Frota de MD-11F é paralisada nos EUA após acidente com avião da UPS Airlines

Jota

9 de novembro de 2025

Frota-de-MD-11-e-paralisada-nos-EUA-apos-acidente-com-aviao-da-UPS-Airlines_Imagem-Ilustrativa

A frota de MD-11F nos EUA foi paralisada após o grave acidente com um cargueiro da UPS Airlines em Louisville, Kentucky. O modelo McDonnell Douglas MD-11F, desenvolvido no fim dos anos 1990, ainda é amplamente utilizado no transporte de cargas de longo alcance. Por esse motivo, a decisão da Federal Aviation Administration (FAA) de suspender as operações provocou grande repercussão no setor aéreo. Enquanto isso, o National Transportation Safety Board (NTSB) conduz uma investigação detalhada para determinar as causas do acidente.

A aeronave, matrícula N292UP, cumpria o voo UPS 2976 na noite de 4 de novembro de 2025 quando sofreu uma falha crítica no motor esquerdo durante a decolagem. Testemunhas relataram a separação do motor da asa antes da perda de controle. O jato caiu em uma área industrial próxima ao Aeroporto Internacional Muhammad Ali, causando um incêndio de grandes proporções e a morte de 14 pessoas, entre tripulantes e moradores locais.

A FAA reagiu rapidamente e emitiu uma Diretiva de Aeronavegabilidade de Emergência, exigindo inspeções imediatas em todas as aeronaves do tipo. Em paralelo, o NTSB iniciou a análise dos gravadores de dados e de voz, ambos recuperados em bom estado. Segundo informações preliminares, o MD-11F havia passado por manutenção pesada em San Antonio, no Texas, semanas antes do acidente. A suspeita de uma falha estrutural no suporte do motor motivou a paralisação de toda a frota de MD-11F nos EUA até que novas avaliações garantam a segurança operacional.

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Antes do acidente em Louisville, três companhias norte-americanas concentravam praticamente toda a frota mundial remanescente do McDonnell Douglas MD-11F: FedEx Express, UPS Airlines e Western Global Airlines. A FedEx possuía cerca de 38 aeronaves em operação e outras 34 em armazenamento, enquanto a UPS mantinha 25 unidades ativas e seis em reserva técnica. Já a Western Global Airlines operava aproximadamente seis aviões, parte de uma frota de 15 unidades mantidas em manutenção ou armazenadas em bases de longo prazo.

No total, essas empresas reuniam cerca de 120 aeronaves MD-11F, das quais pouco menos de 70 estavam em operação regular até o acidente da UPS. A paralisação imposta pela Federal Aviation Administration (FAA) suspendeu todas as atividades do modelo, afetando diretamente o transporte de carga nos Estados Unidos e em rotas intercontinentais.

Para reduzir o impacto, as companhias deslocaram aeronaves Boeing 767F e 777F para as principais rotas de longa distância e reorganizaram seus hubs logísticos. Essa reestruturação priorizou voos críticos e redistribuiu a malha aérea, mas mesmo assim resultou em atrasos e aumento de custos operacionais. O volume transportado caiu de forma perceptível nos primeiros dias após a suspensão, evidenciando a dependência que ainda existe do MD-11F na aviação cargueira norte-americana.

Tanto a FedEx quanto a UPS já vinham reduzindo gradualmente o uso do MD-11F antes do acidente. A idade média elevada, o consumo de combustível e os custos de manutenção tornaram o modelo menos competitivo em relação às aeronaves de nova geração. Assim, os dois operadores iniciaram programas de modernização para substituir o trijato por modelos Boeing 767-300F e 777F, mais econômicos e com menor custo por tonelada transportada.

De acordo com especialistas da FreightWaves e da Cargo Facts, o acidente em Louisville acelerou essa substituição. Além de impulsionar a retirada das aeronaves mais antigas, a paralisação reforçou a necessidade de revisar os planos de manutenção e de ampliar o uso de cargueiros mais eficientes. A tendência, portanto, é que o MD-11F seja gradualmente aposentado ao longo dos próximos anos, encerrando uma trajetória de mais de três décadas de operação nas maiores empresas de carga do mundo.

Consequências e investigação em andamento

A paralisação da frota de MD-11F nos EUA afetou também o transporte intercontinental. Diversas rotas entre a América do Norte, a Europa e a Ásia dependiam da autonomia e da capacidade do modelo. Para minimizar os prejuízos, as companhias ampliaram a frequência de voos com aeronaves menores e firmaram acordos de cooperação com transportadoras regionais. Mesmo assim, os ajustes exigiram tempo e elevaram os custos de operação no curto prazo.

Enquanto isso, a investigação do NTSB avança em várias frentes. As equipes analisam o histórico de manutenção, os boletins técnicos e as inspeções recentes realizadas na aeronave. Caso os peritos confirmem uma falha estrutural repetitiva, a FAA deverá expandir as exigências para aeronaves armazenadas e emitir novas diretrizes de segurança. Contudo, se o problema for considerado pontual, parte da frota poderá retornar ao serviço após a liberação oficial.

O McDonnell Douglas MD-11F entrou em operação em 1990 como sucessor do DC-10, com maior alcance e capacidade de carga. Durante mais de três décadas, o modelo serviu às maiores companhias cargueiras do mundo, incluindo UPS, FedEx e Lufthansa Cargo. Contudo, seu alto custo operacional e complexidade técnica tornaram o avião menos competitivo diante de modelos mais modernos.

Apesar disso, o MD-11F continua admirado por sua robustez e pela imagem icônica de seus três motores — dois sob as asas e um na cauda. Pilotos e entusiastas o descrevem como uma aeronave desafiadora, mas confiável. Ainda assim, a busca por eficiência ambiental e redução de custos aponta para o encerramento definitivo de sua carreira ativa. O acidente em Louisville simboliza, portanto, não apenas uma tragédia, mas também o fim de uma era na aviação cargueira mundial.

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