“Pensar nos aproxima”
‘O comandante e o cão’
Todo homem tem um destino e os animais seguem esse rito também.
Em 197…meu pai era coronel médico clínico geral Diretor do Hospital Geral Militar de Campo Grande-MT-HGMCG , morávamos na casa de esquina em frente ao hospital na Vila Militar no Bairro Amambaí.
Certo dia bem cedo apareceu um cachorro amarelo vira-lata, de uns seis meses no máximo, de médio porte, certamente abandonado, que resolveu ficar deitado na calçada de minha casa, simplesmente deitou e ali permaneceu. Subi no ônibus escolar do exército que transportava os filhos de militares para os colégios por volta das 6 horas. Quando retornei ao meio dia, notei que o animal continuava no mesmo lugar em que chegou pela manhã, deitado, triste por algum motivo desconhecido. Conversei com meu pai, ele disse: – Ele deve estar cansado, veio de longe, coloque água e dê algo para ele comer, mas não deixe entrar, sua mãe não vai gostar. Fiz o que ele mandou, após beber água e se alimentar, o cachorrinho já estava mais alegre e mostrou seu primeiro abano de rabo de satisfação.
Dormiu ali fora na calçada e no outro dia cedo seguiu meu pai que ia a pé para o quartel, pois era só atravessar a avenida Duque de Caxias. Entrou nas dependências da guarnição militar e meu pai ordenou que um soldado trouxesse o cachorro de volta e o colocasse na calçada onde ele ficava.
Ao chegar do Colégio Salesiano Bosco, fui observar o animal de perto e verifiquei que ele tinha um olho verde e outro azul, confesso que fiquei interessado pelo vira-lata, nunca tinha visto algo semelhante, será que era vira-lata mesmo? Os dias passavam e ele continuava seguindo meu pai para o quartel todos os dias até que o velho enjoou de mandar alguém trazê-lo de volta.
Logo os soldados colocaram o nome de Capitão e ele passou a frequentar o hospital permanecendo na guarita com os soldados da guarda de comando. Meu pai era durão, não me dava moleza, mas o Capitão amoleceu o coração dele, médico humanitário, passou a morar em minha casa, eu o tratava como irmão. Todos os dias cedo antes de meu pai sair para o quartel, o Capitão dez minutos antes, já estava no rancho do hospital onde a irmã chefe já tinha preparado seu café da manhã com torradas e biscoitos. Todo mundo no Hospital Militar conhecia e respeitava o Capitão, ele xeretava na ambulância, na capela, na oficina, no pavilhão onde ficavam os enfermos, nas salas de espera de médicos e dentistas, nas celas, na enfermaria, no necrotério e no final do expediente vinha no jipe do comando, o soldado motorista e meu pai na frente e o ele no banco de trás. Quando havia festividade militar no hospital, ele desfilava junto com os militares e era muito aplaudido por todos. Muitos soldados antes da baixa, tiravam fotografias com o Capitão como uma lembrança da caserna.
Todos os dias bem cedo, o cãozinho acordava e partia para o quartel, quando ele passava na guarita de comando, os soldados, sargento e oficial de dia já sabiam que no máximo em dez minutos o coronel estaria chegando e a guarda seria montada e a bandeira de comando seria hasteada, era tiro e queda. Quando papai chegava no hospital o Capitão já tinha feito seu desjejum no rancho com a irmã e já estava embaixo da mesa do comandante, ou seja, meu pai. Ficava deitado nos pés do coronel o dia todo, um verdadeiro ordenança.
Foi companheiro de todos nós por doze anos, um verdadeiro soldado, morreu de velho e os militares pediram para meu pai deixar enterrar o Capitão dentro do Hospital Militar em um terreno isolado no canto do muro atrás da capela, bem no fundo. E assim foi feito, o soldado corneteiro do Hospital Militar junto com a guarda formada em posição de sentido e com continência tocou a música silêncio e um dos soldados colocou sobre o túmulo do Capitão um capacete com a cruz vermelha da saúde, unidade militar. Os animais não falam, mas sofrem e amam como nós… A tristeza dos soldados, garotos de apenas 18 anos que com ele brincavam era imensa no enterro do amigo. Naquele canto jaz um dos melhores companheiros que tive na vida e que encantou doentes, militares, civis e até o general de Exército Leônidas Pires Gonçalves, que foi ministro do Exército no governo FHC e que serviu em Campo Grande, foi muito amigo de meu pai. Até esse famoso general acariciou o Capitão.Tive provas de que mais vale um cachorro amigo do que um amigo cachorro. Descanse em paz Capitão…
Coluna de JPassarelli
Cmte. José Passarelli
Engenheiro Cívil
Professor Universitário
Instrutor de Navegação Aérea
Teoria de Voo
Aerodinâmica em Voo em Escolas de Aviação Civil
Escreve voluntariamente para o site AeroJota
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