O Piloto e o Avião
![](http://aerojota.com.br/wp-content/uploads/2023/11/30-22.jpg)
O piloto e o avião
Spitifire: o puro-sangue
Como todos os aviões, ele tinha um odor peculiar, produzido pela mistura dos metais, tecidos, tintas, óleo e combustível, que o piloto sempre sentia, ao penetrar em sua cabina de comando.
Entra-se nele pela esquerda- o lado em que os cavaleiros montam em seus cavalos. Primeiro, o piloto sobe na traseira da asa, situada uns 60 cm do solo, entrando na cabina de comando com o pé direito. Abre a capota de plástico toda para trás e baixa-se parte da fuselagem situada ao lado da cadeira do piloto, presa à estrutura por dobradiças. O paraquedas, que o piloto traz pendurado às costas, passa a ser sua almofada, ao sentar-se no pequeno banco dobradiço. Este é colocado em posição um pouco elevada, até que o avião levante voo. Acomodado na cabina, o piloto verifica que ela é mais confortável do que pensava, e que os instrumentos e controles têm uma distribuição sensata e conveniente.
![](http://aerojota.com.br/wp-content/uploads/2023/11/30-23.jpg)
O que o piloto tem que fazer na cabina, antes de ligar o motor Merlin e dar partida, é bem simples: liga o tubo de oxigênio à máscara facial; liga o rádio, que é sintonizado no canal adequado; comprime totalmente os freios; a manete é levada à frente cerca de um terço; bombeia uma ou duas vezes o injetor (primer), para introduzir gasolina no motor, e faz o sinal de polegar para cima para o mecânico, que está junto ao grupo gerador externo. Os fios estão ligados ao arranque do avião, o que poupa a bateria do aparelho para uma partida de emergência que possa a vir ser necessária.
Uma vez ligado o motor, repõe a manete em marcha lenta (idling position); os calços das rodas são retirados e, acelerando um pouco, o piloto inicia o táxi e leva o ‘Spitifire’ para a posição de decolagem. Durante a guerra, os pilotos usavam um método que lhes possibilitava aplicar com segurança a série de cheques (verificações) que tinham de realizar para decolar, usando as letras: ‘BTFCPPUR’- Brakes, trims, flaps, contacts, petrol, pressures, undercarriage e radiator (freios, compensadores, flapes, magnetos, gasolina, pressões, trem de pouso e radiador). Depois de alguma prática, as verificações e os ajustes são feitos quase que automaticamente.
Reginald Mitchell projetou o ‘Spitifire’ para ser superior a qualquer caça da época, mas também cuidou para que se pudesse pilotá-lo com segurança.
* Wing Leader, J. E. Johnson (Chato and Windus, Londres)
Leia o avião; pilote o Manual!
Fique vivo; voe padrão comandante!
Boa viagem!
Avião não admite erro.
Nunca deixe que um avião leve você para um local onde sua mente não tenha chegado sete minutos antes.
![](http://aerojota.com.br/wp-content/uploads/2023/11/32-121.jpg)
Coluna do Aviador José Passarelli
Engenheiro Cívil
Professor Universitário
Instrutor de Navegação Aérea
Teoria de VooAerodinâmica em Voo em Escolas de Aviação Civil
Escreve voluntariamente para o site AeroJota.