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Tragédia Fokker 100 da TAM – 21 Anos depois – / AeroJota Classificados Aeronáutico.

PT MRK um acidente que marcou a aviação brasileria. Fokker 100 da TAM.

Na manhã do dia 30 de outubro de 1996 às 6h30min, eu estacionava meu carro em uma das vagas da UNIDERP para lecionar no curso de engenharia elétrica, ao mesmo tempo, ao meu lado parava um Uno dirigido pelo professor engenheiro eletricista Carbio Almeida da Silva.

Descemos dos veículos, nos cumprimentamos e caminhamos juntos para a sala dos professores, conversando coisas do dia-a-dia.

Alegre, me disse que estava viajando para o Rio de Janeiro no outro dia cedo para fazer um curso lhe ofertado pela ‘NET’, pois trabalhava nessa empresa. Foi a última vez que nos encontramos, infelizmente, estava entre os passageiros mortos na queda da aeronave da TAM em São Paulo. 

A TAM havia recebido um prêmio por regularidade em seus voos, e o presidente da empresa, comandante Rolim Amaro mandou pintar um Fokker 100 matriculado PT-MRK de azul marinho para comemorar o feito, ocorreu troca de tripulação, e o comandante comunicou ao piloto que iria conduzir o avião até o Rio de Janeiro, que o mesmo estava com problemas no ‘Auto-Throttle’ – acelerador automático, e que o alarme estava disparando, que efetuasse a aceleração de forma manual e desconsiderasse a buzina de alarme.

A TAM operava pela primeira vez com um jato moderno, automatizado.

Motores ligados e o avião começa a taxiar para a pista 17R de Congonhas com intuito de decolar para o destino fluminense.

No início da pista o comandante freia o avião e inicia junto com o copiloto o ‘checklist’ de decolagem, tudo parecia perfeito, apenas parecia. O comandante Moreno acelera com vigor os motores do Fokker 100, na metade da pista e ganhando velocidade a buzina do alarme apita e uma luz é acesa no painel, Moreno desconsidera o alarme e continua a corrida para atingir a velocidade de decolagem, antes do avião deixar a pista o alarme soa novamente, Moreno desconsidera outra vez, cometendo o segundo erro, atinge a velocidade de 140 nós (250 km/h) e puxa o manche, o avião abandona o solo e antes do recolhimento do trem de pouso nos 400 pés abre o reverso da turbina direita. A aeronave continua subindo, mas num ângulo bem abaixo do normal que é de ‘pitch up’12°.

Moreno pensa que é o acelerador da direita e empurra a manete para ‘full’, o reverso fecha e abre novamente, com a confusão na cabine, a tripulação comete o terceiro erro, o trem de pouso não foi recolhido, o que deixa o avião com muito arrasto e baixa velocidade, o ‘checklist’ de subida foi abandonado, o que fisicamente aumentam as forças de arrastro no sentido longitudinal no avanço da aeronave.

Como a turbina direita aberta no reverso lança o ar para frente tentando frear o avião, a turbina da esquerda funciona normalmente e lança o ar para trás tracionando para vante. Ocorre uma briga de motor1 x motor2, e como na física, a resultante é uma força de 45° girando o avião no eixo transversal para à direita e perdendo altitude, pois a aeronave se encontrava a 35 metros de altitude.

Finalmente, o avião embicou para à direita e precipitou-se para o solo no Bairro de Jabaquara levando à morte a 99 pessoas.

Na verdade, a tripulação além de não saber o que ocorria, teve apenas 25 segundos para tentar corrigir o erro fatal. A tripulação não havia sido treinada para esse tipo de falha.

Na época, o comandante Rolim Amaro comandava todas as atividades da TAM, naquele tempo, as empresas aéreas eram dirigidas por seus donos, hoje não, há a gerência de administração das aéreas, melhorou muito. O DAC passou a ser ANAC, ocorreram melhoras.

Todo avião voa com um só motor, se o comandante tivesse dividido por dois o ângulo de ataque de ascensão de 12°/2 = 6°, recolhido o trem de pouso, feito a curva para o lado da turbina boa e desligado o motor direito, o avião retornaria para o pouso novamente.

Não podemos julgar, como eu disse, a tripulação teve apenas 25 segundos para salvar o avião e as pessoas, qualquer um pode cristalizar em uma situação crítica como essa.

Que Deus abençoe a todos os familiares dos que perderam as vidas nesse acidente. 
Amém!

Coluna de JPassarelli
Voando Padrão

Cmte José Passarelli
Engenheiro Cívil
Professor Universitário
Instrutor de Navegação Aérea,
Teoria de Voo e Aerodinâmica em Voo em Escolas de Aviação Civil.
Escreve voluntariamente para o site AeroJota.

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