Os desafios da Força Aérea Brasileira em manter sua frota ativa e moderna.
A trajetória da Força Aérea Brasileira entre glórias e incertezas
Entre os anos 1970 e o início dos anos 1990, a Força Aérea Brasileira (FAB) operava com mais de 300 aeronaves de combate, além de uma frota robusta de transporte e helicópteros. Essa estrutura ampla refletia uma estratégia nacional de presença e dissuasão, com aeronaves modernas que posicionavam o Brasil como uma das potências aéreas da América Latina.

No entanto, é importante lembrar que naquela época o critério predominante era a quantidade — o que atendia ao cenário da Guerra Fria e à doutrina militar vigente. Atualmente, com a evolução tecnológica e a profissionalização dos meios, a ênfase recai mais sobre a qualidade, a interoperabilidade e a eficiência operacional. A comparação numérica, portanto, ajuda a entender o passado, mas não deve obscurecer os avanços estruturais que a FAB busca consolidar nos tempos atuais. Com uma frota diversificada e crescente, a instituição ampliou sua presença estratégica e sua capacidade de resposta em todo o território nacional. A incorporação de aeronaves modernas para combate, transporte e treinamento representou um marco no fortalecimento da defesa aérea do país.
Caças e Aeronaves de Ataque
Inicialmente, em 1970, a FAB adquiriu 16 aviões caças Mirage III, designados como F-103, da fabricante francesa Dassault. Mais tarde, a FAB incorporou outras 16 unidades usadas, elevando para 32 o total de aeronaves. Elas sustentaram, por décadas, a espinha dorsal da defesa aérea nacional.
Em 1975, chegaram os primeiros Northrop F-5E Tiger II, de uma aquisição inicial de 42 unidades novas. Em 1988, mais 26 F-5 usados da USAF foram comprados, e em 2009, 11 F-5 adicionais foram adquiridos da Força Aérea da Jordânia, totalizando 79 aeronaves
Entre 1971 e 1981, a Embraer, em parceria com a italiana Aermacchi, produziu e entregou à FAB 166 aviões AT-26 Xavante. A FAB empregou essas aeronaves principalmente no treinamento avançado de pilotos e também em missões reconhecimento e ataque leve ao solo.
Aeronaves de Transporte
A FAB operou 29 aeronaves C-130 Hercules, utilizadas em missões de transporte de carga, tropas, apoio ao programa antártico brasileiro, lançamento de paraquedistas, reabastecimento em voo, combate a incêndios e busca e salvamento. A FAB aposentou o Hercules no final de 2023, após 60 anos de operação, e o substituiu pelo Embraer C-390 Millennium.
Em 1973 a Força Aérea Brasileira, começou a receber da Embraer as suas primeiras aeronaves de transporte EMB 110 C-95 Bandeirante de um total de 253 aviões encomendadas em diversas versões e lotes de entrega. A partir de 1988, a FAB iniciou a desativação dos EMB-110 C-95, priorizando as 13 unidades mais antigas.
O Brasil operou 24 unidades do C-115 Buffalo, fabricado pela canadense De Havilland. Essa foi uma das maiores frotas do modelo fora do Canadá. A FAB utilizou essas aeronaves de 1968 a 2007, especialmente em missões logísticas na região amazônica.
Helicópteros
A FAB empregou 68 helicópteros do modelo Bell UH-1H Iroquois, conhecido também como “Huey”, um helicóptero militar utilitário de grande destaque, especialmente pela sua utilização na Guerra do Vietnã. Este helicóptero, desenvolvido pela Bell Helicopter, foi o primeiro com propulsão a turbina a serviço das Forças Armadas dos EUA. Na FAB, ficou conhecido como H-Zão até ser substituído por outros modelos.
O AMX A-1 na Força Aérea Brasileira
Desenvolvido em parceria entre Brasil e Itália durante os anos 1980, o AMX A-1, conhecido na FAB apenas como A-1, foi uma das principais apostas da aviação de ataque brasileira. Projetado para missões de ataque ao solo e reconhecimento, o modelo oferecia capacidade de operação a baixa altitude, precisão em bombardeios e elevada autonomia. Atualmente, das 55 aeronaves originalmente recebidas, restam apenas 6 unidades em operação, com previsão de retirada definitiva do serviço ativo até o final de 2025.
Programas Atuais e Desafios Futuros
Atualmente, a Força Aérea Brasileira (FAB) trabalha na modernização de sua frota, incorporando novas aeronaves e helicópteros para substituir modelos antigos e aprimorar sua capacidade operacional. Esse processo, contudo, enfrenta desafios significativos devido às restrições orçamentárias que afetam tanto o ritmo das entregas quanto a quantidade de unidades adquiridas.
Caças F-39 Gripen
Em 2014, a FAB firmou um contrato com a Saab para adquirir 36 caças F-39 Gripen, incluindo 28 na versão monoplaces (F-39E) e 8 bip laces (F-39F). Até o momento, nove unidades foram entregues. A expectativa é concluir as entregas nos próximos anos, conforme a disponibilidade orçamentária.
Aeronaves de Transporte KC-390 Millennium
Inicialmente, a FAB encomendou 28 aeronaves KC-390 Millennium da Embraer. No entanto, em 2021, devido a cortes no orçamento, esse número foi reduzido para 22 unidades, com entregas previstas até 2034. Até setembro de 2024, a FAB já recebeu sete aeronaves, que estão em operação nas missões de transporte estratégico.
Helicópteros H-60L Black Hawk
A FAB opera atualmente 16 helicópteros H-60L Black Hawk, utilizados em missões de transporte, busca e salvamento, e apoio a operações especiais. Além disso, essas aeronaves desempenham papel crucial em diversas operações, inclusive em resgates realizados em áreas de difícil acesso.
Helicópteros H-36 Caracal
No âmbito do projeto H-XBR, a FAB recebeu 13 helicópteros H-36 Caracal, com a expectativa de receber mais duas unidades até 2025, totalizando 15 aeronaves. A FAB utiliza esses helicópteros em missões de busca e salvamento, transporte de tropas e também em operações especiais.
Aquisição dos Airbus A330-200 (KC-30)
Em abril de 2022, a Força Aérea Brasileira (FAB) adquiriu duas aeronaves Airbus A330-200 da empresa Azul Linhas Aéreas, designadas como KC-30 na FAB. Essas aeronaves transportam até 250 passageiros e serão futuramente convertidas para o padrão MRTT (Multi Role Tanker Transport), ampliando suas capacidades para reabastecimento em voo, transporte estratégico e evacuação aeromédica.
Finalizando
Portanto, o período de 1970 a 1990 representou um dos momentos mais expressivos da Força Aérea Brasileira, com uma frota numerosa e diversificada. No entanto, com o passar das décadas, o cenário mudou: restrições orçamentárias, defasagem tecnológica e redução de investimentos impactaram diretamente a capacidade de renovação da frota. Por outro lado, a FAB busca manter sua relevância com novos projetos como o Gripen e o KC-390.
No campo humano, a Força Aérea também enfrentou perdas significativas, tanto em sua estrutura operacional quanto em sua imagem institucional. Apesar das inúmeras ações humanitárias promovidas no Brasil e no exterior, a percepção pública foi afetada pela divulgação de baixas envolvendo pilotos, médicos, engenheiros e outros profissionais de atuação essencial. Esses episódios contribuíram para um desgaste de credibilidade junto à opinião pública e às estruturas políticas.
Esse processo de desativação gradual das aeronaves mais antigas reforça os efeitos dos cortes orçamentários e da urgência em modernizar a frota. Ainda assim, a Força Aérea continua a evoluir, investindo em novas tecnologias para manter sua capacidade operacional e atender às demandas do presente e do futuro.
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