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Traslado dos Aviões Cherokee e Arrow dos EUA para o Aeroclube de SP ACSP em 1973 – Parte 2 / Aviador José Morelli

Piper Cherokee PT-ISX perdido em alto mar.
O relato abaixo dividido em duas partes, foi escrito pelo Aviador Morelli, Piloto Chefe da esquipe de Pilotos do Aeroclube de São Paulo, que trouxeram os aviões Piper 140 e 200 Arrow dos EUA para o ACSP em 1973. Aqui, você pode ler esse relato completo.
O TRANSLADO – VOO DE APOIO A AERONAVE PIPER CHEROKEE 200 Arrow PT-ISX DO AEROCLUBE DE SÃO PAULO. – 2ª Parte –

CONTINUAÇÃO DA PRIMEIRA PARTE. 

Não tínhamos nada mais a fazer se não segui-lo, tentar alcançá-lo para fazer um contato visual, o que aliás  já não era fácil pois já estávamos quase perdendo o PT-ISX de vista lá na frente. Ainda tenho gravado em minha mente o som da voz do Declerc ao meu lado chamando, a cada dez ou quinze segundos, num sotaque meio afrancesado; Pomarrik  …. Pomarrik.


Eu achava que, por alguma razão, o PT-ISX estava com a manete de potência em Full Power, pois, com aeronaves iguais, eu não conseguia alcançá-lo.

Nessas alturas, já bem preocupado, tentei um recurso. Tomar um rumo descendente leve, para aumentar a velocidade. A idéia era chegar a ele, porém num nível mais baixo e balançar as asas para chamar a atenção. Foi o que fiz. Eu estava muito abaixo dele.

Balancei tanto as asas que só faltava fazer Tunôs. Não adiantou. O Pomarico continuou firme no rumo inicial. Voltei no nível dele. Obviamente, bem atrás novamente.

Já estávamos a mais de cem kms do ponto em que deveríamos ter mudado o rumo. E o pior… no rumo que estávamos não existia nenhuma ilha lá pela frente.

Comecei a ficar muito preocupado e até  angustiado. Se continuássemos nessa situação por mais algum tempo, seria certa a perda de um piloto e uma aeronave. Comecei fazer cálculo de combustível disponível e pensar no que fazer. Se passássemos pelo Ponto de Não Retorno,  seria a perda, não de um piloto e uma aeronave, mas sim três pilotos e duas aeronaves.

Mais uns minutos de angustia e …nada.

Esperávamos por um milagre qualquer antes que eu tivesse que, por limitação de combustível, tomar a decisão de abandonar a perseguição ao PT-ISX e tomar o rumo de Saint Croix. Acho que o Criador estava do nosso lado e o milagre aconteceu.

Lá na frente, a uns dez kms. estava  uma tremenda formação de nuvens pesadas e cinzentas. Um tremendo paredão. Se o Pomarico lá entrasse, seria sem dúvida, perda total.

Tínhamos plena certeza que ele iria fazer qualquer coisa menos isso.

Um pouco antes desse paredão estava um navio, talvez parado. O Pomarico resolveu sobrevoar o navio em círculos. Talvez ele tenha sentido nisso alguma segurança. 

Era o que eu precisava para tentar a aproximação visual com ele.

Uns vinte e poucos minutos de uma caçada aérea. Quando estávamos chegando perto, ele mudava de direção para outra manobra. Enfim, quase meia hora nessas manobras,

E o Declerc com o Pomarrik …Pomarrik.

De repente, ouvi no alto falante, acima da minha cabeça: Morelli… onde você está?. Uma voz totalmente desequilibrada em tom de desespero.

Aleluia, aleluia. Agora foi fácil. Peguei o microfone e falei, simulando uma voz calma, o que realmente não era:

Pomarico… calma.Estou te vendo e está tudo bem.  Acerte o rumo norte, ascendente quinhentos pés por minuto e acerte a rotação do motor.

Ai foi fácil. Cheguei ao seu lado, nivelei  bem perto  e disse: Pomarico, não saia mais do meu lado.

– Pó pode deixar. Não vou sair, foi a resposta.

E agora? Aliviado de uma tremenda tensão, consegui me acalmar e me dei conta que agora quem estava perdido na localização, em cima de um mar aberto em todas as direções, era eu. Um único visual, que não fosse mar e nuvens, era o navio abaixo de nós.

Nessa hora, como foi útil o conhecimento de IFR. Durante a preparação do translado, eu havia compilado uma apostila com todos os dados que certamente ou eventualmente iríamos precisar. Todos os pilotos tinham uma copia consigo. Lá estavam as freqüências de algumas estações de VOR e NDB da região. 

Sintonizei, primeiramente o VOR de Saint Croix:- 108.2 COY. Verifiquei que estávamos na radial 236 FROM, 056 TO de Saint Croix.

Depois sintonizei o VOR de San Juan de Puerto Rico. Verifiquei a radial :- 150 FROM, 330 TO.  Pedi para o Declerc abrir o mapa e apoiá-lo  no colo. Com o transferidor e régua, traçou as duas radiais. No ponto de encontro é onde estávamos nós, a 80 kms de distância da ilha mais próxima; Saint. Croix. Ou seja, estávamos a sudoeste de nosso destino. Que tranqüilidade!  Combustivel Ok, era só seguir a proa de 056 que chegaríamos lá.

Nesse momento, me dei conta de  algo estranho; estava escurecendo mais rápido do que eu imaginava. Logo se fez noite total.

Eu não havia considerado que pelo fuso horário de Saint Croix era uma hora mais tarde. Também a duração de nosso vôo que seria de duas horas e vinte minutos passou a ser, com essa busca, quase três horas.

Portanto, para efeito de pôr do sol, seria mais os quarenta minutos de vôo e mais uma hora de fuso horário. Total; quase duas horas após o por do sol.

Mais dois fatores adversos: Não tinha lua, portanto, sem luar.  As nuvens esparsas se fechando acima e abaixo de nós. Essa era a explicação do porque o escurecimento mais rápido do que o  esperado.

Estávamos numa completa escuridão.

Lembro que nessa hora ouvi o Pomarico dizer; Nossa! Que lindo é esse painel iluminado. Nunca tinha visto isso antes.

Pelo menos, agora ele estava calmo a ponto de apreciar a beleza do painel iluminado do avião.

E assim aterrissamos em Saint Croix com o problema de explicar esse vôo ao controlador, que no final foi IFR sem plano, sem notificação, sem nada. Por sorte nossa, o controlador, depois das explicações, foi benevolente conosco e deixou pra lá. Para isso, valeu a amizade que nosso pessoal havia feito durante o dia com o próprio controlador. Afinal, estavam lá e na boa, sem fazer nada. Isso foi uma coisa importante que fizeram.

Quando paramos as aeronaves e saímos dela, valeu o abraço apertado do Pomarico, emocionado como estava, em terra firme.

Mais uma etapa emocionante cumprida do translado das aeronaves do Aeroclube de São Paulo.

Naquela noite dormimos como anjinhos para no dia seguinte iniciar uma nova etapa, a de Saint Croix à Trinidad.

Essa saga tem a sua primeira parte escrita AQUI.

Créditos: Todas as fotos são do arquivo pessoal do Cmte José Augusto Morelli.

Os fatos aqui narrados foram retirados de material pessoal, de palestra e de conversa informal com o Cmte Morelli. 

Quem quiser contratar uma palestra com o Cmte Morelli sobre esse projeto, pode contata-lo atráves desse e mail: morelli@indmor.com.br 

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