O piloto e o avião
Spitifire: o puro-sangue
Como todos os aviões, ele tinha um odor peculiar, produzido pela mistura dos metais, tecidos, tintas, óleo e combustível, que o piloto sempre sentia, ao penetrar em sua cabina de comando.
Entra-se nele pela esquerda- o lado em que os cavaleiros montam em seus cavalos. Primeiro, o piloto sobe na traseira da asa, situada uns 60 cm do solo, entrando na cabina de comando com o pé direito. Abre a capota de plástico toda para trás e baixa-se parte da fuselagem situada ao lado da cadeira do piloto, presa à estrutura por dobradiças. O paraquedas, que o piloto traz pendurado às costas, passa a ser sua almofada, ao sentar-se no pequeno banco dobradiço. Este é colocado em posição um pouco elevada, até que o avião levante voo. Acomodado na cabina, o piloto verifica que ela é mais confortável do que pensava, e que os instrumentos e controles têm uma distribuição sensata e conveniente.
O que o piloto tem que fazer na cabina, antes de ligar o motor Merlin e dar partida, é bem simples: liga o tubo de oxigênio à máscara facial; liga o rádio, que é sintonizado no canal adequado; comprime totalmente os freios; a manete é levada à frente cerca de um terço; bombeia uma ou duas vezes o injetor (primer), para introduzir gasolina no motor, e faz o sinal de polegar para cima para o mecânico, que está junto ao grupo gerador externo. Os fios estão ligados ao arranque do avião, o que poupa a bateria do aparelho para uma partida de emergência que possa a vir ser necessária.
Uma vez ligado o motor, repõe a manete em marcha lenta (idling position); os calços das rodas são retirados e, acelerando um pouco, o piloto inicia o táxi e leva o ‘Spitifire’ para a posição de decolagem. Durante a guerra, os pilotos usavam um método que lhes possibilitava aplicar com segurança a série de cheques (verificações) que tinham de realizar para decolar, usando as letras: ‘BTFCPPUR’- Brakes, trims, flaps, contacts, petrol, pressures, undercarriage e radiator (freios, compensadores, flapes, magnetos, gasolina, pressões, trem de pouso e radiador). Depois de alguma prática, as verificações e os ajustes são feitos quase que automaticamente.
Reginald Mitchell projetou o ‘Spitifire’ para ser superior a qualquer caça da época, mas também cuidou para que se pudesse pilotá-lo com segurança.
* Wing Leader, J. E. Johnson (Chato and Windus, Londres)
Leia o avião; pilote o Manual!
Fique vivo; voe padrão comandante!
Boa viagem!
Avião não admite erro.
Nunca deixe que um avião leve você para um local onde sua mente não tenha chegado sete minutos antes.
Coluna do Aviador José Passarelli
Engenheiro Cívil
Professor Universitário
Instrutor de Navegação Aérea
Teoria de VooAerodinâmica em Voo em Escolas de Aviação Civil
Escreve voluntariamente para o site AeroJota.
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