Companhia aérea Azul assegura financiamento bilionário e apoio estratégico para manter operações durante o processo
Pedido da Azul foi apresentado nesta quarta-feira, 28 de maio, com objetivo de reorganizar passivos acumulados desde a pandemia
A Azul Linhas Aéreas entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos nesta quarta-feira, 28 de maio. O processo foi protocolado com base no Capítulo 11 da Lei de Falências. Essa medida é comum entre empresas que pretendem reorganizar suas finanças sem interromper as atividades. Desde a pandemia de COVID-19, a companhia enfrentou uma escalada de dívidas, o que comprometeu sua saúde financeira. Por isso, o pedido busca preservar a malha aérea, garantir empregos e manter a qualidade dos serviços prestados aos passageiros.
Conheça a estrutura da Azul: frota, destinos, manutenção e presença nacional
Atualmente, a Azul possui a maior malha aérea do país em número de voos e cidades atendidas. Em 2025, sua frota ultrapassou 225 aeronaves, incluindo os modelos ATR 72-600, Embraer E195-E2, Airbus A320neo, A321neo e A330-900neo. Essas aeronaves conectam mais de 150 destinos, tanto no Brasil quanto no exterior, reforçando a presença da empresa em todas as regiões do país.
Além disso, a Azul emprega mais de 16 mil pessoas e opera cerca de 965 voos diários. A manutenção de parte da frota ocorre em centros especializados nas cidades de Campinas–SP e Belo Horizonte–MG. Como destaque, a companhia também realiza a manutenção dos dois Airbus A330-200 da Força Aérea Brasileira, conhecidos como KC-30.
Dessa maneira, mesmo diante de um cenário desafiador, a Azul segue ampliando sua atuação no mercado e investindo na infraestrutura de suporte técnico e operacional.
Contexto da crise
A pandemia de COVID-19 afetou duramente o setor aéreo global, e a Azul sentiu esse impacto de forma direta. Com a queda na demanda por voos, a companhia viu sua receita despencar e, como consequência, acumulou dívidas expressivas. No primeiro trimestre de 2025, a dívida da empresa alcançou R$ 34,7 bilhões — o equivalente a aproximadamente US$ 6,1 bilhões. Esse valor representa um crescimento de 50% em comparação com o ano anterior. Além disso, a relação entre dívida líquida e EBITDA subiu para 5,2, o que evidencia o aumento da pressão financeira.
Estratégia de reestruturação
Para superar a crise financeira, a Azul garantiu um financiamento de US$ 1,6 bilhão como parte do processo de recuperação judicial. Desse total, US$ 670 milhões representam novos aportes destinados a reforçar a liquidez da empresa. Além disso, a companhia planeja eliminar mais de US$ 2 bilhões em dívidas existentes. Como complemento à estratégia, a Azul espera captar até US$ 950 milhões em investimentos de capital próprio. Esse montante inclui contribuições de até US$ 300 milhões por parte das companhias parceiras United Airlines e American Airlines.
Apoio de parceiros estratégicos
Durante o processo de reestruturação, a Azul recebeu apoio de diversas partes interessadas. Entre os principais parceiros estão os detentores de títulos, a empresa de leasing AerCap e as companhias aéreas United Airlines e American Airlines. Esses acordos foram firmados com o objetivo de fortalecer a saúde financeira da companhia e garantir estabilidade operacional. Dessa forma, a colaboração entre os credores e parceiros estratégicos se tornou essencial para viabilizar a continuidade dos negócios da empresa ao longo da recuperação judicial.
Continuidade das operações
Mesmo com o pedido de recuperação judicial, a Azul informou que continuará operando normalmente. Segundo a empresa, todos os voos programados estão mantidos, assim como os bilhetes já emitidos, os pontos do programa de fidelidade e os benefícios concedidos aos clientes. Além disso, a companhia reforçou que não haverá interrupções no atendimento e as atividades seguirão conforme o planejado. Para tranquilizar o público, o CEO John Rodgerson declarou: “A Azul continua a voar – hoje, amanhã e no futuro. Esses acordos marcam um passo significativo na transformação do nosso negócio”.
Impacto no setor aéreo brasileiro
A entrada da Azul em recuperação judicial segue o caminho de outras companhias aéreas latino-americanas que recorreram ao Capítulo 11 para reestruturar suas finanças após os impactos da pandemia. A medida pode afetar as negociações de fusão com a concorrente Gol, que também passou por um processo semelhante recentemente
Considerações finais
Embora o pedido de recuperação judicial gere preocupação, a Azul segue comprometida com sua operação e com os clientes. Enquanto a reestruturação avança nos bastidores, a companhia mantém os voos, os benefícios e os atendimentos em pleno funcionamento. Por fim, o sucesso dessa nova etapa depende da confiança de seus parceiros e da continuidade do apoio financeiro.