Segurança dos carros voadores e eVTOLs em debate

Jota

28 de setembro de 2025

A segurança dos eVTOL em centros urbanos e em bairros_Imagem Ilustrativa

Os riscos ocultos da segurança dos carros voadores e eVTOLs nas cidades brasileiras

A segurança dos carros voadores e eVTOLs em debate no Brasil passou a ser um dos temas centrais na discussão sobre mobilidade aérea urbana. Nos últimos anos, fabricantes internacionais como Joby Aviation, Lilium e Volocopter avançaram em seus protótipos, enquanto a Eve, subsidiária da Embraer, promete colocar o Brasil na vanguarda desse mercado. Os anúncios destacam benefícios como menor ruído, rapidez e operação mais barata em comparação a helicópteros convencionais. Porém, quando o assunto é segurança, surgem dúvidas que ainda não foram respondidas de forma clara por reguladores e empresas.

A segurança dos eVTOL em centros urbanos e em bairros_Imagem Ilustrativa
A segurança dos eVTOL em centros urbanos e em bairros_Imagem Ilustrativa

Altitudes baixas e riscos na operação urbana

Os projetos de eVTOL indicam que esses veículos devem voar entre 150 e 500 metros de altitude, abaixo das rotas convencionais de helicópteros. Essa faixa de voo pode parecer conveniente para separar os novos equipamentos da aviação tradicional, mas aumenta a exposição a riscos específicos. Turbulências geradas por prédios, correntes de vento imprevisíveis e até obstáculos urbanos, como guindastes e antenas, tornam o ambiente mais hostil. Outro perigo recorrente nas grandes cidades brasileiras é a linha de pipa com cerol, que já representa risco para motociclistas e pode ser fatal para aeronaves de pequeno porte em baixa altitude.

Mais um ponto de preocupação é o contato com aves. Estudos de impacto ambiental em São Paulo mostram a presença constante de urubus, maritacas e pombos em grandes áreas urbanas. Acidentes envolvendo aves já foram responsáveis por danos sérios em aviões comerciais, mesmo em altitudes maiores. Em aeronaves menores e mais leves como os eVTOLs, as consequências de uma colisão podem ser ainda mais críticas.

Modelos como o Joby S4 prometem velocidade de até 320 km/h e autonomia de 240 quilômetros. O projeto Eve-100, da Embraer, tem previsão de cruzeiro em 200 km/h com alcance próximo de 100 quilômetros. Esses números são impressionantes, mas também significam que qualquer falha em baixa altitude exigirá reação imediata para evitar acidentes.

Carros voadores e eVTOLs diante da ausência de pilotos

A automação é outro aspecto central dessa revolução. Enquanto a Eve prevê aeronaves tripuladas inicialmente, empresas como a Volocopter trabalham em projetos totalmente autônomos. Isso levanta um debate inevitável: em situações imprevistas, a ausência de um piloto a bordo pode comprometer a tomada de decisão.

Na aviação tradicional, o julgamento humano em cenários de risco já foi determinante para evitar tragédias. Em aeronaves autônomas, a responsabilidade ficará com sistemas de detecção e evasão baseados em sensores, câmeras e radares, ou com operadores remotos em centros de controle. Uma falha de comunicação, perda de sinal ou atraso na resposta pode reduzir a margem de segurança a níveis preocupantes.

Autonomia limitada e ausência de pilotos a bordo

Outro desafio está na gestão de emergências. Em caso de mau tempo ou problemas técnicos, onde essas aeronaves pousarão? Diferente dos aviões, que contam com aeroportos alternativos, e dos helicópteros, que dispõem de centenas de helipontos homologados no Brasil, os eVTOLs dependem de uma infraestrutura ainda inexistente. Os chamados vertiportos estão em fase de projeto, mas não há clareza sobre sua distribuição, capacidade ou redundância em grandes centros urbanos.

Esse ponto é relevante em cidades como São Paulo, onde a logística aérea já enfrenta limitações de espaço. Se o destino estiver indisponível, restará pouco tempo e poucas opções para desviar a aeronave, o que pode gerar riscos adicionais para passageiros e para quem está em solo.

Segurança dos carros voadores e eVTOLs e a percepção pública

A aceitação social também será determinante. Embora mais silenciosos que helicópteros, os eVTOLs produzem um som característico, descrito como um “zumbido de abelhas”. A promessa de menor poluição sonora pode não se confirmar caso centenas de aeronaves passem a operar em simultâneo sobre áreas residenciais.

Além disso, a percepção de risco é um fator difícil de medir. Muitos passageiros podem resistir a embarcar em aeronaves pequenas, com capacidade para quatro pessoas e pouco espaço para bagagens. O transporte de malas em viagens rumo a aeroportos internacionais é um ponto que ainda não foi explicado pelos fabricantes. A experiência recente com a moto voadora Volonaut Airbike, reforça esse debate: apesar da inovação tecnológica, o veículo foi criticado por ter autonomia de apenas 10 minutos e exigir alto investimento em equipamentos de proteção para o piloto.

Aceitação pública e impacto do ruído

No campo regulatório, os desafios são ainda maiores. Nos Estados Unidos, a FAA já publicou regras específicas para aeronaves classificadas como “powered-lift”, categoria que inclui os eVTOLs. Essas regras estabelecem padrões mínimos de certificação, manutenção e treinamento. Na Europa, a EASA também avança em normas de homologação.

No Brasil, a ANAC e o DECEA acompanham de perto essas discussões, mas ainda não apresentaram um marco regulatório consolidado para a operação comercial. Questões como altitudes de separação, corredores aéreos urbanos e protocolos de contingência seguem em aberto. Até que essas definições existam, a operação em larga escala permanece distante.

O futuro incerto da segurança dos carros voadores e eVTOLs no Brasil

O discurso em torno da mobilidade aérea urbana ressalta inovação e praticidade, mas a segurança dos carros voadores e eVTOLs no Brasil continua sendo a maior incógnita. Entre riscos de colisão com aves, obstáculos urbanos, ausência de pilotos, infraestrutura limitada e regulamentação ainda em desenvolvimento, existem mais perguntas do que respostas. Para que essa tecnologia se torne realidade, será necessário investimento pesado em sistemas redundantes, certificações rigorosas e construção de confiança junto ao público. Até lá, o futuro permanece incerto.

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