A melhor herança de Jose Passarelli deixada pelo pai Germano Barros de Souza
Meu pai, médico clínico geral, Germano Barros de Souza e oficial do Exército Brasileiro, certa época pôs na cabeça fértil dele que eu ficava muito tempo sem fazer nada em casa depois que eu voltava do Colégio Dom Bosco. Eu tinha 14 anos, morávamos na Vila Militar em Campo Grande-MT.
Não teve dúvida, me chamou no quartel e disse: – Senta aí! Pegou o telefone e ligou para a professora Francisca e em seguida para a professora Maria da Glória Sá Rosa.
Me matriculou na Aliança Francesa, em um curso de português e outro de inglês, tudo em 15 minutos, e todos funcionando em frente ao Bar Haiti.
Comecei a chorar, aí que ele emputeceu de vez e falou: – Quantos brasileiros queriam uma oportunidade dessa seu bosta? Esse choro é uma afronta e falta de respeito comigo! Só por isso, vou lhe dar a chance de responder! Que instrumento quer tocar? Eu respondi: – No momento nenhum pai! Ele retrucou:- Nenhum para mim é piano, você vai estudar piano, tem um médico amigo meu que a esposa leciona piano! Eu disse a ele: – Pai, é muita coisa, todos esses cursos irão ficar caro demais!. Ele completou: – Esse problema não é de sua conta, e você vai estudar tudo isso! Se tirar uma nota baixa, te matriculo em alemão, para conversar com sua avó que fala fluentemente. E mais uma coisa! O coronel Clóvis vai te ensinar a jogar xadrez para melhorar suas ideias, ocupar o vácuo em sua cabeça, três vezes por semana, vou combinar com ele hoje no expediente.
Foi um pesadelo, num dia o ‘sem noção’ me inscreveu em quatro cursos. Fora o estudo do latim que eu tinha no Dom Bosco com outro ‘sem noção’ que era o padre Firmo, me colocava na Maria Fumaça quase todo santo dia por não fazer tarefas e me perseguia também porque eu era vascaíno e ele flamenguista roxo.
Hoje agradeço a Deus as oportunidades que tive de ser alguém na vida. E meu pai me vê como engenheiro, voando no céu, lecionando e brincando na lousa com a física, o cálculo diferencial e integral, a geometria descritiva, o desenho geométrico e certamente diz aos seus amigos no céu: – Esse é o meu filho!
Muito obrigado, que Deus o abençoe querido pai, onde quer que esteja! Amém!
Coluna de JPassarelli
Cmte. José Passarelli
Engenheiro Cívil
Professor Universitário
Instrutor de Navegação Aérea
Teoria de Voo
Aerodinâmica em Voo em Escolas de Aviação Civil
Escreve voluntariamente para o site AeroJota