Sistema Sigma apresenta falha e muda rotina da aviação executiva
Falha no sistema Sigma retoma práticas da era analógica
Pane no sistema Sigma da FAB, obrigou pilotos da aviação executiva a preencher cada plano de voo em formulários de papel entre 02h00 e 12 h12 desta sexta-feira, 13 de junho, depois que o módulo que alimenta o Sistema Integrado de Gestão de Movimentos Aéreos (Sigma) falhou, segundo o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea).
Apesar de a aviação comercial manter sua programação, jatinhos, helicópteros e aeronaves aeromédicas ficaram retidos em solo ou decolaram com atraso, porque cada voo particular exige um plano novo e a fila de liberação cresceu rapidamente.
Pane no sistema Sigma e as primeiras horas de caos
Logo nas primeiras horas da pane, a limitação na antecedência para entrega de novos planos de voo passou a ser adotada em diversos centros de controle; com isso, tripulações precisaram ajustar rotas em tempo real para não perder as janelas de pista disponíveis.
Além disso, comandantes de todo o país recorreram ao telefone e até ao e-mail para transmitir os dados básicos de cada voo diretamente aos Serviços de Informação Aeronáutica (AIS). Esses serviços, que tradicionalmente recebem, conferem e processam os planos de voo, voltaram a operar com processos manuais — prática comum antes da digitalização, mas atualmente considerada apenas contingencial.
Origem da pane: falha no alimentador do Sigma em São José dos Campos.
A pane não surgiu no “vácuo”. Na verdade, começou por uma falha no módulo alimentador do Sigma, localizado na sede do DECEA em São José dos Campos. Esse módulo envia dados ao sistema principal de planos de voo.
Por isso, embora o núcleo do Sigma tenha permanecido operante, a entrada de dados ficou bloqueada. Consequentemente, nenhum plano novo pôde ser registrado online.
Esse tipo de pane costuma ser temporário, mas expõe como o sistema é vulnerável a pontos únicos de falha. Para os controladores, a falta de redundância no alimentador significa que qualquer problema local pode paralisar operações em todo o país.
Por fim, sabe-se que o módulo passou por reinicializações e correções já durante a manhã de sexta. No entanto, essas ações só resolveram parcialmente o problema, deixando o sistema ainda instável até por volta das 17h00.
Como os pilotos improvisaram
Entretanto, operadores relataram que, sem acesso ao histórico de preferências de rota do Sigma, tiveram de consultar cartas aeronáuticas impressas e calcular combustível “na raça”, atitude que aumenta carga de trabalho e estressa equipes em pátio.
Do mesmo modo, despachantes de hangares executivos criaram grupos de mensagens para compartilhar horários livres em salas AIS, porque cada envio manual consumia cerca de dez minutos, contra os habituais trinta segundos do ambiente on-line.
Reação do Decea e cronograma de recuperação
O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) afirmou que adotou medidas emergenciais para manter a segurança das operações. Segundo nota oficial, técnicos trabalharam de forma contínua para restabelecer o sistema Sigma.
Enquanto isso, a AOPA Brasil (Aircraft Owners and Pilots Association), entidade que representa operadores da aviação geral, cobrou investimentos urgentes em redundância digital. A associação alertou que falhas recorrentes prejudicam a confiança dos usuários e desgastam a imagem do espaço aéreo brasileiro no exterior.
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