Voo Simples e o custo-Brasil do simulador de voo
Há alguns anos eu acompanhei toda a negociação de um simulador de ATR aqui no Brasil.
Foi um investimento que passou dos dez milhões de dólares e ainda precisaria de algumas dezenas de milhares desses dólares, mensais, pra se manter funcionando.
Só quem teve a oportunidade de treinar em simulador sabe o quanto esse treinamento é útil.
A gente sai de lá achando que sabe de tudo! Pronto pra tudo
Se vc tem uns dez anos na aviação, ou pouco mais, vai lembrar que “de uma hora pra outra”, quem voasse Tipo e não fizesse treinamento em simulador não revalidaria suas carteiras.
Foi um Deus nos acuda!
Naquela época liguei pra um amigo da ANAC:
– Flemming, a gente avisou que dali a dois anos o simulador seria obrigatório pra ANV Tipo. Lembra? O mercado teve tempo suficiente pra se adequar e colocar simuladores pra aviação geral aqui. Agora vamos cobrar. Só vai voar Tipo quem treinar em simulador.
A ideia era ter no Brasil diversos Centros de Treinamento com diversos simuladores das diversas aeronaves da aviação geral.
A ideia era ótima se não fosse alguns pontos cruciais.
Será que, fora de uma cia aérea, a gente tem clientes em número suficiente que possam garantir o retorno de um investimento assim no Brasil?
Ah! Mas temos outros países da América do Sul!
Quais? Não fiz as contas, mas acho que somando a frota da aviação geral de todos não chega nos números da nossa.
Olha no mapa mundi. Estamos fora de mão. Longe de onde tudo acontece.
Se vc fosse um investidor e resolvesse apostar suas fichas num simulador para a aviação geral no Brasil, vc bancaria esses custos de mais de US 10 milhões pra usar nos 365 dias do ano? Qual aeronave vc escolheria pra “simular”? Algum Learjet? Algum Citation? Algum King Air?
Daquela conversa que tive com o amigo da ANAC o resultado foi expandir o conceito de Classe para várias ANV que sempre foram Tipo por aqui.
O simulador não é nenhum vilão. Muito pelo contrário. É segurança.
Se a gente tem que fazer nossos treinamentos em simulador fora do Brasil, isso só significa que o mercado brasileiro não sustenta um investimento desse tamanho por aqui.
Obriga simulador. Desobriga pra quem passou a voar uma ANV Classe que antes era Tipo. Simulador é importante, mas não precisa mais ser anualmente. Sem querer ofender, esse novo prazo foi baseado em que?
O custo-Brasil não chega nem perto do custo gerado pelo ambiente regulatório volátil no Brasil.
Daqui a pouco muda mais uma vez.
E quem investe “assume o risco do negócio”. Seja o investimento em simulador, seja na aeronave.
Imagina se alguém tivesse aproveitado aqueles dois anos pra investir num simulador por aqui.
Voo Simples!
Sim! Claro!
Que esse voo seja sempre simples e que seja muito bem planejado pra gente não ter que mudar nosso destino e alternativas a todo momento.
Bons voos pra gente!
Abraço
Flemming
Coletivo prá cima. Cíclico á frente!
Piloto de Helicóptero Ruy Flemming, Coronel Aviador da Reserva da Força Aérea Brasileira.
Formou-se na Academia da Força Aérea Brasileira – AFA
Piloto do 1º Esquadrão de Instrução Aérea da AFA – 1º EIA, das Aeronaves T-25 e T-27 Tucano, formando centenas de Pilotos Militares na Academia
Piloto de Helicóptero Bell UH-1H do 2º/10º Gav – Busca e Salvamento – SAR –
Piloto da Esquadrilha da Fumaça entre os anos de 1992 e 1995 como #3 Ala Esquerda e #7 Isolado
Piloto de Helicótpero Agusta 109
Ex-Diretor da ABRAPHE – Associação de Brasileira de Pilotos de Helicópteros –
Autorizou transcrever seus artigos, causos, dicas e curiosidades aeronáutica de asa fixa ou rotativa. Para acompanhar o Aviador Ruy Flemming nas redes sociais, acesse o link a seguir RUY FLEMMING NO AR
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