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A Paixão pelo C-47 FAB-2015. (Cmte.José Passarelli)

Avião Militar Douglas C-47 FAB-2015

Em 1995…meu pai Germano Barros de Souza tinha vindo do Rio de Janeiro transferido para servir no 11° RC-Regimento de Cavalaria em Ponta Porã-MT, ele era primeiro-tenente médico clínico geral. Certo dia aterrissou um Douglas C-47 FAB naquela localidade comandado pelo então capitão-aviador Eduardo Gomes. A tripulação do avião militar estava hospedada no quartel. Na hora do almoço no refeitório dos oficiais, meu pai se dirigiu à mesa em que a tripulação da FAB almoçava e falou com Eduardo Gomes: – Bom dia capitão? No que ele respondeu: – Bom dia, sim tenente! O velho disse: – Minha esposa Tarsila está no nono mês de gravidez e aqui em Ponta Porã tem ínfimos recursos, será que o senhor poderia levá-la para Campo Grande-MT no voo que sai amanhã cedo daqui? Fico mais tranquilo com ela lá! Gomes respondeu: – Como não tenente! Decolamos às 7h, ok?. Ali eu começava a ser cuidado com muito carinho pelo C-47 FAB. Chegando em Campo Grande, Eduardo Gomes solicitou que uma ambulância da Base Aérea de CG conduzisse minha mãe até a maternidade onde nasci dois dias depois.Dezenove anos depois eu era aprovado para admissão na AFA-Academia da Força Aérea Brasileira. Fui o único aprovado em Campo Grande, a notícia foi dada pessoalmente pelo comandante da Base Aérea de CG coronel-aviador José Hélio Macedo de Carvalho ao meu pai no HGMCG-Hospital Geral Militar de CG onde meu velho era coronel diretor geral daquela unidade militar, eles eram muito amigos, ambos nordestinos. Coronel Macedo disse ao papai: – Germano? Seu filho foi aprovado na FAB em 16° lugar do Brasil onde concorreram 1700 candidatos, vou fazer uma carta de apresentação para o garoto entregar na AFA e vou levá-lo no C-115 Buffalo FAB para o Rio de Janeiro para os exames médicos!

Chegando no Campo dos Afonsos em Marechal Hermes-RJ, o oficial de dia me mostrou o alojamento onde eu ficaria, escolhi meu beliche e coloquei minha malinha com poucas mudas de roupa e coisas pessoais, mais cheia de esperança. Já era noite, o sargento de dia me deu um saquinho de plástico lacrado com dois ovos cozidos, dois sanduíches de pão com presunto e queijo , um potinho de gelatina e um litro de leite. Foi minha primeira refeição na FAB. No outro dia cedo, após o café da manhã eu estava livre, estava escalado para realizar exames médicos no período vespertino.Aproveitei para passear na pista e vi lá estacionados 5 Douglas C-47, fiquei fascinado! Um deles, o matriculado FAB 2015 era o único que estava aberto e com uma escadinha amarela de acesso. Não tive dúvida, pensei: – Vou deixá-lo preparado para eu vir dormir nele se não fecharem sua porta. Retornei ao alojamento e após o jantar verifiquei a segurança. Um par de soldados da PA-Polícia da Aeronáutica de farda azul circulavam por ali. Driblei-os e fui para o avião que me esperava. Eram 20h, o céu estava nublado, entrei, fechei a porta e caminhei num corredor inclinado para cima até atingir a cabine. Sentei na poltrona do piloto, conferi todos os instrumentos, não dava para enxergar nada à frente por causa da inclinação do bico em relação ao solo, passei para o lado do copiloto, mexi nos botões, puxei e empurrei o manche, pisei nos pedais pesados, verifiquei os botões de teto. Eu era o comandante daquela máquina da Segunda Guerra Mundial, naquele momento ela era toda minha.De repente ouvi raios e logo caiu uma chuva fortíssima.

Depois de fuçar em tudo, resolvi colocar algumas almofadas no piso inclinado e deitar. Dormi sentindo aquele cheiro de óleo com gasolina de avião penetrando em minhas narinas. Acordei às 5h30min, despedi do 2015 com um abraço no painel e um beijo no manche esquerdo e fui para o alojamento. Nunca ninguém soube disso, ficou um pacto de amor meu e do 2015 FAB para o resto de nossas vidas.Poucos tiveram o privilégio que tive de passar à noite protegido da chuva e das intempéries da natureza, por um avião que levou os aliados a vitória contra Hitler em 1945.

Entrei na FAB pelo amor que tinha e ainda tenho pelo eterno Douglas C-47.

PS1: O capitão-aviador Eduardo Gomes chegou ao posto de brigadeiro do ar e é o Patrono do CAN- Correio Aéreo Nacional-FAB. Foi candidato à presidência da República do Brasil.

PS2: O coronel-aviador José Hélio Macedo de Carvalho faleceu no comando do C-115 Buffalo que se acidentou em Ponta Porã-MT na década de 70 e seu copiloto também falecido era meu amigo de Círculo Militar, domingueiras e futebol de salão primeiro tenente-aviador Wagner.

PS3: Hoje, o Douglas C-47 matriculado FAB-2015 jaz abandonado no Campo dos Afonsos-RJ, é uma dor imensa em meu coração, pena eu não poder trazê-lo para casa e acariciá-lo todos os dias!

Coluna de JPassarelli  

Cmdte. José Passarelli

Engenheiro Cívil
Professor Universitário
Instrutor de Navegação Aérea
Teoria de Voo
Aerodinâmica em Voo em Escolas  de Aviação Civil
Escreve voluntariamente para o site AeroJota 

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