Governo Federal gasta milhões com salas VIP no Aeroporto de Brasília

Jota

25 de agosto de 2025

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O Governo Federal gasta milhões de reais com salas VIP no Aeroporto de Brasília, – não conseguimos saber se em outros aeroportos no Sul, Sudeste, Norte e Nordeste -, em contratos que somam R$ 3,7 milhões anuais só no Distrito Federal. Esses espaços exclusivos para ministros, parlamentares e diplomatas oferecem fast pass, transporte até a aeronave e atendimento diferenciado. Embora legais, tais privilégios levantam dúvidas sobre a eficiência e a moralidade do uso de recursos públicos em tempos que a população perde renda e empregos.

Governo Federal gasta 3.7 milhoes em salas VIP no Aeroporto de Brasília
Governo Federal gasta 3.7 milhoes em salas VIP no Aeroporto de Brasília

Os contratos abrangem órgãos de alto escalão. O Senado Federal mantém uma sala de 20 m², por R$ 379,6 mil ao ano. A Câmara dos Deputados paga R$ 278,4 mil anuais por uma sala de 69 m², com equipe terceirizada de apoio. O STF mantém espaço de 50 m² e serviços de fast pass por R$ 420 mil anuais. O STJ, com sala de 44 m², soma gastos de R$ 818,9 mil.

O Itamaraty vai além: em vez de uma única sala, o ministério paga R$ 1,18 milhão por ano para garantir acesso a quatro salas VIP diferentes no aeroporto — a Doméstica, a Express Norte, a Express Sul e a Internacional. A justificativa é o recebimento de chefes de Estado e autoridades estrangeiras. No entanto, a opção por um pacote tão amplo reforça a percepção de que o gasto ultrapassa o razoável, especialmente porque espaços comerciais já disponíveis poderiam atender a essa finalidade com menor custo.

O caso mais controverso, porém, é o do TST, que decidiu construir uma sala VIP exclusiva de 44 m², avaliada em R$ 1,5 milhão, com custos mínimos de R$ 711,9 mil ao ano.

Essa nova sala VIP do TST expõe a face mais elitista dos gastos. Além do espaço físico, os ministros terão estacionamento exclusivo para si e seus familiares, eliminando qualquer contato com áreas comuns. O acesso ao avião será feito com veículos da própria concessionária, que circularão por dentro do sítio aeroportuário, justamente para que autoridades não tenham de se misturar a passageiros considerados “inconvenientes”.

O pacote inclui ainda acompanhamento individualizado até a porta da aeronave, despacho de bagagens por mensageiro e recepção por funcionário dedicado ao cerimonial. Na prática, trata-se de uma regalia que nem artistas internacionais, dispostos a pagar altos valores por conforto, costumam ter à disposição em Brasília. O luxo financiado pelo contribuinte contrasta com a realidade de milhões de brasileiros que enfrentam filas e atrasos diários nos aeroportos.

As instituições defendem a necessidade dessas salas VIP por razões de segurança e agilidade. O transporte restrito reduziria riscos, segundo os tribunais. No entanto, alguns especialistas em Direito Administrativo, relataram que os gastos devem ser analisados à luz dos princípios da administração pública: eficiência, moralidade e economicidade.

Além disso, o Ministério Público junto ao TCU questiona a ausência de estudos técnicos que comprovem riscos reais de autoridades circularem em áreas comuns. A crítica recai não sobre a legalidade, mas sobre a pertinência da despesa diante das prioridades nacionais.

O Aeroporto de Brasília já possui salas VIP comerciais, acessíveis por programas de fidelidade ou pagamento avulso. Nada impediria que autoridades utilizassem esses espaços mediante contratos pontuais. Optar por estruturas exclusivas, portanto, revela não uma necessidade prática, mas uma cultura de privilégios que reforça a distância entre governantes e governados.

Em um país carente de investimentos em saúde, educação e infraestrutura, a manutenção de salas VIP privativas transmite a mensagem de que a elite política vive em um universo paralelo financiado pelo dinheiro público.

Impacto simbólico

Embora R$ 3,7 milhões anuais sejam uma fração do orçamento federal, o impacto simbólico é devastador. O gasto transmite a imagem de desconexão entre autoridades e sociedade. A crítica não está apenas no valor, mas na escolha de destinar recursos a privilégios em vez de serviços públicos essenciais.

Essa prática reforça a percepção de que Brasília preserva uma elite política cercada de mordomias enquanto a maioria enfrenta precariedades diárias nos serviços públicos.

Privilégio fora de lugar

O Governo Federal gasta milhões com salas VIP no Aeroporto de Brasília, mantendo regalias que não se justificam sob a ótica da moralidade pública. O caso do TST, com direito a estacionamento privativo, transporte interno, despacho de bagagens e atendimento exclusivo, revela o ponto máximo da desconexão entre poder e população.

Mais do que questionar a legalidade, é necessário discutir a legitimidade desses contratos. Afinal, se já existem alternativas comerciais adequadas, por que insistir em perpetuar gastos que simbolizam o distanciamento entre Estado e cidadão?

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