Revitalização do P-15 Neptune FAB 7009 na Base Aérea de Salvador

Jota

18 de setembro de 2025

FAB-P-15E-FAB-7009-revitalizado-na-BASV_Foto-Alexadro-Dias

A revitalização do P-15 Neptune FAB 7009 na Base Aérea de Salvador (BASV) ocorreu em 11 de setembro de 2025. O avião monumento Lockheed P-15E P2V-5 Neptune, matrícula FAB 7009 e número de série R.A.F WX544, recebeu limpeza completa e cuidados especiais após anos de poluição e sob o sol forte da capital baiana. Além disso, a equipe aproveitou o momento para limpar o terreno em volta da aeronave e realizar pinturas complementares em áreas que não pertenciam diretamente à fuselagem.

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O comandante da BASV, coronel aviador Sobreira, reuniu militares da ativa, como o Graduado Master Suboficial Sampaio, além de veteranos da Força Aérea Brasileira (FAB), entre eles o Coronel Mira, o Major Alex e o Sargento L. França. Civis voluntários também participaram da atividade, que contou com o apoio da prefeitura de Salvador. Nesse contexto, a união de esforços devolveu brilho ao Neptune, que segue como um dos maiores símbolos da Aviação de Patrulha.

O P-15 Neptune foi desenvolvido para missões de patrulha naval, localização e destruição de submarinos. A aeronave comportava sete tripulantes e se destacou como uma das melhores plataformas anti-submarino baseadas em terra. Além disso, seu primeiro voo ocorreu em 1945, consolidando sua reputação no cenário militar mundial.

A Força Aérea Brasileira operou 14 exemplares do modelo “P2V-5” entre 1959 e 1976. Antes de chegarem ao Brasil, essas aeronaves pertenceram à Força Aérea Inglesa até 1957. Em seguida, foram recolhidas pelos Estados Unidos e redistribuídas ao Brasil. Além do FAB 7009, outro exemplar, o FAB 7010, voou até 1974 e hoje está preservado no Museu Aeroespacial (Musal), no Rio de Janeiro.

O FAB 7009 foi a última unidade do modelo a voar pela Força Aérea Brasileira. Em 3 de setembro de 1976, ele realizou sua missão final de patrulha marítima, encerrando um ciclo de 18 anos de operações.

Na ocasião, o Tenente-Coronel Aviador Lott atuou como piloto principal (1P), enquanto o Major Aviador Beuthner desempenhou a função de segundo piloto (2P). O Capitão Aviador Nilson assumiu a navegação, garantindo a precisão da rota durante o voo. Além disso, o Suboficial Sevéria, do Quadro de Radiotelegrafistas, serviu como segundo radioperador e conduziu as comunicações da missão.

A equipe técnica teve papel essencial. O 2º Sargento Nicolau trabalhou como primeiro mecânico de voo, e o 2º Sargento Neto era o fotógrafo de reconhecimento aéreo. Em complemento, o 1º Sargento Jesus, do Quadro de Aviação de Reconhecimento, reforçou a função de mecânico de voo e apoiou a manutenção em rota. Por fim, o 2º Sargento Leocádio atuou como técnico de patrulha, trazendo sua experiência do Quadro de Aviação de Tropa e sua especialidade em mecânica de aviação.

Desse modo, essa tripulação ilustrou a complexidade das missões e encerrou oficialmente a era do Neptune na FAB, marcando profundamente a Aviação de Patrulha brasileira.

Curiosidade marcante sobre um membro da tripulação

Entre as histórias ligadas ao FAB 7009, uma curiosidade chama a atenção. O Suboficial Leocádio, que atuava como técnico de patrulha, fez um pedido especial em vida: queria que suas cinzas fossem depositadas junto ao trem de pouso principal da aeronave. Sua família atendeu ao desejo, perpetuando o vínculo afetivo com o Neptune e reforçando a dimensão simbólica desse monumento.

Após sua desativação, a BASV preservou o FAB 7009 como monumento, transformando-o em um marco da aviação militar brasileira. A revitalização de 2025 não apenas recuperou a estética da aeronave, como também reforçou seu valor histórico para a Força Aérea Brasileira.

No começo do ano (janeiro 2025), a BASV também revitalizou outro ícone da FAB: o caça F-8 Gloster Meteor, matrícula FAB 4004, hoje exposto em área pública próxima ao Aeroporto de Salvador. Portanto, essas iniciativas reforçam o compromisso da unidade com a preservação do patrimônio aeronáutico nacional.

O veterano da FAB Pedro Anselmo, atualmente cineasta, registrou a revitalização em vídeo. Ele publicou o material em seu canal no YouTube, o TV Canal Mil, ampliando o alcance da ação. Já a cobertura jornalística foi realizada por Gabriele Nunes, garantindo maior visibilidade para a comunidade aeronáutica e para a sociedade em geral.

O P-15 Neptune FAB 7009 continua como lembrança viva do esforço de gerações de aviadores e da relevância da Aviação de Patrulha na defesa do Brasil. Atualmente, ele é o único exemplar em exposição fora do Musal, localizado no Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro.