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O Incrível PAR – Pe A Erre – / Piloto Ruy Flemming

Precision Approach Radar ou Aproximação Radar de Precisão

O incrível PAR.

Conhece? Já ouviu falar? Resolvi escrever este artigo depois de ler comentários de um grupo de WhatsApp que sigo.

Eu estava chegando em Anápolis e o Controlador ofereceu um PAR para treinamento. Foi uma experiência inédita para mim.

Em rápidas palavras, RADAR vem de Radio Detection and Range e seu desenvolvimento foi crucial na defesa da Grã-Bretanha contra as incursões da Luftwaffe na Segunda Guerra. Assim que algum metal era detectado no ar, pilotos decolavam com seus aviões para contrapor ao ataque alemão.

A frase, nunca tantos deveram tanto a tão poucos, veio desse momento da história. Churchill foi genial ao montar a frase, só faltou citar os radares, que facilitaram demais o trabalho daqueles aviadores.

PAR é Precision Approach Radar, ou Aproximação Radar de Precisão. Ao pronunciar PAR, o correto é dizer cada letra, “pe – a – erre”. Não se fala “par”.

Vc percebeu a imagem que ilustra esse texto? São “dois radares” que formam o conjunto PAR. O que está instalado verticalmente, fornece a rampa ao Controlador. O horizontal, a trajetória lateral da aeronave em aproximação. Ambos se movem em rápidas e curtas oscilações. Um pra cima e pra baixo e o outro de um lado para o outro.

Como uma oposição a um ataque deve acontecer em qlqr condição meteorológica, o pouso seguro da aeronave que decolou, tbm.

Daí o motivo pelo qual a FAB se refere ao pouso PAR como “recolhimento PAR”.

Como funciona?

Imagine o console do Controlador de Voo, onde existem as duas trajetórias desenhadas. Uma para rampa e outra para o eixo.

Pra vc entender, vou transcrever algumas frases ditas pelo Controlador a partir do momento em que a aeronave se encaixa na rampa PAR.

– FAB 1331, três graus à direita, proa uno dois três, atenção para o início de descida. Top, inicie descida, não responda às próximas instruções.

– FAB 1331, rampa, dois graus à direita, proa uno dois cinco.

– Ligeiramente alto, aumente ligeiramente a razão de descida, prepare-se para ajustar, quatro milhas do ponto de toque.

– Aproximando-se da rampa. Atenção. Top. Rampa, ajuste a razão. Eixo.

– FAB 1331, ligeiramente baixo, diminua a razão de descida, prepare-se para ajustar. Cinco graus à esquerda, proa uno dois zero. Duas milhas do ponto de toque.

– Uma milha do ponto de toque. Top, rampa, ajuste a razão de descida. No eixo.

– Ligeiramente baixo, diminua ligeiramente a razão de descida. Prepare-se para ajustar, vento uno três zero graus com uno dois nós. Top. Rampa. Ajuste a razão.

– Rampa e eixo. Passando a cabeceira da pista. Aproximando-se do ponto de toque.

– Rampa e eixo. Atenção para o ponto de toque. Top. Ponto de toque. Informe controlado.

Percebe que, a partir de um dado momento torna-se um monólogo?

Só o Controlador do Voo fala e o piloto executa.

Vou abrir um parênteses. Se vc der uma olhada em meus artigos, sempre trato Controlador de Voo com letras maiúsculas. Tenho motivos pra isso. No caso do PAR, falo em Controlador “do” Voo. Sim. O Controlador só trabalha com o seu voo e vc já entendeu o motivo.

O cotejamento, na verdade, passa a ser os ajustes que o piloto faz na aproximação. O Controlador daquele voo praticamente entra na cabine de pilotagem e passa a ser um segundo piloto altamente safo, que auxilia o piloto de um jato de combate beberrão e single pilot nas minúcias dos detalhes. É um CRM perfeitamente ajustado. Um fala e o outro executa.

Entende a sincronia perfeita que deve existir entre esses personagens que, muitas vezes nunca se viram, mas que leram os mesmos manuais?

Fiz poucos PAR. O número não fecha a quantidade de dedos de uma mão. Nunca numa situação extrema de meteorologia ou de autonomia, mas conheço gente onde o PAR foi a diferença entre um pouso seguro ou uma ejeção.

A precisão e a tranquilidade do Controlador acontece num dia CAVOK e cheio de autonomia, ou numa pauleira, com pouco querosene nos tanques. Isso é absorvido pelo piloto, seja lá a situação em que ele se encontra.

O momento mais incrível é o “Atenção para o ponto de toque. Top. Ponto de toque.”

No “top” do Controlador o trem de pouso está encostando na pista.

– Agora tá contigo. Até a próxima. Conte com a gente.

O Controlador do Voo não pronuncia essas palavras, mas é o sentimento de quem faz um PAR.

Bons voos pra gente!

Flemming 

Coletivo prá cima. Cíclico á frente!

Piloto de Helicóptero Ruy Flemming, Coronel Aviador da Reserva da Força Aérea Brasileira.

Formou-se na Academia da Força Aérea Brasileira – AFA

Piloto do 1º Esquadrão de Instrução Aérea da AFA – 1º EIA, das Aeronaves T-25 e T-27 Tucano, formando centenas de Pilotos Militares na Academia
Piloto de Helicóptero Bell UH-1H do 2º/10º Gav – Busca e Salvamento – SAR –
Piloto da Esquadrilha da Fumaça entre os anos de 1992 e 1995 como #3 Ala Esquerda e #7 Isolado
Piloto de Helicótpero Agusta 109
Ex-Diretor da ABRAPHE – Associação de Brasileira de Pilotos de Helicópteros –

Autorizou transcrever seus artigos, causos, dicas e curiosidades aeronáutica de asa fixa ou rotativa. Para acompanhar o Aviador Ruy Flemming nas redes sociais, acesse o link a seguir RUY FLEMMING NO AR

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