O que explica a longa vida operacional do cargueiro MD 11F da UPS que caiu em Louisville

Jota

6 de novembro de 2025

UPS e o MD-11 de 34 anos que caiu em Louisville ainda era seguro para voar_Imagem Ilustrativa

O acidente com o McDonnell Douglas MD-11F da UPS Airlines em Louisville (Kentucky) reacendeu o debate sobre a idade e a segurança de aeronaves antigas. O jato tinha 34 anos e ainda cumpria missões internacionais de carga. Para o público em geral, esse tempo parece excessivo. No entanto, dentro da vida operacional do cargueiro da UPS e da aviação de carga mundial, ele é considerado aceitável.

UPS e o MD-11 de 34 anos que caiu em Louisville ainda era seguro para voar_Imagem Ilustrativa
UPS e o MD-11 de 34 anos que caiu em Louisville ainda era seguro para voar_Imagem Ilustrativa

O avião acidentado, prefixo N259UP, foi fabricado em 1991 e entregue inicialmente à Thai Airways. Em 2006, passou a integrar a frota da UPS, após uma conversão completa para transporte de carga. Esse processo envolveu a desmontagem da estrutura, substituição de componentes e atualização dos sistemas, prática conhecida como D-check. O D-check é a etapa mais profunda do ciclo de manutenção de uma aeronave. Ele ocorre, em média, a cada 6 a 10 anos, dependendo do modelo e do número de ciclos de voo.

Durante a revisão, a aeronave recebeu reforços estruturais e nova configuração interna. Isso a tornou apta a iniciar outro ciclo operacional de longo prazo. Na indústria, essa inspeção é vista como um “renascimento”. Assim, especialistas afirmam que uma aeronave é “tão antiga quanto seu último D-check”. Com manutenções regulares, ela pode operar com segurança por décadas.

Além disso, os cargueiros realizam cerca de 30% menos voos que aviões de passageiros. Essa diferença reduz o desgaste estrutural e aumenta a durabilidade da frota.

O MD-11F da UPS decolava de Louisville com destino a Honolulu, no Hawaii, quando perdeu o motor esquerdo poucos segundos após a rotação. Esse componente se desprendeu da asa, provocando incêndio e perda de controle. A aeronave caiu em uma área industrial próxima ao aeroporto, causando nove mortes confirmadas no local, e 11 feridos entre leves e grave, segundo a NTSB (National Transportation Safety Board)

Até o momento, não existem evidências de que a idade tenha contribuído diretamente para o acidente. A NTSB avalia se houve falha estrutural, erro de manutenção ou problema de fixação do motor.

A imprensa americana tem destacado que a aeronave passou recentemente por procedimentos de manutenção antes do acidente. Segundo registros públicos e informações divulgadas pelo The Wall Street Journal e pelo San Antonio Express-News, o MD-11F esteve em San Antonio (Texas) entre 3 de setembro e 18 de outubro de 2025, onde técnicos identificaram trincas em um tanque de combustível.

De acordo com as publicações, a documentação indica que a UPS realizou um reparo permanente antes de liberar a aeronave de volta à operação. No entanto, até o momento, a NTSB não confirmou oficialmente se esse serviço tem relação direta com o acidente ocorrido em Louisville.
Por essa razão, a informação é tratada como preliminar e ainda depende da conclusão das investigações.

Produzido entre 1990 e 2000, o McDonnell Douglas MD-11 foi o último grande trijato comercial fabricado. Ele surgiu numa época em que os bimotores ainda não garantiam total confiabilidade em voos oceânicos. O modelo destacou-se pelo alcance intercontinental e pela alta capacidade de carga útil.

Com o avanço da tecnologia, os bimotores superaram o MD-11 em economia e eficiência. Mesmo assim, sua estrutura reforçada e capacidade de transportar grandes volumes mantêm o modelo relevante no transporte de carga.

Atualmente, a UPS Airlines mantém cerca de 25 unidades ativas e outras seis armazenadas. Já a FedEx Express possui 38 aviões em operação e 34 estocados. Companhias menores, como a Western Global Airlines, também utilizam o MD-11 em rotas intercontinentais.

Manter aeronaves mais antigas é uma estratégia econômica e técnica. O investimento já foi amortizado, e os custos de manutenção, embora elevados, continuam inferiores ao preço de um cargueiro novo, como o Boeing 777F. Além disso, o ritmo de operação mais leve e a política de revisões periódicas permitem que o MD-11 permaneça eficiente.

Segundo especialistas, a vida operacional do cargueiro da UPS pode ultrapassar quatro décadas. Esse desempenho depende, porém, do cumprimento rigoroso dos limites estruturais e das revisões periódicas de fuselagem, motores e sistemas hidráulicos.

O acidente de Louisville reacende a discussão sobre a longevidade da frota cargueira mundial. A idade, isoladamente, não define o risco operacional. No entanto, exige atenção redobrada em programas de inspeção, controle de fadiga e disponibilidade de peças.

As autoridades americanas devem revisar procedimentos de fixação estrutural e certificações de manutenção de motores. O objetivo é evitar falhas semelhantes em aeronaves com mais de 30 anos.

A vida operacional do cargueiro da UPS mostra o equilíbrio entre engenharia, custo e segurança. O caso demonstra a capacidade da aviação moderna de manter aeronaves produtivas por décadas — mas também reforça que cada ciclo extra de voo exige vigilância técnica permanente.

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