Grupo de Trabalho da FAB pode mudar AFA, EDA e Natal, mas ainda não há decisão

Jota

17 de dezembro de 2025

Grupo-de-Trabalho-da-FAB-analisando-o-futuro-dos-T-25-T-27-e-A-29_Imagem-Ilustrativa

O Grupo de Trabalho criado pela FAB virou o centro de uma polêmica entre aficionados por aviação. Ainda assim, parte do público passou a tratar a criação do GT como se fosse decisão tomada. Isso não corresponde ao que está no ato oficial.

Na prática, a FAB criou um Grupo de Trabalho para avaliar cenários e medir viabilidade. O foco inclui orçamento, operação, logística, prazos e impacto pedagógico. Em outras palavras, o GT existe para estudar e subsidiar decisões futuras.

Grupo-de-Trabalho-da-FAB-analisando-o-futuro-dos-T-25-T-27-e-A-29_Imagem-Ilustrativa
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O tema foi formalizado em documento administrativo da Aeronáutica. A Portaria EMAER nº 130/6SC1, de 4 de dezembro de 2025, instituiu o Grupo de Trabalho. O ato saiu no Boletim do Comando da Aeronáutica nº 235, de 15 de dezembro de 2025.

Além disso, a Portaria lista objetivos e direciona análises para cenários concretos. Por isso, aparecem tópicos como unificação de instrução com T 25M Universal na AFA, dimensionamento do acervo de T 27M e avaliações ligadas ao A 29. Também entra na pauta a hipótese de substituir o A 29 Super Tucano pelo T 27M Tucano no EDA.

O documento ainda define rito de validação e indica prazo de conclusão do estudo até março de 2026. No entanto, não existe cronograma público de implantação. Portanto, a mudança não está automaticamente definida.

Por que existe confusão entre “cenário em estudo” e “decisão”

A confusão cresce porque os itens do GT parecem um desenho pronto. No entanto, o texto do ato trata tudo como análise e viabilidade. O Grupo de Trabalho deve estimar custos, impactos logísticos e prazos mínimos e máximos para eventuais mudanças.

Ao mesmo tempo, o debate ganhou força porque envolve unidades muito conhecidas do público. AFA, EDA e Natal entraram no assunto e impulsionaram comentários. Ainda assim, o cenário depende de números internos e disponibilidade real de frota.

A seguir está o resumo didático do desenho discutido no meio. Esse desenho só existiria se o GT concluir viabilidade econômica, operacional e logística. Portanto, trata-se de hipótese, não de decisão.

Uma linha de estudo avalia a AFA operar a instrução do 1º ao 4º ano somente com T 25M Universal. Essa hipótese cobriria o básico e também o treinamento avançado. No entanto, existe um ponto sensível nessa discussão.

O T 25M Universal não está em produção e a modernização não equivale à reposição industrial. Além disso, não há dado público sobre reserva técnica disponível. Também não foi divulgado o tempo necessário para suprir eventual déficit de aeronaves.

T-25M-da-AFA_Imagem-Sgt-Muller-Marin
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Outra hipótese no estudo é direcionar os T 27M Tucano hoje na AFA para o PAMA LS. A finalidade seria redistribuição para unidades militares e reforço de estoque estratégico. Em contrapartida, a AFA poderia receber mais T 25M para cobrir a saída dos T 27M Tucano.

Nesse desenho, a movimentação buscaria otimizar uso de frota e reduzir sobreposição de missões. Ainda assim, a Portaria não fixa quantitativos. O texto também não apresenta prazos de transferência.

T-27M-Tucano-que-podera-a-voltar-a-voar-no-EDA_Imagem-Cap-Bezerra
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O eixo com maior repercussão envolve o EDA. O GT deve avaliar a substituição do A 29 pelo T 27M no Esquadrão de Demonstração Aérea. Assim, o retorno do T 27M Tucano entra como possibilidade operacional.

Nesse cenário, os A 29 hoje no EDA poderiam seguir para redistribuição. O PAMA LS apareceria como destino provável para triagem e organização do estoque. No entanto, nada disso foi anunciado como execução.

AeroJota _Fumaça 80224
AeroJota _Fumaça 80224

O estudo também menciona a Base Aérea de Natal e o 2º/5º GAv. O desenho debatido sugere receber T 27M para treinamento avançado. Esse treinamento serviria para formar futuros pilotos do A 29 Super Tucano e padronizar transição.

Com isso, os A 29 do 2º/5º GAv poderiam ser recolhidos para redistribuição e reserva técnica. Ao mesmo tempo, outras unidades que operam A 29 poderiam receber reforço. Ainda assim, o texto oficial não detalha a ordem das prioridades.

A-29-Super-Tucano_Imagem-FAB
A-29-Super-Tucano_Imagem-FAB

O debate também cita a redistribuição dos A 29 do EDA e do 2º/5º GAv. Nesse caso, a ideia seria reforçar esquadrões que usam o Super Tucano. No entanto, o EDA opera aeronaves em configuração de demonstração.

Por isso, circula a leitura de que essas aeronaves passariam por processo de militarização. Esse processo devolveria sistemas removidos e retiraria o sistema de fumaça. Mesmo assim, não existe informação pública sobre prazo e custo desse trabalho.

Esquadrilha-da-Fumaca
Esquadrilha-da-Fumaca

O ponto central é simples: o Grupo de Trabalho da FAB é um grupo de estudo. Assim, tudo pode acontecer, parte pode acontecer ou nada pode ser implementado. A conclusão do relatório está prevista para março de 2026.

Com essa explicação, a intenção é encerrar a leitura equivocada. O GT não significa decisão tomada e nem implantação automática. Ele serve para mapear alternativas e apoiar escolhas futuras.

Por que a FAB abriu esse estudo

A Portaria não explica a motivação política ou econômica do Grupo de Trabalho. Ainda assim, o contexto ajuda a entender por que o tema ganhou prioridade. Por isso, o AeroJota registra uma leitura de cenário, sem tratar isso como posição oficial.

Na visão do AeroJota, a FAB pode estar se preparando para um ciclo de restrição orçamentária em 2026 e 2027. Além disso, programas estratégicos vivem atrasos e ajustes de prazo, o que pressiona o planejamento. Portanto, a Força tende a buscar alternativas para manter instrução e disponibilidade.

Esse cenário inclui gargalos de frota e de reposição. O T 25 e o T 27 não têm produção em série hoje. Ao mesmo tempo, a modernização segue o ritmo possível para cada projeto. Além disso, perdas por acidente e desgaste natural reduzem margem operacional.

Nesse contexto, o Grupo de Trabalho pode servir para desenhar uma otimização. A proposta evita impacto na instrução da AFA e também preserva a continuidade do EDA. Além disso, ela reduz o consumo de A 29 em missões que não exigem esse vetor.

Na prática, a lógica seria simples. A AFA teria menor custo por hora de voo com o T 25M. O EDA teria menor custo por hora com o T 27M. Natal também reduziria custo se usar o T 27M no treinamento avançado. Com isso, a FAB pouparia A 29 para esquadrões operacionais.

Por fim, mesmo que o GT aprove parte dessas ideias, a implantação exigiria etapas. A FAB teria de planejar prazos, logística, manutenção e realocação de aeronaves. Portanto, o relatório pode orientar decisões futuras, mas não cria obrigação automática.

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