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Comandos travados após a decolagem / Aviador José Passarelli

O medo comanda a vida

O medo comanda a vida.

Comandos travados após a decolagem.

Vou relatar agora, uma decolagem em Forte Coimbra-MS na último sábado às 6 horas da manhã, o dia ainda não estava totalmente claro: o avião era um Cessna 310-EUA bimotor, estava estacionado e com os calços na parte da frente e de trás da roda dianteira. Fiz a inspeção externa e tirei apenas o calço da frente. Dei partida nos motores e iniciei o táxi para a cabeceira do Rio Paraguai 024 no azimute magnético, checando os comandos. Todos os comandos estavam livres e correspondentes, ponteiros no verde, apliquei então um dente de flape. Checklist completo antes da decolagem, levei o comando de aceleração para o esbarro, todo a frente, o motor roncava alto e o eco era imenso devido aos morros, atingindo 90 nós trouxe para o peito o manche com parcimônia, e o avião abandonou o solo de Forte Coimbra tomando a proa de 17° rumo a Corumbá-MS.

A decolagem foi normal até o comando de trem de pouso ser acionado para seu recolhimento, quando de repente escutei um barulho estranho e o avião começou a cabrar (subir) contra todo meu esforço para baixar o nariz: manche à frente e compensador todo picado (descer)- sem resultado algum! O avião continuava subindo e aumentando a inclinação em relação ao horizonte. Naquele momento pensei em baixar o trem de pouso para tentar estabilizá-lo. Quando comandei trem em baixo, o avião começou a picar (descer) violentamente em direção às grandes árvores que existiam junto à pista e próximas aos morrotes, pois o compensador estava todo picado (p/ baixo). Pensei: – Será que estou fazendo meu último voo…?

Consegui com muita dificuldade voar rente às árvores e após compensar o profundor, notei que os comandos estavam normais. Prossegui então para o pouso normal na mesma cabeceira, apenas efetuando o giro de 180°, com pouca inclinação e com atitude mínima no ângulo de ataque. No solo, verifiquei que o calço esquecido atrás da roda dianteira tinha descolado o pequeno pára-lama para o lado direito. Com o respectivo recolhimento do trem, o pára-lama forçou o contra-peso do manche existente no nariz, no sentido de cabrar (subir) ocasionando todo o incidente linhas acima. Retirei o pára-lama e prossegui viagem para Corumbá-MS sem problemas.

Se não coloco o trem em baixo, mesmo sem saber o que ocorria, certamente não estaria contando hoje esta minha experiência. Espero que sirva de aprendizado aos meus colegas, pilotos do fantástico Cessa 310-USA.

Como dizia o Brigadeiro Eduardo Gomes,’em aviação só o perfeito é correto’!

Eu estava com a cabeça boa naquela manhã…!

Tive medo; não pânico…!

Medo salva….! Pânico mata…!

Leia o avião; pilote o Manual!

Fique vivo; voe padrão cmte!

Avião não admite erro.

Nunca deixe que um avião leve você para um local onde sua mente não tenha chegado sete minutos antes.

Aviador José Passarelli

Engenheiro Cívil
Professor Universitário
Instrutor de Navegação Aérea
Teoria de VooAerodinâmica em Voo em Escolas de Aviação Civil

Escreve voluntariamente para o site AeroJota.

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