caso mantenha o atual modelo de gastos. Nesse contexto, não há garantia de que as entregas do F-39E Gripen terminem até 2032 e a do KC 390 em 2034.

A imprensa especializada também destaca que políticas de perfil socialista e intervencionista ampliam a imprevisibilidade e afastam investimentos estratégicos. Para a FAB, isso representa risco direto à continuidade do programa e à soberania aérea nacional.

Mesmo diante dos atrasos, o F-39E Gripen continua sendo um caça moderno e mantém relevância tecnológica. O caça é leve, ágil e altamente adaptável, o que garante vantagens sobre aeronaves de gerações anteriores.

Entretanto, o tempo cobra caro. Com o novo cronograma, o Brasil levará 17 anos para completar as entregas. Até lá, novos caças e tecnologias surgirão, e a inovação conquistada em 2014 pode se transformar em um avanço parcialmente superado.

O F-39E Gripen ainda é um caça moderno, mas o futuro da defesa aérea brasileira depende de decisões políticas consistentes. Sem previsibilidade, a modernidade se desgasta, e o sonho de uma FAB plenamente equipada se afasta. O relógio, mais uma vez, virou o inimigo do progresso.

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