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O Lito de Aviões e Música tem levado todo tipo de Pedrada / Piloto Ruy Flemming

Lito, obrigado pelo seu trabalho.

Há cerca de um ano o Lito veio até o nosso hangar pra bater um papo com a gente.

É raro a gente ter um mecânico aeronáutico conversando com pilotos em nossos EGEC- Encontros Gastro Etílico Culturais. O EGEC é um rachuncha que a gente faz pra se reunir e sempre tem algum tema bacana que diz respeito às nossa operações, segurança, aviação em geral.

Meu telhado de vidro já está pronto pra receber as pedradas de quem está lendo e deu muito mais importância ao aspecto gastro-etílico que ao “cultural” dos nossos encontros.

O Lito tem recebido toda sorte de pedradas. Inclusive de gente que considero muito na aviação.

Talvez seja a emoção falando mais que a razão, talvez o fenômeno que a psicologia social explica como identidade de massa e suas trágicas consequências, talvez o tempero seja um pré-conceito de alguns pilotos que talvez considerem mecânicos como seres de castas inferiores às suas, talvez seja só a merda da inveja mesmo e ponto final.

Um colega me perguntou sobre o que penso sobre um programa que o Lito participou e teria dito que pilotos comerciais seriam melhor treinados que os privados.

Segue minha resposta:

Sim, a média dos pilotos da linha aérea têm um nível de treinamento maior que a média dos pilotos privados.

Resposta sem emoção. Razão pura.

Só que tem que entender o que acontece pra não fazer algum juízo de valor e concluir coisa errada. Um piloto que, para operar sua máquina, precisa de menos exigências que outro, não coloca um na berlinda e não coloca outro no topo do Olimpo. É uma questão simples de requisitos para cada operação.

Quem tem concessão para transportar passageiros, carga, ou uma infinidade de serviços aéreos especializados, tem que cumprir requisitos diferentes de quem voa de forma privada.

A cozinha lá de casa é higiênica, mas eu não preciso cumprir os requisitos de um restaurante pra preparar um bife, pq este é aberto ao público e minha cozinha não. E assim vai.

No mundo da aviação geral o Táxi Aéreo é o mais parecido com a Cia Aérea.

Tive a curiosidade de ligar pra um Táxi Aéreo pra entender essa questão.

– Quais treinamentos vcs precisam fazer para os seus tripulantes?

Segue a rela:
– Cargas perigosas
– PBN – Performance Basic Navigation
– RVSM
– TAI
– Simulador + cheque equipamento
– Cheque em rota
– Sobrevivência selva mar
– Refreshment Ground school anual
– Conhecimentos gerais de ANV Emergências Gerais
– CRM
– Cold Wheather
– PPSP programa prevenção substâncias psicoativas
– AvSEC – treinamento seg av civil interferência ilícita
– SGSO

Alguns são anuais, outros a cada 2 ou 5 anos. Mas isso não importa.

Depois liguei pra um operador particular de um jato similar ao operado pelo Táxi Aéreo:

– PBN
– RVSM
– TAI
– Simulador

Se a gente olhar só para a questão de operação da máquina e o treinamento exigido para a operação pública versus a privada, é fácil constatar que a operação pública exige uma treinamento mais constante e mais abrangente que nós que operamos na particular.

Se é melhor ou pior? Daí considero como opinião. Se vc considerar “melhor” os requisitos que exigem mais conhecimento, o público será “melhor”.

Só que o público, como vimos, exige refreshment da máquina anualmente e são checados 2 vezes ao ano (equipamento no simulador e rota na máquina).

Acho que nesse ponto é indiscutível que o piloto que opera na aviação pública tem que cumprir uma exigência de treinamento “melhor” que seu colega da aviação privada.

Quando a gente fala de treinamento, o conceito que aparece em seguida é o da segurança operacional.

O que é mais seguro? A média da aviação comercial? Ou a média da aviação privada?

Quando fala em números de acidentes num país, normalmente a ICAO se refere à aviação comercial e de suas Cias. Mas não só.

A segurança da aviação comercial interessa a muito mais gente que a segurança da aviação privada. Os milhões de passageiros estão muito mais interessados em saber se vão chegar em segurança num destino.

Tem um monte de coisa pra falar sobre requisitos e segurança das operações públicas versus as privadas. CMA de acordo com a idade do tripulante, balanceamento de uma pista se o mesmo avião que for operar é público ou privado, mínimos IFR, Single Pilot se for público ou privado, etc., etc., etc..

Falei só de Táxi Aéreo, versus operação privada. Sem emoção, sem juízo de valor.

Os requisitos de treinamento estão aí pra quem quiser ver.

Sim. São diferentes, fazendo a aviação pública de transporte de passageiros melhor treinada que a privada.

Fiz um breve resumo da minha explicação. Certamente podem vir opiniões contrárias com o que usei de argumentos.

Vc pode promover seu próprio EGEC entre seus colegas e ampliar seu horizonte de conhecimento, independente de qlqr requisito da ANAC.

Falei há pouco com o Lito por telefone e citei dois episódios geniais.

O Ozires Silva estava em Estocolmo, na Suécia, insistindo em saber dos caras que decidem quem vai levar o próximo Prêmio Nobel, pq jamais um brasileiro havia recebido essa distinção.

O sujeito chamou ele num canto e disse que diversos já haviam sido indicados, mas os protocolos exigem que os representantes do país se manifestem. O fato é que sempre que um brasileiro é indicado, algum outro brasileiro tem inúmeros motivos pra não indicar o brasileiro.

Outro episódio.

O Nizan Guanaes foi paraninfo de uma turma da FAAP e fez um discurso impressionante.

https://www.pontodosconcursos.com.br/artigo/12528/bruno-fracalossi/discurso-de-nizan-guanaes-paraninfo-de-turma-na-faap

Leia que vale a pena!

Gosto de uma parte dessa fala:

“E, durante o almoço de domingo, tem que aguentar aquele outro tio muito inteligente e fracassado contar tudo que ele faria, se fizesse alguma coisa.”

Talvez, para os brasileiros, o Pecado Capital que realmente nos destrói e impede que a gente cresça seja mesmo a inveja. Afinal, segundo um ditado popular, a inveja é uma merda!

Está aberta a temporada de pedradas!

Lito, obrigado pelo seu trabalho!

Uma observação final, se vc não gosta do Ozires Silva ou do Nizan Guanaes a ponto de desconsiderar tudo o que eles falam, só tenho a lamentar. O mesmo vale pro Lito.


Boa sorte pra gente!

Abraço

Flemming

Coletivo prá cima. Cíclico á frente!

Piloto de Helicóptero Ruy Flemming, Coronel Aviador da Reserva da Força Aérea Brasileira.

Formou-se na Academia da Força Aérea Brasileira – AFA
Piloto do 1º Esquadrão de Instrução Aérea da AFA – 1º EIA, das Aeronaves T-25 e T-27 Tucano, formando centenas de Pilotos Militares na Academia
Piloto de Helicóptero Bell UH-1H do 2º/10º Gav – Busca e Salvamento – SAR –
Piloto da Esquadrilha da Fumaça entre os anos de 1992 e 1995 como #3 Ala Esquerda e #7 Isolado
Piloto de Helicótpero Agusta 109
Ex-Diretor da ABRAPHE – Associação de Brasileira de Pilotos de Helicópteros –

Autorizou transcrever seus artigos, causos, dicas e curiosidades aeronáutica de asa fixa ou rotativa. Para acompanhar o Aviador Ruy Flemming nas redes sociais, acesse o link a seguir RUY FLEMMING NO AR

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