Venezuela revoga licenças após suspensão dos voos da Latam e Gol na crise com os EUA

Jota

28 de novembro de 2025

Governo da Venezuela cancela autorização de voos da Gol e Latam Colombia_Imagem Internet

A suspensão dos voos da Latam e Gol na Venezuela deixou de ser apenas um ajuste operacional na malha aérea. A decisão passou a fazer parte da crise política que envolve Caracas, os Estados Unidos e companhias internacionais. Depois de um alerta de segurança da agência de aviação dos EUA (FAA), empresas reduziram ou interromperam voos para o país. A reação do governo de Nicolás Maduro veio em seguida, com discurso duro e medidas de retaliação.

Governo da Venezuela cancela autorização de voos da Gol e Latam Colombia_Imagem Internet
Governo da Venezuela cancela autorização de voos da Gol e Latam Colombia_Imagem Internet

O alerta da FAA mencionou risco elevado para a aviação civil na região de informação de voo de Maiquetía, que cobre boa parte do espaço aéreo venezuelano. O documento citou interferências em sistemas de navegação, aumento da movimentação militar e possibilidade de incidentes envolvendo aeronaves civis. Diante desse cenário, companhias internacionais passaram a rever rotas, escalas e frequências para o país.

A partir daí, diversas empresas ajustaram ou suspenderam temporariamente seus voos. A suspensão dos voos da Latam e Gol na Venezuela foi adotada nesse contexto, com foco declarado na segurança de passageiros e tripulações. As decisões consideraram tanto o alerta americano quanto as próprias análises internas de risco de cada companhia.

A resposta oficial da Venezuela veio por meio do Instituto Nacional de Aeronáutica Civil (INAC). O órgão anunciou a revogação das licenças de seis companhias aéreas: Iberia, TAP, Avianca, Latam Colombia, Turkish Airlines e Gol. No comunicado, o governo acusou essas empresas de alinhamento com o que chamou de “ações de terrorismo de Estado” atribuídas aos Estados Unidos.

Antes de anunciar o cancelamento das autorizações, Caracas havia dado um prazo de 48 horas para a normalização dos voos. Como as companhias mantiveram a suspensão, o governo interpretou a decisão como gesto político. Assim, a crise deixou o campo técnico da segurança operacional e passou a ser tratada como parte do embate diplomático entre Venezuela e Estados Unidos.

Os impactos para o passageiro brasileiro aparecem de formas distintas em cada companhia. No caso da Latam, o comunicado venezuelano menciona a operação da Latam Colombia. A Latam Brasil já não mantinha voos diretos regulares para a Venezuela, mas conexões regionais podem ser afetadas. Portanto, passageiros que utilizavam rotas com trechos operados pela estrutura colombiana podem enfrentar remarcações e alterações de itinerário.

Para a Gol, os efeitos tendem a ser mais imediatos. A empresa já havia suspendido as operações para a Venezuela após o alerta de segurança. Com a revogação das licenças, perde também a autorização formal para retomar voos enquanto durar a medida. Desse modo, brasileiros que utilizavam a companhia para chegar a Caracas, ou para fazer conexões a partir do Brasil, precisarão buscar alternativas em outras empresas.

Na prática, muitos passageiros deverão passar a depender de hubs em países vizinhos, como Panamá ou Colômbia. Nesses pontos, companhias que ainda mantêm autorização para voar até a Venezuela assumem papel central nas conexões. Isso tende a aumentar o tempo total de viagem e, em muitos casos, os custos finais dos bilhetes.

A suspensão dos voos da Latam e da Gol para a Venezuela, somada à saída de outras companhias internacionais, aprofunda ainda mais um movimento de isolamento aéreo que já vinha em curso. Antes mesmo dessa crise, a malha internacional operada a partir de Caracas vinha encolhendo há anos, com redução gradual de rotas para a América do Sul, a América do Norte e a Europa.

Com menos empresas voando para o país, a concorrência diminui e a dependência de poucos operadores aumenta de forma significativa. Além disso, o passageiro passa a enfrentar menos alternativas de horários, itinerários e tarifas, o que encarece e torna as viagens menos flexíveis. Esse cenário afeta não apenas o turismo e as viagens de negócios, mas também o transporte de cargas e a logística regional, que ficam mais sensíveis a qualquer alteração de oferta.

Enquanto isso, as empresas que permanecem na rota para a Venezuela ganham importância estratégica, porque passam a concentrar grande parte das ligações internacionais com o país. No entanto, elas também ficam expostas ao mesmo contexto político e operacional, o que pode levar, por consequência, a novos ajustes de capacidade ou até a suspensões adicionais, caso o quadro de segurança se agrave.

Segurança operacional, discurso político e próximos passos da crise

O episódio evidencia um choque de abordagens. De um lado, companhias aéreas justificam a suspensão dos voos com base em critérios técnicos de segurança, apoiados em alertas e relatórios de risco. De outro lado, o governo Maduro enquadra essas decisões como parte de uma estratégia externa de pressão e isolamento da Venezuela.

Nesse cenário, a suspensão dos voos da Latam e da Gol na Venezuela deixa de ser apenas uma decisão de malha. Ela passa a funcionar como indicador da temperatura política entre Caracas, Washington e demais países envolvidos. Cada novo comunicado oficial, tanto de agências de aviação quanto de autoridades governamentais, ganha peso na avaliação das empresas.

Para o passageiro brasileiro, o momento exige atenção redobrada. É importante acompanhar os avisos das companhias aéreas, verificar regras de remarcação e reembolso, observar comunicados das autoridades de aviação e considerar eventuais mudanças de rota. Quem planeja viagens com conexão próxima à região venezuelana deve avaliar alternativas com mais folga de horário e rotas menos sujeitas a instabilidade.

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