Mais brasileiros viajam de avião que de ônibus, diz governo federal
Governo Federal diz que brasileiro usou mais avião do que ônibus em viagens
O governo diz que brasileiro viaja mais de avião que de ônibus, segundo dados do IBGE divulgados em 2 de outubro de 2025. O levantamento, referente a 2024, foi apresentado pelo Governo Federal e amplamente repercutido pela Empresa Brasileira de Comunicação EBC, emissora estatal que divulgou a informação como símbolo de prosperidade e crescimento do poder de compra da população.
Porém, ao analisar o cenário real da aviação civil, o contraste se torna evidente. As companhias enfrentam dificuldades financeiras, reduzem rotas e recorrem à recuperação judicial. Se o brasileiro realmente está voando mais, como explicar que as empresas continuam em crise?
A divulgação do governo foi feita de forma triunfal, mas os números, sem explicações detalhadas, levantam dúvidas sobre a metodologia utilizada e a representatividade dos dados para o país.
Companhias aéreas em crise e passagens nas alturas
O panorama financeiro do setor aéreo preocupa cada vez mais. As passagens atingem valores entre os mais altos da década, impulsionadas pelo aumento do combustível, pela cotação do dólar e pela falta de peças importadas. Além disso, a Gol continua em recuperação judicial no Brasil, enquanto a Azul buscou proteção contra credores nos Estados Unidos, mostrando que o problema é estrutural.
Companhias regionais de menor porte enfrentam um cenário ainda mais desafiador. Muitas cancelaram rotas e reduziram voos para cidades médias e pequenas, concentrando suas operações nas capitais. Mesmo com o crescimento do turismo interno, o número de destinos atendidos caiu, e a aviação regional perdeu força.
Esses fatos dificultam sustentar o discurso otimista do Governo Federal, que insiste em afirmar que o brasileiro viaja mais de avião que de ônibus.
O transporte rodoviário resiste à crise
Enquanto o setor aéreo enfrenta turbulência, o transporte rodoviário mantém estabilidade e prova sua resiliência. As empresas de ônibus seguem operando sem fusões emergenciais, falências ou pedidos de recuperação judicial. Mesmo com custos altos de operação, continuam conectando regiões e oferecendo tarifas mais acessíveis.
Além disso, o avanço das plataformas de fretamento, como Buser, wemobi e 4Bus, transformou o mercado. Hoje, milhões de passageiros optam por esse modelo, que oferece flexibilidade e preços menores. Entretanto, muitos desses viajantes não entram nas estatísticas oficiais.
Caso o levantamento do Governo Federal tenha considerado apenas as linhas regulares, os dados ficaram distorcidos. Portanto, a comparação entre transporte aéreo e rodoviário perde precisão. Essa exclusão favorece a narrativa de que os aviões transportaram mais passageiros, embora a realidade seja bem diferente.
Passageiros estrangeiros podem ter inflado os números
Outro fator que precisa de clareza é a origem dos passageiros contados pelo IBGE. A pesquisa diferencia brasileiros e estrangeiros, ou soma todos no mesmo grupo que usam avião para viagem? Desde a reabertura pós-pandemia, o turismo internacional cresceu significativamente.
Se o IBGE incluiu estrangeiros na soma total, o resultado divulgado pelo Governo Federal se torna questionável. Assim, o suposto aumento das viagens de avião pode refletir apenas o fluxo de turistas internacionais, e não uma melhora da renda dos brasileiros.
Consequentemente, a frase de que o governo diz que brasileiro viaja mais de avião que de ônibus soa frágil quando confrontada com a realidade econômica e operacional do setor.
A divulgação otimista da EBC e o discurso político do Governo Lula
A EBC, estatal de comunicação, apresentou os dados como sucesso das políticas do Governo Lula, sem realizar contrapontos. No entanto, uma emissora pública deve informar e contextualizar, e não apenas reproduzir o discurso oficial.
Ao tratar o número como uma conquista, a EBC ignorou a crise das companhias, o valor elevado das passagens e o enfraquecimento da aviação regional. Dessa forma, o noticiário reforçou a ideia de um país “voando alto”, enquanto o passageiro enfrenta tarifas recordes e cancelamentos diários.
Esse tipo de cobertura reforça o uso político de estatísticas que, na prática, não traduzem o cotidiano da população.
Entre o discurso e a realidade das pistas
Enquanto o Governo Lula comemora indicadores positivos, a aviação nacional segue enfrentando atrasos em obras, aeroportos subutilizados e frota envelhecida. O contraste entre o discurso e o que se vê nas pistas é evidente.
Por isso, a dúvida permanece: se o brasileiro está viajando mais de avião que de ônibus, onde está a prosperidade que deveria acompanhar esse crescimento?
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