Voar mais lento, decolar mais rápido ou pousar mais curto. Tudo isso é possível, desde que o piloto domine os conceitos da hipersustentação(1).
O saudoso professor Fernando Almeida, engenheiro aeronáutico formado pelo ITA e testador de aeronaves nos deixou inúmeras lições de aerodinâmica, entre elas, essa sobre como o abaixamento dos flapes(2) influi na pilotagem de uma aeronave.
A aplicação dos flapes desloca o centro de pressão da asa para trás, criando uma tendência a picar – pitch down(3)- que, apesar de ser saudável numa aproximação, pode requerer o uso do compensador, – trim de arfagem (4)-, para corrigir a tendência.
Em alguns casos, a maior deflexão do ar – downwash(5) causada pelo flape atinge o estabilizador horizontal, aumentando ainda mais sua sustentação negativa. Isso pode eventualmente sobrepujar o ‘picth down’ acima mencionado, provocando uma tendência indesejável de levantar o nariz – pitch up (6) -, como acontece com os Cherokee da Piper.
O fenômeno vai exigir pronta ação do piloto no compensador – picar pitch down -, a fim de evitar a redução exagerada da velocidade na aproximação. O inverso desses fenômenos, acontecem no recolhimento dos flapes, após a decolagem.
Vale aqui mencionar que as estatísticas de acidentes fatais na aviação geral mostram uma grande incidência de estol e parafuso na aproximação para pouso, cuja causa está ligada ao uso inadequado dos flapes e mau gerenciamento da velocidade e coordenação de comandos.
(1) * Hipersustentadores. São mecanismos adaptados às asas que permitem aumentar consideravelmente o coeficiente de sustentação da aeronave.
(2) * Flapes (ou Flaps). São dispositivos hipersustentadores que consistem de abas, ou superfícies articuladas, existentes nos bordos de fuga (parte posterior) das asas de um avião, os quais, quando abaixados e/ou estendidos, aumentam a sustentação e o arrasto ou resistência ao avanço de uma asa pela mudança na curvatura do seu perfil e pelo aumento de sua área.
(2) ** Tipos de flape: Flape simples; Flape ventral; Flape com fenda; Flape tipo “fowler” – este é o que mais aumenta o coeficiente de sustentação, pois além de aumentar a curvatura da asa, também aumenta sua área.
(3) *Pitch Down: Tendência da aeronave de baixar o “nariz”.
(4) * Trim de Arfagem: É uma estrutura aerodinâmica móvel incluída na empenagem do avião, que tem como objetivo ajustar o angulo de subida até o momento que você larga o manche e a aeronave mantem o grau de subida desejável.
(5) * Downwash: É a mudança na direção de ar, desviado pela ação aerodinâmica de um aerofólio, asa ou pá do rotor de um helicóptero em movimento, como parte do processo de produção de sustentação.
(6) * Pitch Up: Tendência da aeronave de elevar o “nariz”
Fique Vivo Comandante. Pilote com Segurança.
Cmte José Passarelli:
Engenheiro Cívil;
Professor Universitário;
Instrutor de Navegação Aérea;
Teoria de Vôo e;
Aerodinâmica em Vôo em Escolas de Aviação Civil.
Escreve voluntariamente para o site AeroJota.
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