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Voo 447 Rio Paris – Restrição Cognitiva e Modelos Mentais em Voo / Aviador José Passarelli

Em Aviação Pânico mata! Medo Salva!

Quando os investigadores do voo 447 da Air France começaram a analisar as gravações de áudio da cabine de comando, descobriram grandes indícios de que naquela viagem nenhum dos pilotos tinha modelos mentais fortes.


– O que é isso?’, perguntou o copiloto quando soou o primeiro alerta de estol.


– Não temos…hum…uma boa indicação de velocidade? […] Estamos […] estamos em ascensão?’, respondeu o comandante Pierre-Cedric Bonin.


Os pilotos ficaram fazendo perguntas um ao outro revelaram as caixas pretas, enquanto a crise no avião se agravava porque não dispunham de modelos mentais que os ajudassem a processar novas informações que chegavam. Quanto mais dados recebiam, mais confusos ficavam. Isso explica porque Bonin era tão suscetível à ‘restrição cognitiva’. O piloto não havia passado o voo contando histórias a si mesmo, de modo que, quando aconteceu o inesperado, não soube em quais detalhes focar. ‘- Estou com a impressão que estamos indo absurdamente rápido’, disse ele quando o avião começou a perder velocidade e precipitar-se no mar. ‘- O que você acha?’


E então, quando Bonin finalmente se aferrou a um modelo mental: – ‘Estou em TO/GA, certo?’- , não procurou nenhum fato que contrariasse esse modelo. ‘- Estou em ascensão, ok, então estamos descendo’, disse ele, dois minutos antes de o avião cair, aparentemente alheio à contradição do que havia falado. – ‘Ok, estamos em TO/GA’, acrescentou. ‘- Por que continuamos indo direto para baixo?’


– Isto não pode ser verdade’, disse ele, segundos antes de o avião colidir com a água. E, em seguida, suas últimas palavras, que fazem todo o sentido do mundo quando se percebe que Bonin continuava procurando um modelo mental útil enquanto o avião se projetava rumo às ondas.


– Mas o que está acontecendo?’


Evidentemente, o problema não é exclusivo dos aviadores do voo 447.


Começamos com um humano criativo, flexível e habilitado a resolver problemas e um computador de bordo relativamente burro que é eficiente em tarefas mecânicas repetitivas, como monitoramento. E aí deixamos o computador burro pilotar, e os humanos, capazes de escrever romances, conceber teorias científicas e pilotar aviões, ficam plantados diante do computador esperando alguma luz acender. Sempre foi difícil aprender a ter foco.


E agora mais ainda.

Fique vivo, voe padrão comandante!

Leia o avião, pilote o Manual!

Avião não admite erro.

Nunca deixe que um avião leve você para um local onde sua mente não tenha chegado sete minutos antes.

Aviador José Passarelli

Engenheiro Cívil
Professor Universitário
Instrutor de Navegação Aérea
Teoria de VooAerodinâmica em Voo em Escolas de Aviação Civil

Escreve voluntariamente para o site AeroJota.

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