Colisão entre avião da Gol e veículo no Galeão, CENIPA entrega relatório final
Relatório do CENIPA aponta informalidade e uso de celular como fatores que levaram ao acidente
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) divulgou o relatório final sobre a colisão entre um Boeing 737-8 MAX da Gol e uma picape de serviço no Aeroporto Internacional do Galeão. O acidente ocorreu em 11 de fevereiro e envolveu o voo G3-1674, que seguiria para Fortaleza com 103 passageiros e seis tripulantes. Segundo o documento, a liberação indevida de decolagem pela torre de controle, mesmo com a pista ocupada, provocou o incidente.
Fatores identificados pelo relatório
De acordo com o CENIPA, o controlador de tráfego aéreo, da torre do Aeroporto do Galeão, autorizou a decolagem sem verificar visualmente a pista. Ele também desativou o sistema eletrônico TATIC, que indicava interdição, sem confirmar a saída do veículo que realizava manutenção no balizamento noturno. Além disso, o relatório destacou que o “clima de informalidade excessiva, tolerância ao uso de celulares e conversas não operacionais” fazia parte da cultura interna da torre. Por esse motivo, as barreiras de segurança enfraqueceram e os erros se repetiram.
Atuação do supervisor e limitações visuais
O supervisor da torre, mesmo oficialmente fora de serviço, continuou executando funções no momento do acidente. Enquanto o controlador liberava a decolagem, ele manuseava o celular e não identificou a autorização inadequada. As câmeras internas confirmaram essa distração. Além disso, a sala de controle possuía cadeiras baixas e pontos cegos provocados por vegetação, o que dificultava a visualização noturna da Pista 10. Assim, a vigilância ficou comprometida.
Manobra dos pilotos evitou tragédia maior
Os pilotos avistaram o veículo a cerca de 185 metros de distância, quando o Boeing já atingia alta velocidade, próxima de 200 km/h. Um dos tripulantes reagiu rapidamente e desviou à direita, evitando que o trem de pouso dianteiro atingisse diretamente a picape. Com isso, o impacto ocorreu entre o trem de pouso do nariz e o principal esquerdo. No entanto, a colisão danificou o sistema hidráulico, tubulações de combustível, carenagens e controle de flaps. No veículo, duas pessoas, uma sofreu ferimentos leves, enquanto passageiros e tripulantes do avião da Gol, permaneceram ilesos.
Reação imediata e resposta de emergência
Após a colisão, o comandante abortou a decolagem e parou o avião cerca de 1.100 metros depois do ponto de impacto. Em seguida, o plano de emergência do aeroporto foi ativado. A evacuação ocorreu de forma controlada, e o veículo de combate a incêndio chegou ao local dois minutos após o chamado da torre, que demorou um pouco mais do que o aceitável. A concessionária RIOgaleão afirmou que já havia implementado todas as recomendações operacionais e, de forma preventiva, adotou melhorias adicionais antes mesmo da publicação do relatório.
Cronologia detalhada do acidente segundo o relatório do CENIPA
Às 22h08min00s, a aeronave PS-GPP, um Boeing 737-8 MAX da Gol, iniciou a corrida de decolagem na Pista 10 do Aeroporto do Galeão, com destino a Fortaleza. Poucos segundos depois, às 22h08min17s, o veículo de manutenção do balizamento comunicou que deixaria a pista pela taxiway CC.
A colisão ocorreu às 22h08min32s, quando a aeronave atingiu o veículo que permanecia parado no centro da pista a cerca de 289 km/h, instantes antes de decolar. Em seguida, às 22h08min57s, os pilotos abortaram a decolagem e comunicaram à Torre de Controle a presença do veículo, mas não receberam resposta imediata.
Três segundos depois, às 22h09min00s, o Boeing parou completamente, cerca de 1.100 metros após o ponto de impacto. Logo depois, às 22h09min14s, os pilotos confirmaram a colisão e solicitaram apoio. Já às 22h10min13s, um dos ocupantes do veículo, em estado de choque, informou o acidente à torre e pediu o fechamento da pista, além do acionamento dos bombeiros.
O supervisor declarou às 22h11min13s que acionaria o alarme de emergência e, em seguida, disparou o sistema oficialmente às 22h11min40s. Posteriormente, às 22h15min07s e às 22h35min05s, respectivamente, o controlador da torre e o supervisor deixaram seus postos. Por fim, às 22h38min00s, as equipes concluíram a evacuação da aeronave.
Objetivo e recomendações do Cenipa
O relatório do Cenipa, conforme prevê a legislação, não atribui culpa individual. O objetivo consiste em prevenir acidentes semelhantes. Entre as recomendações, estão o reforço nos treinamentos para controladores, a melhoria ergonômica da torre e a poda da vegetação que bloqueia a visibilidade da pista. Além disso, foi sugerida a revisão de procedimentos para bloqueio e desbloqueio do sistema TATIC, garantindo a liberação apenas após confirmação efetiva de desocupação.
Para acesso ao relatório completo, acesse esse link em PDF: chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://sistema.cenipa.fab.mil.br/cenipa/paginas/relatorios/rf/pt/PS-GPP_12FEV2025_PUB.PORT4.pdf?utm_source=chatgpt.com
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