Avião da FAB transportou autoridades para o Vaticano, porém surgiram passageiros não listados oficialmente, levantando dúvidas sobre a transparência governamental
Aviões da FAB em Viagem oficial reacende polêmica
Mais uma vez, o uso de aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) provoca polêmica. Na última semana de abril de 2025, um avião oficial partiu de Brasília com destino direto a Roma, transportando autoridades do governo federal para o funeral do Papa Francisco.

Contudo, apesar da solenidade do evento, a viagem reacendeu debates sobre a transparência na utilização de aviões públicos. A lista oficial de passageiros divulgada pelo Palácio do Planalto apresentou omissões que não passaram despercebidas.
Avião decolou com lista oficial de 20 nomes, mas desembarque teve surpresas
De acordo com informações divulgadas por diversos veículos de imprensa, a relação de passageiros apresentada à imprensa estava incompleta. Embora o governo tenha listado 20 pessoas, surgiram relatos de que outras, não mencionadas oficialmente, também estavam a bordo.
Entre os nomes omitidos estava Rita Nolasco, namorada do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, que acompanhou o ministro na viagem ao Vaticano.
Aliás, na lista oficial constavam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a primeira-dama Janja, quatro ministros de Estado, o próprio presidente do STF, quatro senadores, oito deputados e o assessor especial Celso Amorim.
Conheça o KC-30 da FAB: o avião usado na viagem para o Vaticano
O transporte da comitiva foi realizado a bordo de um Airbus A330-200, designado pela Força Aérea Brasileira como KC-30. A aeronave pertence ao Segundo Esquadrão do Segundo Grupo de Transporte (2º/2º GT), conhecido como Esquadrão Corsário, sediado oficialmente na Base Aérea do Galeão (BAGL), no Rio de Janeiro.
O KC-30 é o maior avião da frota da FAB, com capacidade para transportar aproximadamente 250 passageiros em sua configuração de transporte de tropa. Além disso, a aeronave será futuramente adaptada para missões de reabastecimento em voo, ampliando sua versatilidade estratégica.
A distância entre Brasília e Roma é de cerca de 8.900 quilômetros em linha reta. Normalmente, um voo direto nessa rota leva entre 10 e 11 horas, dependendo das condições meteorológicas e das autorizações de tráfego aéreo.
Em termos de consumo, o A330-200 utilizado pela FAB apresenta uma média entre 5,2 e 5,6 toneladas de combustível por hora de voo, conforme o peso de decolagem, altitude e regime de cruzeiro adotados. Com base nesse padrão de operação, estima-se que a missão Brasília–Roma tenha demandado aproximadamente 55 toneladas de combustível, podendo variar de acordo com o clima e a configuração da aeronave.
Ainda que o KC-30 tenha sido incorporado para missões de alta prioridade nacional, seu uso para transporte de comitivas reforça a necessidade de transparência e responsabilidade no emprego dos recursos públicos.
Uso recorrente de aviões da FAB para fins não totalmente oficiais
Não é a primeira vez que surgem questionamentos sobre o uso dos aviões da FAB para atividades que ultrapassam o interesse público. Conforme o AeroJota já noticiou anteriormente, a prática de utilizar aeronaves militares para transporte pessoal de lazer sob a alegação de “empréstimo”, tem se tornado mais comum.
Ademais, a omissão de informações sobre quem ocupa os assentos geram dúvidas legítimas sobre o real propósito das viagens e o respeito ao uso dos recursos públicos.
Falta de transparência agrava a desconfiança na gestão pública
A prática de não divulgar todos os passageiros em viagens internacionais compromete a transparência exigida de agentes públicos. Embora a participação em eventos globais seja legítima, é dever do governo fornecer informações claras à sociedade.
Além disso, a falta de clareza nas listas de passageiros prejudica a confiança nas instituições e na gestão dos bens públicos, aumentando o descrédito popular. Se não estava na lista de passageiros, entende-se que não poderia estar fazendo essa viagem internacional.
Finalizando: transparência no uso de aviões da FAB tem que ser inegociável
Portanto, a omissão de dados relevantes em viagens oficiais não apenas gera desconforto, mas reforça a necessidade de fiscalização rigorosa dos atos governamentais. Afinal, o patrimônio público existe para servir à sociedade, e não a interesses particulares.
A informação é essa, a análise é sua.
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