Terceirização na aviação brasileira levanta debate entre redução de custos e risco à qualidade

Jota

12 de setembro de 2025

Terceirização de Mão de Obra nas Cias Aéreas

A terceirização na aviação brasileira cresce como estratégia para reduzir despesas e ganhar flexibilidade operacional. As empresas buscam aliviar a folha de pagamento, ajustar equipes por base e responder melhor à sazonalidade. Entretanto, essa prática acende alertas: como preservar padrões de atendimento e, sobretudo, a segurança nas operações em solo? Nesse contexto, passageiros, trabalhadores e reguladores observam com atenção os efeitos práticos dessa mudança.

Terceirização de Mão de Obra nas Cias Aéreas
Terceirização de Mão de Obra nas Cias Aéreas

O ambiente competitivo pressiona margens. Combustível caro, câmbio volátil e custos trabalhistas elevados incentivam modelos mais enxutos. Assim, companhias transferem a terceiros atividades de check-in, rampa, limpeza e até manutenção de rotina. Além disso, contratos de prestação permitem calibrar equipes conforme a demanda local. Portanto, a gestão se torna mais leve e previsível do ponto de vista financeiro, ainda que traga novos desafios de coordenação.

A terceirização na aviação brasileira reduz despesas fixas e transforma parte dos custos em variáveis. Dessa forma, a administração direciona times próprios para áreas estratégicas — malha, frota, receita e relacionamento com o cliente. Além disso, fornecedores especializados prometem escala, processos padronizados e treinamento contínuo. Quando o desenho funciona, o passageiro percebe operações mais ágeis em aeroportos complexos e horários de pico.

Por outro lado, a distância contratual pode fragilizar a cultura de segurança e o alinhamento de procedimentos. Em contingências, equipes de terceiros podem reagir com protocolos diferentes, o que amplia ruídos e retrabalho. Em pistas, qualquer desvio em atividades críticas — como posicionamento de equipamentos, sinalização ou inspeções — eleva riscos operacionais. Portanto, supervisionar contratos, auditar rotinas e integrar treinamentos torna-se essencial para mitigar falhas.

Exemplos nacionais ajudam a entender a tendência. Em Campo Grande–MS, cerca de 30 desligamentos abriram espaço para equipes terceirizadas no atendimento em aeroporto, conforme reportagens locais e posicionamento público da companhia envolvida. As matérias relatam reunião on-line com trabalhadores e a previsão de transição para parceiros especializados nos serviços de solo.
Além disso, contratos de ground handling – termo internacional usado na aviação para designar os serviços de apoio em solo prestados a uma aeronave, tripulação, passageiros e carga durante sua passagem por um aeroporto -, com empresas especializadas mostram a opção por terceirizar rampa, limpeza e carga em hubs estratégicos – aeroportos centrais de uma cia aérea -, inclusive em Viracopos, em acordo de longo prazo com provedor global do setor.

Há ainda outsourcing – terceirização -, por wet lease – arrendamento de aeronave -, em voos internacionais, que inclui aeronave e tripulação fornecidas por parceira estrangeira — um formato que externaliza mão de obra de voo e gerou questionamentos sindicais recentes. Embora não seja “pessoal interno” de solo, o arranjo reforça a lógica de terceirização ampla para aliviar custos e conferir flexibilidade à malha.
Em paralelo, precedentes da última década mostram a terceirização avançando em grande escala no país, com transferência de operações de solo para empresas especializadas em dezenas de aeroportos e consequentes desligamentos dos funcionários próprios. Esses casos ajudam a dimensionar impacto trabalhista e operacional quando a terceirização se expande.

Lá fora, o padrão é similar: companhias mantêm núcleo estratégico e compram serviços auxiliares de especialistas. No Brasil, a terceirização na aviação brasileira pode conviver com qualidade desde que a contratante lídere integração, cobre métricas e assegure certificações, reciclagens e auditorias. Além disso, a atuação regulatória e sindical precisa permanecer ativa, justamente para equilibrar eficiência econômica e responsabilidade com o passageiro.

Em síntese, a terceirização oferece ganhos de custo e flexibilidade. Contudo, sem governança forte, ela pressiona o serviço ao cliente e cria brechas operacionais. O caminho do meio exige contratos com SLAs – Service Level Agreement – Acordo de Nível de Serviço -, claros, supervisão diária, treinamentos compartilhados e canais de reporte. Se o setor entregar esses pilares, o passageiro perceberá eficiência sem perda de padrão. Caso contrário, a economia no curto prazo cobrará seu preço em imagem, confiabilidade e segurança.

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