O fechamento de aeroclubes históricos por concessionárias e Infraero coloca em risco a formação de pilotos e as tradições da aviação civil no Brasil.
O fechamento dos aeroclubes no Brasil e os impactos para a aviação
Nos últimos anos, um fenômeno preocupante ganhou força no Brasil: o crescente fechamento de aeroclubes. Esse movimento se intensificou, sobretudo, após a concessão de aeroportos regionais a empresas privadas e à própria Infraero. Aeroclubes históricos, com décadas de contribuição à aviação civil, passaram a ser tratados como obstáculos por essas novas administrações.
Embora muitos desses aeroclubes estejam amparados por leis e contratos antigos, eles vêm enfrentando uma pressão crescente para desocupar áreas onde sempre estiveram. De repente, tornaram-se vilões de uma história que ajudaram a construir.

Aeroclubes sob ataque
Vários casos recentes ilustram essa situação. O Aeroclube de Guaratinguetá, por exemplo, está fechado, Aeroclube do Estado de Minas Gerais, também fechado. Já o tradicional Aeroclube de São Paulo, localizado no Campo de Marte, está parcialmente fechado após disputa com a Infraero. Além disso, houve tentativas de despejo dos aeroclubes de Sorocaba, Pirassununga, Marília e, mais recentemente, Canela.
Esses aeroclubes não apenas formaram gerações de pilotos, como também desempenham papel essencial na difusão da cultura aeronáutica, além de promoverem eventos e festivais abertos ao público.
Alguns Aeroclubes afetados
Diversos aeroclubes importantes enfrentam o risco do encerramento ou já tiveram suas atividades paralisadas. Fundado em 15 de julho de 1940, o Aeroclube de Guaratinguetá foi fechado definitivamente. Já o Aeroclube do Estado de Minas Gerais, criado em 15 de novembro de 1936, também encerrou suas operações.
Em São Paulo, o Aeroclube de São Paulo, fundado em 08 de junho de 1931, funciona parcialmente após disputas com a Infraero. Enquanto isso, O Aeroclube de Sorocaba, fundado em 05 de maio de 1942, e o Aeroclube de Marília, fundado em18 de abril de 1938, lidam com tentativas de despejo, assim como o Aeroclube de Canela, no Rio Grande do Sul, fundado em 25 de março de 1950. Sem falar no Aeroclube de Mossoró, no Rio Grande do Norte, fundado em 15 de outubro de 1940.
Por isso, o fechamento de aeroclubes se torna um alerta grave para o futuro da aviação civil no Brasil. Essas situações ilustram uma ameaça não apenas a formação de pilotos, mas também o legado cultural da aviação brasileira.
A ameaça ao futuro da formação de pilotos
Caso essa tendência continue, o Brasil poderá sofrer com uma escassez de novos pilotos. Afinal, são justamente os aeroclubes que atuam como porta de entrada para a maioria dos profissionais da aviação civil.
Além disso, a diminuição no número de escolas de voo afetará diretamente as atividades culturais e comemorativas da aviação. Com menos aeroclubes em funcionamento, eventos como shows aéreos e apresentações da Esquadrilha da Fumaça arriscam se tornarem mais raros.
Projeto de Lei tenta impedir mais fechamentos
Diante de tantos ataques, o Projeto de Lei n.º 673/2021 surge como uma tentativa de preservar o papel dos aeroclubes. Ele propõe condições mais claras e justas para que essas instituições possam continuar operando nos aeroportos. Além disso, o projeto visa reconhecer oficialmente a importância dos aeroclubes na formação de pilotos e na manutenção da cultura aeronáutica nacional.
Embora ainda esteja em tramitação, o projeto representa uma esperança para que o fechamento de aeroclubes não continue ocorrendo de maneira arbitrária, desconsiderando toda a contribuição histórica dessas entidades.
Novo aeroclube na Paraíba: uma exceção que foge a regra
Enquanto diversos aeroclubes históricos vêm sendo fechados ou pressionados a encerrar suas atividades, uma notícia recente trouxe alívio para a aviação civil da região Nordeste. Em novembro de 2024, foi inaugurado o Aeroclube da Paraíba, no município de São Miguel de Taipu, a cerca de 40 quilômetros de João Pessoa.
Esse novo espaço surge como resposta à extinção oficial do antigo aeroclube da capital paraibana, encerrado pela ANAC após anos de paralisação. Embora represente um avanço pontual, o caso de São Miguel de Taipu mostra que, mesmo quando há esforços para reconstruir, o prejuízo histórico e cultural causado pelo fechamento dos aeroclubes originais é quase sempre irreversível.
Ainda assim, o novo aeroclube pretende atuar como polo de formação de pilotos e incentivar o turismo regional. Portanto, ele pode se tornar um modelo de reestruturação que, quem sabe, inspire outras regiões a seguirem o mesmo caminho — mas sempre respeitando os valores históricos das entidades que pavimentaram os céus brasileiros.
Finalizando
Enquanto concessionárias priorizam a rentabilidade imediata, muitas vezes ignoram a importância estratégica e histórica dos aeroclubes. No entanto, é fundamental lembrar que esses espaços são pilares da aviação civil brasileira.
Se nenhuma ação for tomada, o futuro da aviação poderá ser gravemente comprometido. Por isso, é urgente defender os aeroclubes contra esse processo silencioso de desaparecimento.
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