Se der tudo “errado” eu pouso.
Certamente eu não incorporei a ideia da arremetida aos meus primeiros voos. Isso aconteceu aos poucos.
Hoje eu não consigo olhar pra um ponto de pouso sem desenhar uma arremetida segura. Onde será meu ponto de decisão baseado nos obstáculos ou condições meteorológicas.
A arremetida passou a ser tão importante quanto o pouso em si.
Fico imaginando o que passou na cabeça daqueles passageiros ao verem a pista de Salvador, na Bahia, passar por baixo deles num dia lindo, sem uma nuvem no céu.
– Percebeu, Flemming? No Fokker 100 o pouso começa lá em cima. Então arremete e faz de novo.
Era um dos meus primeiros voos de instrução e não teve speedbrake que fosse capaz de diminuir a velocidade daquele jato numa aproximação visual direta. Faltou planejamento na aproximação, mas a arremetida estava lá. Pronta. Aliás, o instrutor poderia ter me alertado bem antes do erro se consumar, mas não poderia ter sido mais didático ao deixar eu planejar mal a aproximação.
Outro dia, de helicóptero, fui aproximar para pouso num heliponto na encosta de um morro. Na aproximação final, aproveitei a potência do motor quase cheio e arremeti.
– O que houve?
– Estava praticamente no limite do pedal. Ainda ia precisar de mais um tantinho de potência. Quase certo que não teria mais curso de pedal. Avaliei mal o vento.
Fiz nova aproximação, pelo outro lado, vento favorável e pouso seguro.
Não tenho qualquer melindre em arremeter. Na verdade foram bem poucas, mas cada uma delas me ensinou bastante. Meu problema é chegar a uma situação ruim sem ter uma saída segura dela.
Já ouvi falar de gente que não admite arremeter. Alguns completam o pouso e é vida que segue.
Hoje em dia eu brinco que, se tudo der “errado” eu pouso, pq a arremetida sempre vai estar lá.
Bons voos pra vc!
Abraço
Flemming
Coletivo prá cima. Cíclico á frente!
Piloto de Helicóptero Ruy Flemming, Coronel Aviador da Reserva da Força Aérea Brasileira.
Formou-se na Academia da Força Aérea Brasileira – AFA
Piloto do 1º Esquadrão de Instrução Aérea da AFA – 1º EIA, das Aeronaves T-25 e T-27 Tucano, formando centenas de Pilotos Militares na Academia
Piloto de Helicóptero Bell UH-1H do 2º/10º Gav – Busca e Salvamento – SAR –
Piloto da Esquadrilha da Fumaça entre os anos de 1992 e 1995 como #3 Ala Esquerda e #7 Isolado
Piloto de Helicótpero Agusta 109
Ex-Diretor da ABRAPHE – Associação de Brasileira de Pilotos de Helicópteros –
Autorizou transcrever seus artigos, causos, dicas e curiosidades aeronáutica de asa fixa ou rotativa. Para acompanhar o Aviador Ruy Flemming nas redes sociais, acesse o link a seguir RUY FLEMMING NO AR
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