Reorganização estratégica do Exército americano, trocando parte dos helicópteros de ataque por drones.
EUA reduzem helicópteros militares de ataque e ampliam investimento em drones
A redução de helicópteros de ataque do Exército dos EUA tornou-se peça central da reorganização estratégica da força terrestre. O plano busca adaptar a aviação a novas ameaças e às restrições orçamentárias.
Essa mudança integra a Army Transformation Initiative (ATI) – pacote de mudanças estratégicas e estruturais lançado em 2024/2025 -, que prioriza sistemas não tripulados, defesa contra mísseis e guerra eletrônica. Assim, o Exército pretende tornar-se mais letal e competitivo em cenários de combate modernos.
Helicópteros de ataque perdem espaço
Os cortes atingem principalmente helicópteros de ataque e reconhecimento, incluindo versões do Apache AH-64, além de unidades de cavalaria aérea. Esses esquadrões desempenharam papel importante em conflitos passados, mas agora enfrentam questionamentos sobre sua sobrevivência em campos de batalha mais hostis.
Para pilotos e tripulações, a decisão representa um choque cultural. Muitos dedicaram carreiras inteiras a voar helicópteros de combate. Entretanto, aeronaves de transporte, como o Black Hawk, permanecem indispensáveis para missões logísticas e médicas.
Lições aprendidas na guerra da Ucrânia
As operações na Ucrânia tiveram grande impacto nessa revisão. O conflito mostrou que helicópteros de ataque, mesmo sofisticados, são vulneráveis diante da proliferação de mísseis portáteis e sistemas de médio alcance.
Por outro lado, drones baratos e abundantes mostraram enorme valor. Eles guiaram artilharia, bloquearam comunicações e lançaram pequenas cargas explosivas. Portanto, a lição central é clara: veículos não tripulados assumem funções antes exclusivas dos helicópteros.
Pressão orçamentária como fator decisivo
Outro elemento que impulsiona a redução de helicópteros de ataque do Exército dos EUA é a pressão fiscal. A força recebeu aumentos modestos em comparação a outros ramos militares e precisou priorizar recursos. Dessa forma, manter frotas caras e de manutenção complexa tornou-se insustentável.
Com os cortes, o Exército libera verbas para drones, defesa aérea móvel e tecnologias emergentes. No entanto, especialistas alertam que reduzir helicópteros sem diminuir ameaças pode gerar riscos estratégicos relevantes.
Cancelamento do programa FARA
O fim do programa Future Attack Reconnaissance Aircraft (FARA) – novo helicóptero de ataque leve do futuro -, reforça essa mudança de rumos. Criado em 2018 para desenvolver um novo helicóptero leve, o projeto acumulou atrasos e custos elevados. Em 2024, foi oficialmente cancelado.
Segundo o general Randy George, sensores avançados e armamentos integrados a drones já oferecem maior alcance e eficiência do que qualquer aeronave de ataque leve poderia alcançar. Assim, a aposta em sistemas não tripulados tornou-se inevitável.
Drones assumem papel central
O plano prevê que, até 2026, cada divisão disponha de uma frota robusta de drones. Eles executarão missões de reconhecimento, ataques leves, guerra eletrônica e até apoio logístico.
O conceito de drones “attritable” – em tradução livre: “descartável” ou “sacrificável” -, projetados para serem baratos e descartáveis, está no centro dessa transformação. Além disso, o Exército investe em tecnologias de enxames, capazes de confundir radares e saturar sistemas defensivos inimigos.
Funções que permanecem com helicópteros
Apesar da redução de helicópteros de ataque, aeronaves tripuladas seguem vitais em certas missões. Transporte de tropas, evacuação médica e apoio em áreas de difícil acesso continuam dependentes de helicópteros.
O Black Hawk deve permanecer em operação até 2070. Paralelamente, o tiltrotor MV-75, inspirado no Osprey, está em desenvolvimento. O modelo promete combinar velocidade de avião com versatilidade de helicóptero.
Resistência política e institucional
As reduções também afetam helicópteros da reserva e da Guarda Nacional. Essas unidades desempenham papel decisivo em resgates e operações de assistência durante desastres naturais.
Por esse motivo, a medida enfrenta resistência política. O Congresso, historicamente protetor da Guarda Nacional, pressiona para manter parte da frota. Parlamentares defendem que comprometer helicópteros estaduais pode prejudicar diretamente a segurança da população.
Riscos e incertezas
Embora drones sejam mais baratos e versáteis, ainda enfrentam limitações. Sua autonomia é reduzida, e sistemas de guerra eletrônica podem neutralizá-los. Além disso, decisões rápidas em combate continuam dependendo do julgamento humano.
Para o consultor Jeremiah Gertler, a redução de helicópteros de ataque do Exército dos EUA sem a redução correspondente de ameaças cria um dilema estratégico. Dessa forma, a força precisa definir com clareza seu papel em futuros conflitos, sobretudo no Pacífico, onde adversários como a China contam com defesas aéreas sofisticadas.
Finalizando
A redução de helicópteros de ataque do Exército dos EUA e a ampliação do uso de drones representam a maior transformação da aviação militar americana em décadas. A decisão reflete restrições orçamentárias, avanços tecnológicos e lições da guerra da Ucrânia.
Apesar das vantagens, a transição levanta dúvidas sobre riscos estratégicos e impactos em missões civis. Assim, entre inovação e incerteza, o futuro da aviação do Exército americano passa a ser moldado cada vez mais pelo protagonismo dos drones.
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