A escolha do novo caça peruano deve impactar diretamente o equilíbrio regional na América do Sul
Disputa entre F-16, Gripen e Rafale movimenta cenário no Peru
O Peru define novo caça até outubro e a decisão se tornou o tema central da defesa aérea do país. O governo precisa substituir os veteranos Dassault Mirage 2000 e MiG-29, que já acumulam décadas de operação. Segundo o comandante-geral da Força Aérea Peruana (FAP), general Carlos Enrique Chávez Cateriano, a escolha é urgente. A concorrência reúne três opções de peso: o F-16V Block 70, da Lockheed Martin; o Gripen E/F, da Saab; e o Rafale F4, da Dassault Aviation.
O comandante destacou que a renovação da frota é urgente, pois o país corre risco de ficar desprotegido. Portanto, a escolha terá caráter estratégico e político, além de técnico. A definição também mostrará com quais parceiros internacionais o Peru deseja estreitar relações em defesa.
Gripen E/F ganha força com pacote tecnológico robusto
Em julho de 2025, o governo do Peru anunciou a contratação de 24 caças Gripen E/F – provavelmente fabricados no Brasil em conjunto com a EMBRAER -, em contrato avaliado em US$ 3,5 bilhões. O pacote inclui aeronaves, treinamento, suporte logístico e transferência tecnológica. Além disso, a Saab adicionou a aeronave de vigilância GlobalEye para ampliar a capacidade de alerta antecipado da FAP.
O Gripen E/F se destacou pelo baixo custo operacional e pela flexibilidade em missões múltiplas. Além disso, o fato de já estar em operação no Brasil fortaleceu a proposta. O Peru, desse modo, pode criar sinergia regional e obter ganhos de interoperabilidade. Essa combinação de fatores fez o modelo sueco ganhar vantagem sobre os rivais.
F-16 Block 70 mantém apelo político e de interoperabilidade
Mesmo após o anúncio favorável ao Gripen, os Estados Unidos intensificaram sua ofensiva. O Departamento de Estado aprovou a oferta de 12 caças F-16V Block 70 ao Peru, avaliada em US$ 3,42 bilhões. O pacote prevê 10 unidades monoposto (F-16C) e duas biposto (F-16D), com armamentos modernos, radar AESA e sistemas de guerra eletrônica.
O F-16 é reconhecido mundialmente pela confiabilidade e pela ampla rede de manutenção. Consequentemente, atrai países que buscam suporte logístico consolidado e compatibilidade com aliados da OTAN e dos Estados Unidos. Contudo, o custo elevado dessa versão gera críticas. Em alguns casos, analistas destacam que o preço se aproxima ao de aeronaves de quinta geração, como o F-35.
Rafale F4 oferece mais capacidade, mas custo elevado reduz atratividade
A França apresentou o Dassault Rafale F4 como terceira opção. O modelo se diferencia por ser um caça de categoria pesada, com grande alcance, alta capacidade de carga bélica e elevado nível tecnológico. Contudo, o valor do pacote e os custos de operação superaram as ofertas dos concorrentes.
O Rafale, portanto, não convenceu os tomadores de decisão em Lima. Apesar de sua capacidade, o fator econômico pesou mais. Assim, o Gripen e o F-16 avançaram na disputa com propostas mais equilibradas em custo-benefício e alinhamento estratégico.
Impacto regional da decisão peruana
O resultado interessa diretamente aos vizinhos. O Chile já opera o F-16 em versões C/D Block 50 e unidades modernizadas via MLU, sendo referência na região. A Argentina negocia unidades usadas do F-16 provenientes da Dinamarca para reforçar sua frota. A Colômbia, por sua vez, recebeu ofertas tanto do F-16 quanto do Gripen para substituir os Kfir, embora sinalize maior interesse pelo caça sueco.
Com a escolha do Gripen, o Peru se aproxima do Brasil e cria um eixo de interoperabilidade regional em torno do caça sueco. Se tivesse optado pelo F-16, o país se alinharia a Chile e Argentina, reforçando outro bloco regional. Portanto, a decisão não se resume a capacidades técnicas: ela também reflete alianças políticas, prioridades orçamentárias e a visão estratégica do Peru para as próximas décadas.
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